Pedra, Papel e Tesoura

9 de outubro de 2024

Fino.

Filed under: Não categorizado — Yure @ 17:09

WordPress no longer works well with a Tor Browser. Logging in has become a chore, requiring me to do trial and error with the exit nodes. That, coupled with a recent data loss in my PC that did away with texts I was going to post, made me decide to stop updating this blog. It will live on, however, but as an archive. If you really like this content, I might still reply to comments and messages sent via the contact form. I’ll probably elect another blogging platform, that allows me to use the Tor Browser, and make another blog there. Remember, I’m still reachable through the contact form. So, let us be friends, nonetheless!

WordPress ya no funciona bien cuando trato de usar el navegador Tor. Iniciar una sesión se ha convertido en una tarea aburrida, exigiendo que haga pruebas y errores con los nodos de salida del Tor. Eso, junto con una pérdida reciente de datos en mi PC que eliminó los textos que iba a publicar, me hizo decidir dejar de actualizar este blog. Sin embargo, vivirá, pero como un archivo. Si realmente le gusta este contenido, aún trataré de responder a los comentarios y mensajes enviados a través del formulario de contacto. Probablemente elegiré otra plataforma de blogs, que me permita usar el navegador Tor y hacer otro blog allí. Recuerde, todavía estoy accesible a través del formulario de contacto. Entonces, ¡seamos amigos, sin embargo!

O WordPress não funciona bem quando tento usar o navegador Tor. Iniciar uma sessão se tornou uma tarefa chata, exigindo que eu faça testes de tentativa e erro com os nós de saída do Tor. Isso, juntamente com uma perda recente de dados no meu PC que eliminou os textos que eu iria publicar, me fez decidir parar de atualizar este blog. No entanto, ele viverá, mas como um arquivo. Se você realmente gosta deste conteúdo, ainda tentarei responder aos comentários e mensagens enviados pelo formulário de contato. Provavelmente vou escolher outra plataforma de blog, uma que me permita usar o navegador Tor e fazer outro blog lá. Lembre-se, ainda estou acessível através do formulário de contato. Então, sejamos amigos ainda assim!

30 de setembro de 2024

Aula 5: consciência moral.

Filed under: Passatempos — Tags:, , , — Yure @ 10:24

1 INTRODUÇÃO.

E, novamente, uma aula sobre ética. Estas primeiras aulas foram dadas com o plano anual de outros professores (eu estava continuando o trabalho deles, de onde eles pararam), por isso elas hoje me parecem estranhas. Eu não me vejo discutindo tanta ética e tanta política por tanto tempo… Mas, eu ainda quero usar este blog pra alguma coisa e transformar meus planos de aula em entradas ainda é minha melhor aposta de fazer algo pra minha audiência.

Esta foi uma aula sobre consciência moral. Não lembro nada da reação da turma a este tema, provavelmente porque minha turma era muito infrequente durante o ensino remoto (já cheguei a dar aula para apenas um aluno e, em outras ocasiões, falei sozinho enquanto o sistema gravava a aula para que os alunos assistissem depois).

Mas vamos à aula. Ao longo da nossa vida, formamos nossos conceitos de certo e errado com base em diferentes fontes. O leitor perspicaz já sabe que eu escreverei que eventualmente que a moral, portanto, é relativa e depende de cada cultura, pois as fontes devem ser ambientais. Muito bem, parabéns.

2 DIFERENTES FONTES DE PRECEITOS MORAIS.

A primeira fonte é a educação parental: pais, responsáveis e irmãos mais velhos nos passam seus preceitos morais, quando os não aprendemos por osmose. Como a primeira sociedade da qual fazemos parte é a família, é natural que nossos primeiros conceitos morais venham também dela, posto que a primeira sociedade à qual pertencemos é também nossa primeira escola.

A segunda fonte é nossa sociedade estendida: escola, igreja, meios de comunicação. Aquilo que você aprendeu em casa, em matérias morais, pode ser desafiado pelo que você aprende em outros lugares, o que faz com que nossos conceitos de certo e errado mudem com nossa vivência na sociedade maior, que engloba a família.

