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"Sempre é uma companhia" De Manuel Fonseca, Resumos de Português (Gramática - Literatura)

Resumo do conto "Sempre é uma companhia" de Manuel Fonseca para estudo no ensino secundário.

Tipologia: Resumos

2024

À venda por 03/09/2024

Clara_7358
Clara_7358 🇵🇹

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Resumos Português
Características do conto
Este termo normalmente aplica-se a uma narrativa breve, pouco circunstanciada,
com uma ação simples e única, que se enraíza no contexto milenar do ser humano.
É geralmente pouco extenso, apresenta um número reduzido de personagens
(habitualmente pouco complexas), e desenvolve um enredo simples com pouca
variedade de acontecimentos e contração de tempo e de espaço.
O título do conto anuncia um novo meio de comunicação que vai mudar a vida
de uma população deprimida, no contexto da II Guerra Mundial;
A intriga é simples e contada de forma linear;
O espaço exterior conflui para representar os sentimentos negativos do
protagonista;
Os homens perdem características humanas e o mundo inanimado
adquire-as;
O conto permite uma reflexão sobre a condição humana, que excede os limites
temporais da ação.
“Sempre é uma companhia” de Manuel Fonseca
Batola, apelido de António Barrasquinho, é o ocioso proprietário de uma venda de
café no Alentejo, entregue a uma vida de monotonia e de solidão, e que tem na sua
mulher o pilar que sustenta o casamento e os negócios. Como tantos outros
casamentos, também aqui não ternura nem carinho, sendo a esposa vítima de
violência nos dias em que o Batola não consegue encarar a humilhação que sente
perante aquela mulher tão determinada. Naquela modorra de sempre, resta a Batola
a bebida e as recordações de antigos companheiros, como o velho Rata. Um mendigo
que percorria outras terras e que voltava à venda rico em novidades que faziam o
Batola viajar pelo mundo.
Porém tudo muda quando um carro para em frente à venda e traz a novidade da
telefonia, a caixa que vai alterar a vida não do casal como de toda a aldeia. Apesar
da oposição inicial da mulher, numa postura firme que surpreende pela situação de
violência vivida, Batola impõem-se e a telefonia fica um mês “à experiência”.
Esse é o tempo suficiente para que a aldeia conheça uma dinâmica social nunca
antes vista. Da clausura, do isolamento físico, mas principalmente social, passou-se
para um convívio salutar e levou ainda a grandes transformações individuais.
*Narrador (presença: não participante; ponto de vista: subjetivo; focalização:
omnisciente)
Tempo da ação
A ação decorre na primeira metade dos anos 40 do século XX, durante um mês,
pois é o tempo em que a telefonia fica à experiência. O grande momento
desencadeador da mudança na vida da aldeia é a chegada do vendedor que traz a
rádio. No entanto, são várias as referências ao estio e às noites, para traduzir a ideia
de monotonia e letargia, antes da compra da rádio, por oposição à animação que se
vivia na venda durante aquele mês.
Existência de uma perspetiva subjetiva no que se refere à passagem do tempo:
como vemos a passagem do tempo depende do estado de espírito da
personagem; numa situação inicial a solidão de Alcaria fazia com que o tempo
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passasse devagar. Contudo, como a rádio trouxe vida à aldeia, isto animou
Batola que passou a desempenhar com vontade tarefas anteriormente
evitadas, tais como trabalhar na venda e aviar os fregueses. E isto transmite a
percepção de que os dias passam então mais rapidamente.
Acrescente-se ainda que também para os ceifeiros o tempo não custou a
passar, em virtude da alegria que a rádio trouxe aos serões em Alcaria.
Espaço da ação
Espaço físico: A ação decorre em Alcaria, uma aldeia do Alentejo profundo.“quinze
casinhas desgarradas e nuas”
Neste espaço físico, o olhar do narrador incide na vida do casal que é proprietário
da loja da aldeia. É sobretudo na casa destes comerciantes, um espaço formado pela
parte habitável e pela venda, que a trama narrativa conhece os momentos mais
relevantes.
Espaço psicológico: É inevitável que os habitantes sintam o lugar como uma prisão
que determina as vidas vazias, rotineiras e carenciadas que têm.
O drama íntimo que Batola vive é retratado por um narrador omnisciente que, em
certos momentos, adota o ponto de vista das personagens para narrar a história. é
sobretudo aqui que tem acesso aos pensamentos, às angústias e às ansiedades do
protagonista (constituindo o espaço psicológico).
A caracterização do espaço exterior conflui igualmente para representar os
sentimentos negativos vividos pelo protagonista.
autoritária e oponente à compra da telefonia, a mulher de Batola revela
possuir densidade psicológica, acabando por fazer um pedido submisso ao
marido, no fim do conto;
Batola torna-se ativo após a chegada da telefonia que o arranca da sua solidão;
Os ceifeiros, outrora solitários, encontram naquele pequeno aparelho a
esperança de uma comunicação com o mundo.
Espaço social: No conto abre-se ainda o espaço social quando os ambientes e
vivências das personagens conduzem à análise e crítica da organização e das práticas
da comunidade. Alcaria é uma localidade rural que não tem contacto com o resto do
mundo e que ficou parada no tempo.
No isolamento geográfico, na vida dos seus habitantes e no atraso tecnológico
(apenas a venda tinha eletricidade), encontramos um mundo de pobreza e atraso
cultural, resultantes do Estado Novo.
Na 2.º parte da narrativa, opera-se uma mudança nesta comunidade, em
detrimento da compra da rádio. O isolamento da comunidade atenua-se pois passam
a saber o que acontece noutros lugares.
Personagens
Num espaço rural mitificado no imaginário neorrealista de Manuel da Fonseca
enquanto lugar de frustração, movimentam-se personagens pobres, personagens
marginais (o relembrado Rata), mas, acima de tudo, movimentam-se personagens
solitárias, inadaptadas à triste realidade em que vivem.
A ação gravita em torno de duas personagens nucleares: o Batola, que é o
protagonista, e a sua mulher. O leitor acompanha mais de perto o drama pessoal e
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suicídio do segundo; a ansiedade de vida, no desejo exacerbado, que Batola e Rata
revelam, de correr mundo, a admirá-lo, em busca de um rumo (topos recorrente do
neorrealismo literário português). Também a exequibilidade das relações afetivas
conturbadas, mormente a partir de um olhar sobre o relacionamento do casal
Barrasquinho, é outra possível linha de reflexão que este conto propicia.
A quebra quase mágica do isolamento demonstra o estado de solidão profunda em
que as pessoas se encontravam, gente grata com qualquer novidade, gente tristíssima
de pensar que pode perder o seu único e fraco consolo.
A atualidade
Isolamento e falta de convivialidade.
Relações entre homem e mulher.
Vícios sociais: o alcoolismo, a violência doméstica.
As inovações tecnológicas e alterações de hábitos sociais.
Função da peripécia inicial e final
Funções da peripécia inicial:
o desencadear a ação (elemento que conduz à sucessão de peripécias que
culminarão na peripécia final);
ocontribuir para a representação do espaço sociopolítico: a abordagem do
vendedor evidencia o confronto de interesses e de posições sociais (entre os que têm
e os que não têm) e realça o estatuto das classes populares (em que se inclui Batola)
como vítimas da violência social.
Funções da peripécia final:
oAcontecimento imprevisível que altera o rumo dos acontecimentos (decisão
de manter a telefonia, pois é uma “companhia” num espaço de solidão no
microcosmos da aldeia). A decisão de manter a telefonia sugere a necessidade de
convivialidade, de contacto com o exterior (contrariando o isolamento e a solidão
anteriormente vividas), e de conhecimento da realidade sociopolítica; em última
análise, sugere a pulsão libertadora e a possibilidade de emancipação face à opressão
vivida (trata-se do germe de uma transformação).
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Resumos Português

