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Este não é um post que gosto de fazer. Muito pelo contrário, busquei evitá-lo ao máximo fazendo contatos privados. Porém, após ter sido exposto publicamente estas minhas tratativas sinto-me na obrigação de esclarecer alguns pontos que deveria ser óbvio para todos que vestem a camisa de um time político. Este assunto é tão surreal que tenho dificuldade de comentar. Infelizmente, para mim e para vocês, terei que interromper o trabalho e falar obviedades que, ao que parece, ainda surpreendem alguns. Sei que muitos acreditam que grupos políticos são estruturas anárquicas e difusas que entram, milagrosamente, em sintonia depois de uma guerra pública de opiniões. Deixem-me contar uma novidade: não são. Isso mesmo, um grupo político precisa de estrutura hierárquica e liderança estabelecida, com diretrizes e valores definidos de forma organizada e programática. É, literalmente, forjado sobre as bases de comando e da personalidade política que o estruturou. Goste-se dele ou não, é inegável que meu pai fundou um movimento político. Ele tem um grupo político e é a liderança desse grupo. Por anos, com base em sua personalidade e visão, projetou eleitoralmente diversos nomes em cargos espalhados pelo país. Pessoas desconhecidas, ou com baixa popularidade, foram elevadas ao status de “celebridades políticas” através dessa conduta dele. A despeito do mérito pessoal de cada um, é um fato incontestável que foi ele o responsável por criar esse imenso movimento político e dar notoriedade a inúmeras pessoas. Dito isso, quando você nos procurou, lá no início da sua jornada, para pedir nosso apoio político, você assumiu um compromisso político. Chame-me de antiquado, mas ainda acredito na ideia de honrar compromissos. Quando você veio até nós pedir apoio, comprometeu-se a reconhecer e respeitar a liderança de quem iria projetar sua carreira política. Se não fosse assim, deveria ter deixado claro e dito: “Vejam bem, quero o apoio de vocês, quero que projetem minha imagem e me tornem conhecido. Contudo, se eu ficar conhecido, não vou dever nada. Reservo-me o direito de me insurgir publicamente contra as escolhas e decisões de vocês.” Tivesse dito isso, seria meio louco, mas honesto - e certamente não teria nosso apoio. O que não dá é para pedir nosso apoio e, em contrapartida, negar apoio e subordinação. Não dá para querer o benefício da liderança, mas recusar o ônus que vem com ela. E veja, não estou pedindo que ninguém viole seus princípios morais. Pelo contrário: honre seus princípios sendo leal e honesto. Se, um dia, você achar que a liderança política à qual pertence não está mais alinhada aos seus valores, fale em público e rompa abertamente. É o que eu faria se estivesse num grupo político que se desviasse dos meus princípios. O que não é aceitável é insurgir-se publicamente contra uma estratégia da liderança do seu grupo, uma decisão que nada tem a ver com valores morais, mas apenas com conveniência e tática política. Dito isso, vou ser direto: as declarações da deputada estadual do PL, Ana Campagnolo, são totalmente inaceitáveis. Na forma, por terem sido feitas em público. No conteúdo, por se insurgirem contra a liderança política que a projetou e, pior, por representarem uma tremenda injustiça, já que ela usa uma régua contra meu irmão que jamais aplicou a si mesma. Relembro que em 2018 a própria Campagnolo enfrentou resistência ao deixar o oeste catarinense e mudar-se para Joinville. Muitos queriam barrar sua candidatura sob o pretexto de que “ela não era dali”. Eu a defendi e não me arrependo. Apostei que era uma boa candidata, coerente, trabalhadora, hoje é autora de um livro importante contra o feminismo radical. O tempo mostrou que eu estava certo: foi eleita em 2018 e reeleita em 2022 como a deputada mais votada do estado. Pois bem: o mesmo princípio que defendi para ela, defendo agora para Carlos Bolsonaro — deixemos o povo catarinense decidir se ele é ou não um bom candidato. (CONTINUA 👇)
Collage of four panels: top left shows a man with short hair smiling outdoors near mountains and trees; top right displays two men standing on a street with buildings and a body of water in background, one holding a blue card with a mans face and text Bolsonaro 2018; bottom left features a man in gray shirt holding a similar blue card with Bolsonaro 2020 text near boats and water; bottom right is a blue-toned map with an orange route line from Morro da Urca to Pao de Acucar.