Mas existe a terceira e mais importante fonte: experiência pessoal. Aquilo que fizemos aos outros e aquilo que fizeram conosco tem o maior impacto sobre nossos preceitos morais. Você pode ter aprendido a vida toda que homens e mulheres são iguais, mas, no momento em que você lê que o homem se aposenta cinco anos depois da mulher (apesar de morrer cinco anos antes) e que só o homem vai pro serviço militar obrigatório, talvez você comece a questionar se essa igualdade realmente existe e, se for constatado que ela não existe, você tratará pessoas de forma diferente com base no sexo delas.

Isso não quer dizer que a educação moral dada pela nossa vivência é necessariamente o que determinará nossa moral. Não, nos usamos as três fontes, ainda que a experiência acabe sendo a mais importante. O tratamento racional daquilo que aprendemos dessas três fontes de preceitos morais é o que nos permite a construção de nossa moral pessoal. A aplicação racional da nossa moral pessoal aos casos concretos com os quais nos defrontamos em nossas vidas é o que chamamos de consciência moral.

3 CONSCIÊNCIA MORAL.

A consciência moral tem três elementos: os princípios morais, o julgamento e a autoavaliação. Os princípios morais são o que nós consideramos certo ou errado (nossas máximas, nossos “mandamentos pessoais”), o julgamento é a aplicação dos princípios ao comportamento dos outros ou ao próprio comportamento, a autoavaliação é a aprovação ou reprovação de nossa conduta durante e depois do julgamento.

Mas nosso julgamento será inflexível? Não. Nossos princípios morais são gerais. No momento de julgar, pode ser que percebamos que nossos princípios morais, em determinado caso concreto, entram em conflito, caso no qual teremos que abrir exceções às nossas regras. Por exemplo: você tem como princípios morais a justiça e a defesa da dignidade sexual dos vulneráveis, mas você puniria um relacionamento sexual entre um adulto e um vulnerável se tal punição resultasse num prejuízo maior ao vulnerável do que o prejuízo que advém do relacionamento entre eles? Afinal, o vulnerável pode muito bem amar o adulto e não ser prejudicado pelo relacionamento, de forma que punir o relacionamento seria injusto.

Observe que o julgamento também pode se aplicar a nós. Frequentemente, nós avaliamos moralmente nossa própria conduta (ainda que a consertemos com menos frequência). Isso acontece porque a capacidade de julgar é um desdobramento natural da razão: se podemos aplicar nossa razão a nós mesmos, também podemos julgar moralmente a nós mesmos.

Um número de coisas pode influir nas nossas decisões morais. A emoção é uma delas. Não somos seres totalmente racionais, como vimos na aula sobre senso moral, o que significa que também nossas decisões morais não necessariamente serão totalmente racionais, consequentes ou coerentes. É o caso da pessoa que é contra o aborto, mas, quando é a filha dele que deseja abortar, ele permite (por amor à filha) e ele dará qualquer desculpa esfarrapada pra justificar por que sua filha pode abortar e as outras mulheres, não.

Com isso, vemos que a consciência moral tem várias utilidades: ela nos permite corrigir os outros, ela nos afasta dos maus exemplos, ela corrige nossa própria conduta e nos aponta quando rever nossos princípios.

4 REVISÃO.

Nossos princípios morais vêm de nosso ambiente e de nossa vivência. Por exemplo: eles podem vir da igreja ou da educação familiar. Podemos dizer que a consciência moral é a aplicação da razão às nossas escolhas morais, julgando se nossa conduta é correta ou não.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Eu já escrevi isso aqui algumas vezes, mas o farei novamente: há leis que precisam mudar, há leis que devem deixar de existir, há leis que precisam ser criadas. É nossa consciência moral que nos dirá em que direção as nossas leis devem ir. Com o passar do tempo, mudam nossos valores. Isso é positivo, pois permite que as leis se adéquem ao “espírito dos tempos”. Isso não quer dizer que a nova lei é melhor ou pior, mas apenas que ela é mais adequada ao presente da nossa nação.