Características do conto Este termo normalmente aplica-se a uma narrativa breve, pouco circunstanciada, com uma ação simples e única, que se enraíza no contexto milenar do ser humano. É geralmente pouco extenso, apresenta um número reduzido de personagens (habitualmente pouco complexas), e desenvolve um enredo simples com pouca variedade de acontecimentos e contração de tempo e de espaço. ➔ O título do conto anuncia um novo meio de comunicação que vai mudar a vida de uma população deprimida, no contexto da II Guerra Mundial; ➔ A intriga é simples e contada de forma linear; ➔ O espaço exterior conflui para representar os sentimentos negativos do protagonista; ➔ Os homens perdem características humanas e o mundo inanimado adquire-as; ➔ O conto permite uma reflexão sobre a condição humana, que excede os limites temporais da ação. “Sempre é uma companhia” de Manuel Fonseca Batola, apelido de António Barrasquinho, é o ocioso proprietário de uma venda de café no Alentejo, entregue a uma vida de monotonia e de solidão, e que tem na sua mulher o pilar que sustenta o casamento e os negócios. Como tantos outros casamentos, também aqui não há ternura nem carinho, sendo a esposa vítima de violência nos dias em que o Batola não consegue encarar a humilhação que sente perante aquela mulher tão determinada. Naquela modorra de sempre, resta a Batola a bebida e as recordações de antigos companheiros, como o velho Rata. Um mendigo que percorria outras terras e que voltava à venda rico em novidades que faziam o Batola viajar pelo mundo. Porém tudo muda quando um carro para em frente à venda e traz a novidade da telefonia, a caixa que vai alterar a vida não só do casal como de toda a aldeia. Apesar da oposição inicial da mulher, numa postura firme que surpreende pela situação de violência vivida, Batola impõem-se e a telefonia fica um mês “à experiência”. Esse é o tempo suficiente para que a aldeia conheça uma dinâmica social nunca antes vista. Da clausura, do isolamento físico, mas principalmente social, passou-se para um convívio salutar e levou ainda a grandes transformações individuais. *Narrador (presença: não participante; ponto de vista: subjetivo; focalização: omnisciente) Tempo da ação A ação decorre na primeira metade dos anos 40 do século XX, durante um mês, pois é o tempo em que a telefonia fica à experiência. O grande momento desencadeador da mudança na vida da aldeia é a chegada do vendedor que traz a rádio. No entanto, são várias as referências ao estio e às noites, para traduzir a ideia de monotonia e letargia, antes da compra da rádio, por oposição à animação que se vivia na venda durante aquele mês. ➔ Existência de uma perspetiva subjetiva no que se refere à passagem do tempo: como vemos a passagem do tempo depende do estado de espírito da personagem; numa situação inicial a solidão de Alcaria fazia com que o tempo