Como princípios morais variam de pessoa para pessoa, é claro que pessoas de diferentes países e de diferentes gerações terão morais diferentes e, por conseguinte, condenarão coisas diferentes. Isso se chama relativismo moral. Mas isso não significa que não haja coisas em comum entre pessoas de diferentes nações e tempos. Se focarmos no que temos em comum, a convivência será mais harmônica. Por isso, devemos focar no que nos une, sempre que isso for possível.





































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1
INTRODUÇÃO.



E,
novamente, uma aula sobre ética. Estas primeiras aulas foram dadas
com o plano anual de outros professores (eu estava continuando o
trabalho deles, de onde eles pararam), por isso elas hoje me parecem
estranhas. Eu não me vejo discutindo tanta ética e tanta política
por tanto tempo… Mas, eu ainda quero usar este blog pra alguma
coisa e transformar meus planos de aula em entradas ainda é minha
melhor aposta de fazer algo pra minha audiência.

Esta
foi uma aula sobre consciência moral. Não lembro nada da reação
da turma a este tema, provavelmente porque minha turma era muito
infrequente durante o ensino remoto (já cheguei a dar aula para
apenas um aluno e, em outras ocasiões, falei sozinho enquanto o
sistema gravava a aula para que os alunos assistissem depois).

Mas
vamos à aula. Ao longo da nossa vida, formamos nossos conceitos de
certo e errado com base em diferentes fontes. O leitor perspicaz já
sabe que eu escreverei que eventualmente que a moral, portanto, é
relativa e depende de cada cultura, pois as fontes devem ser
ambientais. Muito bem, parabéns.




2
DIFERENTES FONTES DE PRECEITOS MORAIS.




A
primeira fonte é a educação parental: pais, responsáveis e irmãos
mais velhos nos passam seus preceitos morais, quando os não
aprendemos por osmose. Como a primeira sociedade da qual fazemos
parte é a família, é natural que nossos primeiros conceitos morais
venham também dela, posto que a primeira sociedade à qual
pertencemos é também nossa primeira escola.

A
segunda fonte é nossa sociedade estendida: escola, igreja, meios de
comunicação. Aquilo que você aprendeu em casa, em matérias
morais, pode ser desafiado pelo que você aprende em outros lugares,
o que faz com que nossos conceitos de certo e errado mudem com nossa
vivência na sociedade maior, que engloba a família.

Mas
existe a terceira e mais importante fonte: experiência pessoal.
Aquilo que fizemos aos outros e aquilo que fizeram conosco tem o
maior impacto sobre nossos preceitos morais. Você pode ter aprendido
a vida toda que homens e mulheres são iguais, mas, no momento em que
você lê que o homem se aposenta cinco anos depois da mulher (apesar
de morrer cinco anos antes) e que só o homem vai pro serviço
militar obrigatório, talvez você comece a questionar se essa
igualdade realmente existe e, se for constatado que ela não existe,
você tratará pessoas de forma diferente com base no sexo delas.

Isso
não quer dizer que a educação moral dada pela nossa vivência é
necessariamente o que determinará nossa moral. Não, nos usamos as
três fontes, ainda que a experiência acabe sendo a mais importante.
O tratamento racional daquilo que aprendemos dessas três fontes de
preceitos morais é o que nos permite a construção de nossa moral
pessoal
. A aplicação racional da nossa moral pessoal aos casos
concretos com os quais nos defrontamos em nossas vidas é o que
chamamos de consciência moral.




3
CONSCIÊNCIA MORAL.




A
consciência moral tem três elementos: os princípios morais, o
julgamento e a autoavaliação. Os princípios morais são o que nós
consideramos certo ou errado (nossas máximas, nossos “mandamentos
pessoais”), o julgamento é a aplicação dos princípios ao
comportamento dos outros ou ao próprio comportamento, a
autoavaliação é a aprovação ou reprovação de nossa conduta
durante e depois do julgamento.

Mas
nosso julgamento será inflexível? Não. Nossos princípios morais
são
gerais.
No momento de julgar, pode ser que percebamos que nossos princípios
morais, em determinado caso concreto, entram em conflito, caso no
qual teremos que abrir
exceções
às nossas regras. Por exemplo: você tem como princípios morais a
justiça e a defesa da dignidade sexual dos vulneráveis, mas você
puniria um relacionamento sexual entre um adulto e um vulnerável se
tal punição resultasse num prejuízo maior ao vulnerável do que o
prejuízo que advém do relacionamento entre eles? Afinal, o
vulnerável pode muito bem amar o adulto e não ser prejudicado pelo
relacionamento, de forma que punir o relacionamento seria
injusto.

Observe
que o julgamento também pode se aplicar a nós. Frequentemente, nós
avaliamos moralmente nossa própria conduta (ainda que a consertemos
com menos frequência). Isso acontece porque a capacidade de julgar é
um desdobramento natural da razão: se podemos aplicar nossa razão a
nós mesmos, também podemos julgar moralmente a nós mesmos.

Um
número de coisas pode influir nas nossas decisões morais. A emoção
é uma delas. Não somos seres totalmente racionais, como vimos na
aula sobre senso moral, o que significa que também nossas decisões
morais não necessariamente serão totalmente racionais, consequentes
ou coerentes. É o caso da pessoa que é contra o aborto, mas, quando
é a filha dele que deseja abortar, ele permite (por
amor
à filha) e ele dará qualquer desculpa esfarrapada pra justificar
por que sua filha pode abortar e as outras mulheres, não.

Com
isso, vemos que a consciência moral tem várias utilidades: ela nos
permite corrigir os outros, ela nos afasta dos maus exemplos, ela
corrige nossa própria conduta e nos aponta quando rever nossos
princípios.




4
REVISÃO.




Nossos
princípios morais vêm de nosso ambiente e de nossa vivência. Por
exemplo: eles podem vir da igreja ou da educação familiar. Podemos
dizer que a consciência moral é a aplicação da razão às nossas
escolhas morais, julgando se nossa conduta é correta ou não.




5
CONSIDERAÇÕES FINAIS.




Eu
já escrevi isso aqui algumas vezes, mas o farei novamente: há leis
que precisam mudar, há leis que devem deixar de existir, há leis
que precisam ser criadas. É nossa consciência moral que nos dirá
em que direção as nossas leis devem ir. Com o passar do tempo,
mudam nossos valores. Isso é positivo, pois permite que as leis se
adéquem ao “espírito dos tempos”. Isso não quer dizer que a
nova lei é melhor ou pior, mas apenas que ela é mais adequada ao
presente da nossa nação.

Como
princípios morais variam de pessoa para pessoa, é claro que pessoas
de diferentes países e de diferentes gerações terão morais
diferentes e, por conseguinte, condenarão coisas diferentes. Isso se
chama
relativismo moral.
Mas isso não significa que não haja coisas em comum entre pessoas
de diferentes nações e tempos. Se focarmos no que temos em comum, a
convivência será mais harmônica. Por isso, devemos focar no que
nos une, sempre que isso for possível.

29 de setembro de 2024

Lesson 5: Moral Consciousness.

Filed under: Passatempos — Tags:, , , — Yure @ 10:24

1. INTRODUCTION.

And again, a class about ethics. These first classes of my career were given with an annual plan by other teachers (I was continuing their work, from where they stopped), so they seem strange to me today. I do not see myself discussing so much ethics and so much politics for such a long time… But, I still want to use this blog for something and turn my class plans into blog entries is still my best bet to do something for my audience, even if the subject of these first lessons is already starting to get on my nerves as I type this. Please, bear with me!

This was a class on moral conscience. I don’t remember the reaction of the class to this topic, probably because my class was almost never online during the remote teaching in 2021 (in some occasions, only one student attended and, on other occasions, I spoke alone while the system recorded the class so that the students could watch later).

But let’s go back to our main subject. Throughout our lives, we form our concepts of right and wrong based on different sources. The insightful reader already knows that I will eventually write that morals, therefore, are relative and depend on each culture, because the sources must be environmental. Very well, congratulations.

2 DIFFERENT SOURCES OF MORAL PRECEPTS.

The first source is parental education: parents, legal guardians and older siblings give us their moral precepts when we do not learn them by simply observation and imitation. Since the first society we are part of is the family, it is natural that our first moral concepts will also come from it, since the first society to which we belong is also our first school.