passasse devagar. Contudo, como a rádio trouxe vida à aldeia, isto animou Batola que passou a desempenhar com vontade tarefas anteriormente evitadas, tais como trabalhar na venda e aviar os fregueses. E isto transmite a percepção de que os dias passam então mais rapidamente. Acrescente-se ainda que também para os ceifeiros o tempo não custou a passar, em virtude da alegria que a rádio trouxe aos serões em Alcaria. Espaço da ação Espaço físico: A ação decorre em Alcaria, uma aldeia do Alentejo profundo.“quinze casinhas desgarradas e nuas” Neste espaço físico, o olhar do narrador incide na vida do casal que é proprietário da loja da aldeia. É sobretudo na casa destes comerciantes, um espaço formado pela parte habitável e pela venda, que a trama narrativa conhece os momentos mais relevantes. Espaço psicológico: É inevitável que os habitantes sintam o lugar como uma prisão que determina as vidas vazias, rotineiras e carenciadas que têm. O drama íntimo que Batola vive é retratado por um narrador omnisciente que, em certos momentos, adota o ponto de vista das personagens para narrar a história. é sobretudo aqui que tem acesso aos pensamentos, às angústias e às ansiedades do protagonista (constituindo o espaço psicológico). A caracterização do espaço exterior conflui igualmente para representar os sentimentos negativos vividos pelo protagonista. ➔ autoritária e oponente à compra da telefonia, a mulher de Batola revela possuir densidade psicológica, acabando por fazer um pedido submisso ao marido, no fim do conto; ➔ Batola torna-se ativo após a chegada da telefonia que o arranca da sua solidão; ➔ Os ceifeiros, outrora solitários, encontram naquele pequeno aparelho a esperança de uma comunicação com o mundo. Espaço social: No conto abre-se ainda o espaço social quando os ambientes e vivências das personagens conduzem à análise e crítica da organização e das práticas da comunidade. Alcaria é uma localidade rural que não tem contacto com o resto do mundo e que ficou parada no tempo. No isolamento geográfico, na vida dos seus habitantes e no atraso tecnológico (apenas a venda tinha eletricidade), encontramos um mundo de pobreza e atraso cultural, resultantes do Estado Novo. Na 2.º parte da narrativa, opera-se uma mudança nesta comunidade, em detrimento da compra da rádio. O isolamento da comunidade atenua-se pois passam a saber o que acontece noutros lugares. Personagens Num espaço rural mitificado no imaginário neorrealista de Manuel da Fonseca enquanto lugar de frustração, movimentam-se personagens pobres, personagens marginais (o relembrado Rata), mas, acima de tudo, movimentam-se personagens solitárias, inadaptadas à triste realidade em que vivem. A ação gravita em torno de duas personagens nucleares: o Batola, que é o protagonista, e a sua mulher. O leitor acompanha mais de perto o drama pessoal e