The second source is our extended society: school, church, media. What you have learned at home, in terms of morals, may be challenged by what you learn elsewhere, which makes our concepts of right and wrong change with our experience in the larger society that encompasses the family.

But there is the third and most important source: personal experience. What we did to others and what they did to us has the greatest impact on our moral precepts. You may have learned all your life that men and women are equal, but the moment you read that the man retires five years after his wife (despite dying five years earlier) and that only men go to mandatory military service, maybe you start to question whether this equality really exists, and if it is found that it does not exist, you might treat people differently based on their gender. And the moral precept of treating people equally will be forgotten or regarded as a fantasy. Or, at best, as an ideal to achieve, something that would be good if existed, but that does not exist just yet. It is personal experience that makes people doubt and ultimately disregard the education they received and that can be a good or a bad thing, depending on the person.

This does not mean that moral education given by our experience is necessarily what will determine our morals. No, we use the three sources, even though the experience is the most important. The rational treatment of what we learn from these three sources of moral precepts is what allows us to build our personal morals. The rational application of our personal morality to the concrete cases which we face in our lives is what we call moral conscience.

3 MORAL CONSCIENCE.

Now, let us expand in this so called moral conscience thing, although what was said in the previous paragraph should be enough…

Moral consciousness has three elements: moral principles, judgment and self-evaluation. Moral principles are what we consider right or wrong (our maxims, our “personal commandments”), judgment is the application of such principles to the behavior of others or to one’s own behavior, self-evaluation is the approval or disapproval of our own conduct during or after the judgment.

But will our judgment be inflexible? No. Our moral principles are general and they will have to adapt to the concrete case. At the time of judging, we may realize that our moral principles, in a particular case, are in conflict, in which case we will have to open exceptions to our rules. For example: you regard fairness and the defense of the sexual dignity of young people as moral principles, but would you punish a sexual relationship between a man and a boy if such punishment resulted in greater damage to the boy than the damage that comes from the relationship between said boy and the man? After all, the boy may well love the adult and not be harmed by the relationship, so that punishing the relationship would be unfair. You would be the aggressor causing damage to the kid in such case. Although this may sound like an extreme case, it happens from time to time in Brazil, where the age of consent is fourteen.

Note that we can also judge ourselves. Often we morally evaluate our own conduct (even though we don’t fix it as often). This is because the ability to judge is a natural unfolding of reason: if we can apply our reason to ourselves, we can also judge ourselves morally.

A number of things can influence our moral decisions, though, and emotion is one of them. We are not totally rational beings, as we have seen in the lesson about moral sense, which means that our moral decisions will not necessarily be rational, consequent or coherent. This is the case of the person who is against abortion, but when it is his daughter who wants to abort, he allows (for the sake of his daughter) and he will give any lame excuse to justify why his daughter can abort, but not other women. Abortion is all the same, right? Except in some edge cases (dead fetus, rape and risk to the mother’s life).

And how about self-evaluation? Well, applying your ability to judge to yourself is a type of self-evaluation. But it can extend beyond that, because, even after you finish judging, something inside keeps nagging you, telling you that you know that you didn’t evaluate things correctly. That feeling we often call “shame” or “heavy conscience”. After self-evaluation completes, if we conclude that our actions do not live up to our own morals, we feel ashamed (or, at least, that’s what’s supposed to happen).

With this, we see that moral conscience has several uses: it allows us to correct others, it keeps us away from bad role models, it corrects our own behavior and tells us when to review our principles.

4 RECAP.

Our moral principles come from our environment and our experiences. For example, they can come from church or family education. We can say that moral conscience is the application of reason to our moral choices, judging whether our behavior is correct or not. It has three elements: principles (moral maxims), the ability to judge (the application of said maxims to concrete cases) e self-evaluation (the ability to judge ourselves).

5. FINAL CONSIDERATIONS.

I have written this here a few times, but I will do it again: there are laws that need to change, there are laws that must cease to exist, there are laws that need to be created. It is our moral conscience that will tell us in which direction our laws should go. Over time, our values ​​change. This is positive as it allows the laws to conform to the “spirit of times.” This is not to say that the new law is better or worse, but only that it is best suited to the present of our nation.

As moral principles vary from person to person, it is clear that people from different countries and from different generations will have different morals and therefore condemn different things. This is called moral relativism. But that does not mean that there are no common things between people of different nations and times. If we focus on what we have in common, coexistence will be more harmonious. Therefore, we should focus on what unites us whenever possible.

28 de setembro de 2024

Lección 5: Conciencia moral.

Filed under: Passatempos — Tags:, , — Yure @ 10:24

1. INTRODUCCIÓN.

Y nuevamente, una clase sobre ética. Estas primeras clases de mi carrera fueron dadas con un plan anual hecho por otros maestros (continuaba su trabajo, desde donde se detuvieron), por lo que me parecen extraños hoy. No me veo discutiendo tanta ética y tanta política durante tanto tiempo… pero todavía quiero usar este blog para algo y convertir mis planes de clase en entradas de blog sigue siendo mi mejor opción para hacer algo bueno por mi audiencia, incluso si el tema de estas primeras lecciones ya está empezando a aburrirme. ¡Por favor, tenga paciencia conmigo!

Esta fue una clase sobre conciencia moral. No recuerdo la reacción de la clase a este tema, probablemente porque mi clase casi nunca estuvo en línea durante la enseñanza remota en 2021 (en algunas ocasiones, solo un estudiante vino a asistir la clase y, en otras ocasiones, hablé solo mientras el sistema registraba la clase para que los estudiantes pudieran asistir más tarde).

Pero volvamos a nuestro tema principal. A lo largo de nuestras vidas, tomamos nuestros conceptos de “correcto” y “incorrecto” de diferentes fuentes. El lector perspicaz ya sabe que eventualmente escribiré que la moral, por lo tanto, es relativa y depende de cada cultura, porque las fuentes deben ser ambientales. Muy bien, felicitaciones.

2 DIFERENTES FUENTES DE PRECEPTOS MORALES.

La primera fuente es la educación familiar: los padres, los tutores legales y los hermanos mayores nos dan sus preceptos morales cuando no los aprendemos simplemente por observación e imitación. Dado que la primera sociedad de la que formamos parte es la familia, es natural que nuestros primeros conceptos morales también vengan de ella, ya que la primera sociedad a la que pertenecemos también es nuestra primera escuela.

La segunda fuente es nuestra sociedad extendida: escuela, iglesia, medios de comunicación. Lo que ha aprendido en casa, en términos de moral, puede ser desafiado por lo que aprende en otro lugar, lo que hace que nuestros conceptos de correcto e incorrecto cambien con nuestra experiencia en la sociedad en general, que abarca a la familia.

Pero existe la tercera y más importante fuente: experiencia personal. Lo que le hicimos a los demás y lo que nos hicieron tiene el mayor impacto en nuestros preceptos morales. Es posible que hayas aprendido toda tu vida que los hombres y las mujeres son iguales, pero en el momento en que lees que el hombre solo puede retirarse de su trabajo cinco años después de que su esposa (a pesar de morir cinco años antes) y que solo los hombres van al servicio militar obligatorio, tal vez comiences a cuestionar si esta igualdad realmente existe, y, si se encuentra que no existe, podrías tratar a las personas de manera diferente en función de su género. Y el precepto moral de tratar a las personas por igual será olvidado o considerado como una fantasía. O, en el mejor de los casos, como ideal para lograr, algo que sería bueno si existiera, pero que todavía no existe. Es la experiencia personal la que hace que la gente dude y, en última instancia, ignore la educación que recibieron y eso puede ser algo bueno o malo, dependiendo de la persona.

Esto no significa que la educación moral dada por nuestra experiencia sea necesariamente lo que determinará nuestra moral. No, usamos las tres fuentes, a pesar de que la experiencia es la más importante. El tratamiento racional de lo que aprendemos de estas tres fuentes de preceptos morales es lo que nos permite desarrollar nuestra moral personal. La aplicación racional de nuestra moralidad personal a los casos concretos que enfrentamos en nuestras vidas es lo que llamamos conciencia moral.