Batola recorda-se de Rata, numa das muitas vezes em que a melancolia da aldeia o toma e o fragiliza. Nesse momento, relembra um amigo que já partiu, e de quem sente saudades porque, sendo viajado, Rata tinha sempre algo para contar. Assim, na solidão e no marasmo da aldeia, Rata era uma companhia e uma forma de entretenimento e o seu suicidio, a saudade, que “de vez em quando” Batola sente, agudiza-lhe a solidão. Vendedor e Calcinhas Persuasivo como todos os vendedores, instala o conflito no casal, uma vez que a mulher de Batola se impõe à compra da rádio. Trata-se de um homem elegante, afável e cativante. Calcinhas é uma figura que assiste passiva à encenação do vendedor. Ceifeiros e habitantes da aldeia Acompanhamos também a existência dura, desgastante e carenciada de uma personagem coletiva: os ceifeiros e os demais trabalhadores agrícolas da aldeia, que trabalham “de sol a sol” e que não parecem ter outra forma de ultrapassar as suas difíceis condições de existência. São figurinhas metaforicamente apresentadas como gado e que vivem em casas «tresmalhadas»: «o rebanho que se levanta com o dia, lavra, cava a terra, ceifa e recolhe vergado pelo cansaço e pela noite. Mais nada que o abandono e a solidão.» Relação entre as personagens ➔ Entre Batola e a mulher Pela análise do casal, aborda-se o tema da repressão sexual a que as mulheres da década de 40/50, sobretudo num ambiente provinciano, estavam sujeitas. A relação matrimonial é marcada por um aparente vazio de sentimentos e pela frieza: coexistem, em vez de criar um espírito de comunhão e de partilha entre si, e mal falam. O silêncio acaba por se abater sobre aquele lar. Os dois vivem em estado de tensão, ira e revolta, sendo o resultado desse mal-estar, em certos casos, na violência. Não só física mas também psicológica, por Batola ao recusar-se a viver pacificamente com ela e por parte da mulher, ao pôr em causa ,por vezes, a autoridade do marido. ➔ Entre o casal e os habitantes da aldeia Entre este casal e o resto dos habitantes há uma relação distante, devido à árdua vida dos ceifeiros no campo, que lhes tira a vontade de conviver no fim de mais um dia de jornada. Pela sua forma de sustento, Batola e a mulher, que tem loja aberta, vivem de forma mais desafogada do que os trabalhadores. Batola contrasta com estes, pois pode preguiçar, bebe o melhor vinho da venda, tem um fio de ouro no colete, mas é solidário com os aldeãos. Partilha com este, a condição animalesca dos conterrâneos: “rumina” a revolta; os suspiros saem-lhe “como um uivo de animal solitário” ➔ Comerciante e a mulher de Batola: Ao perceber a reação negativa da mulher de Batola, o vendedor dirige-se a ela de modo mais formal, pois percebe que ela é quem decide.

Solidão e convivialidade O título do conto (“Sempre é uma companhia”) parece remeter para o benefício que, no tempo da Segunda Guerra Mundial, a introdução de um novo meio de comunicação (a radiotelefonia) traz à população de uma pequena e isolada aldeia alentejana. No conto de Manuel da Fonseca, a primeira parte anuncia não só o isolamento geográfico, a solidão e o silêncio, bem como denuncia as condições sociais indignas que os habitantes de Alcaria enfrentam, e que os fazem perder parte das suas características humanas. É também este afastamento e silêncio pautado como causa da relação fria e tensa entre Batola e a mulher. No caso de Batola, sendo ele um comerciante, a solidão do mesmo deve-se também ao fato de ter uma ocupação que o afasta do contato regular com os trabalhadores agrícolas que formam o grosso da população e que pouco frequentam a sua venda. O isolamento da personagem era quebrado em tempos pelas conversas com o Rata, mas este contato humano também se perde, com o seu falecimento. ➔ Chegada da telefonia O modo de vida da população altera-se quando Batola adquire a telefonia. Os habitantes começam a sair de suas casas à noite para irem até à loja escutar a rádio, ora a fim de saber notícias do país e do mundo, ora para ouvir e dançar ao som da música. Até mesmo as mulheres, que não costumavam frequentar a taberna, passaram a fazê-lo. Os ceifeiros que anteriormente não tinham vida social nem meio de se informarem sobre o que se passava, passaram então a tomar conhecimento do mundo, através da “determinada voz” sempre ansiada. Se a vinda da rádio havia interferido com a vida do casal, a possibilidade de ficarem sem a rádio era dolorosa, pois os habitantes regressariam novamente ao seu isolamento. A mulher de Batola, apresenta-se, no final, com um ar ternurento, contrastando com a atitude altiva inicial, afirmando que a radiofonia «sempre é uma companhia neste deserto» A radiotelefonia, uma inovação para a aldeia, devolveu a todos parte da humanidade perdida (ou nunca antes experimentada), ao mesmo tempo em que trouxe desenvolvimento a Alcaria. A alegria voltou à aldeia e com ela a noção de passagem do tempo também se alterou Denúncia social Este conto de Manuel da Fonseca consagra um retrato (económico, sociocultural) preciso do Alentejo dos anos 40. Por sua vez, oferece-nos retratos humanos que atravessarão outros tempos e outros espaços, denunciando uma situação de miséria, vida precária que oprime os pequenos camponeses. As figuras de Batola e Rata, na sua ambivalência, simbolizam a “luta entre a incompatibilidade com a vida e a ansiedade de vida”. A incompatibilidade com a vida manifesta-se, respetivamente, na languidez/bebedeira/violência do primeiro, no