3 CONCIENCIA MORAL.

Ahora, hablemos algo más acerca de la conciencia moral, aunque lo que se dijo en el párrafo anterior deba ser suficiente…

La conciencia moral tiene tres elementos: principios morales, juicio y autoevaluación. Los principios morales son lo que consideramos correcto o incorrecto (nuestras máximas, nuestros “mandamientos personales”), el juicio es la aplicación de tales principios al comportamiento de los demás o al propio comportamiento, la autoevaluación es la aprobación o desaprobación de nuestra propia conducta durante o después del juicio.

¿Pero nuestro juicio será inflexible? No. Nuestros principios morales son generales y tendrán que adaptarse al caso concreto. En el momento de juzgar, podemos darnos cuenta de que nuestros principios morales, en un caso particular, están en conflicto, en cuyo caso tendremos que abrir excepciones a nuestras reglas. Por ejemplo: consideras la justicia y la defensa de la dignidad sexual de los jóvenes como principios morales, pero ¿castigarías una relación sexual entre un hombre y un niño si tal castigo resulta en un mayor daño al niño que el daño que proviene de la relación entre dicho niño y el hombre? Pues el niño bien puede amar al hombre y no ser perjudicado por la relación, por lo que castigar la relación sería injusto. Usted sería el agresor causando daños al niño en tal caso. Aunque esto puede sonar como un caso extremo, ocurre de vez en cuando en Brasil, donde la edad de consentimiento es de catorce años. Me gustaría mucho hablar algo más acerca de este tema, pero ya hablé de eso antes. Mis amigos lo saben.

Entonces, aún tenemos que hablar acerca de la autoevaluación. Es a esto que las personas normalmente llaman “voz de la conciencia”, que nos hace sentir culpa o vergüenza después de hacermos algo que está en contra de nuestros principios morales, aunque tengamos logrado obtener la justicia.

Tenga en cuenta que también podemos juzgar a nosotros mismos. A menudo evaluamos moralmente nuestra propia conducta (aunque eso no garantiza que haremos mejor en la próxima vez). Esto se debe a que la capacidad de juzgar es un desarrollo natural de la razón: si podemos aplicar nuestra razón a nosotros mismos, también podemos juzgarnos moralmente.

Sin embargo, varias cosas pueden influir en nuestras decisiones morales, y la emoción es una de ellas. No somos seres totalmente racionales, como hemos visto en la lección sobre el sentido moral, lo que significa que nuestras decisiones morales no serán necesariamente racionales, consecuentes o coherentes. Este es el caso de la persona que está en contra del aborto, pero cuando es su hija la que quiere abortar, permite (por el bien de su hija) y dará una excusa tonta para justificar por qué su hija puede abortar, pero otras mujeres no lo pueden. El aborto es todo igual, ¿verdad? Excepto en algunos casos extremos (feto muerto, violación y riesgo para la vida de la madre).

Aún debemos escribir algo acerca de la autoevaluación. Bueno, aplicar la capacidad de juzgar a sí mismo es un tipo de autoevaluación. Pero puede extenderse más allá de eso, porque, incluso después de que termines de juzgar, algo dentro sigue malo, diciéndote que sabes que no evaluaste las cosas correctamente. Ese sentimiento a menudo llamamos “vergüenza” o “conciencia pesada”. Después de que se completa la autoevaluación, si concluimos que nuestras acciones no están a la altura de nuestra propia moral, nos sentimos avergonzados (o, al menos, eso es lo que se supone que debe suceder).

En el caso del aborto, descrito arriba. El padre sabe muy bien que él es hipócrita, aunque no lo admita a los otros. Y eso puede ocasionar vergüenza en él, a menos que él pueda aceptar que otras niñas o mujeres puedan también ser casos excepcionales. Pero, para hacer eso, él padre tendrá que revisar sus princípios morales y concluir que no todo aborto es igual. A menos que él haga eso, su vergüenza continuará viva.

Con esto, vemos que la conciencia moral tiene varios usos: nos permite corregir a los demás, nos aleja de los malos modelos a seguir, corrige nuestro propio comportamiento y nos dice cuándo revisar nuestros principios.

4 REVISIÓN.

Nuestros principios morales provienen de nuestro entorno y de nuestras experiencias. Por ejemplo, pueden provenir de la educación de la iglesia o de la familia. Podemos decir que la conciencia moral es la aplicación de la razón a nuestras elecciones morales, juzgando si nuestro comportamiento es correcto o no. Tiene tres elementos: los principios (máximas morales), la capacidad de juzgar (la aplicación de dichas máximas a casos concretos) y la autoevaluación (la capacidad de juzgarnos a nosotros mismos). La conciencia moral es útil a nuestra adecuación a la sociedad, a la búsqueda por justicia y a nuestra superación personal.

5 CONSIDERACIONES FINALES.

He escrito esto aquí algunas veces, pero lo haré nuevamente: hay leyes que necesitan cambiar, hay leyes que deben dejar de existir, hay leyes que deben crearse. Es nuestra conciencia moral la que nos dirá en qué dirección deberían ir nuestras leyes. Con el tiempo, nuestros valores cambian. Esto es positivo, ya que permite que las leyes se ajusten al “espíritu de los tiempos”. Esto no quiere decir que la nueva ley sea mejor o peor, sino solo que se adapta mejor al presente de nuestra nación.

Como los principios morales varían de persona a persona, está claro que las personas de diferentes países y de diferentes generaciones tendrán una moral diferente y, por lo tanto, condenarán cosas diferentes. Esto se llama relativismo moral. Pero eso no significa que no haya cosas comunes entre personas de diferentes naciones y tiempos. Si nos centramos en lo que tenemos en común, la coexistencia será más armoniosa. Por lo tanto, debemos centrarnos en lo que nos une siempre que sea posible.

27 de setembro de 2024

Leciono 5: Morala konscienco.

Filed under: Passatempos — Tags:, , — Yure @ 10:24

1. ENKONDUKO.

Kaj denove, klaso pri etiko. Ĉi tiuj unuaj prelegoj de mia kariero estis donitaj laŭ ĉiujaraj planoj faritaj de aliaj instruistoj (mi nur daŭrigis sian laboron), do ĉi tiuj planoj ŝajnas al mi strangaj hodiaŭ. Mi ne vidas min prelegante tiom da etiko kaj tiom da politiko dum tiom da tempo… sed mi ankoraŭ volas uzi ĉi tiun blogon por io kaj farigi miajn klasajn planojn blogajn afiŝojn estas ankoraŭ mia plej bona vojo por fari ion bonan por mia publiko, Eĉ se la temo de ĉi tiuj unuaj lecionoj jam komencas enuigi min. Bonvolu havu paciencon!

Ĉi tio estis klaso pri morala konscieco. Mi ne memoras la reagon de la klaso al ĉi tiu temo, probable ĉar mia klaso preskaŭ neniam estis interrete dum la interretaj instruadoj je 2021 (foje, nur unu studento venis ĉeesti la klason kaj, en aliaj okazoj, mi parolis sola dum la sistemo registris la klaso por ke studentoj povadis rigardi poste).

Sed ni revenu al nia ĉefa temo. Dum niaj vivoj, ni prenas niajn konceptojn pri “ĝusta” kaj “malĝusta” el diversaj fontoj. La komprenema leganto jam scias, ke mi eventuale skribos, ke moralo estas relative kaj dependas de ĉiu kulturo, ĉar la fontoj devas esti mediaj. Tre bone, gratulon.

2 DIVERSAJ FONTOJ DE MORALAJ PRECEPTOJ.

La unua fonto estas familia edukado: gepatroj kaj pli maljunaj fratoj donas al ni siajn moralajn preceptojn kiam ni ne lernas simple per observado kaj imitado. Ĉar la unua socio, en kiu ni estas parto, estas la familio, estas nature, ke niaj unuaj moralaj konceptoj ankaŭ devenas de ĝi, ĉar la unua socio, al kiu ni apartenas, estas ankaŭ nia unua lernejo.

La dua fonto estas nia ekstera socio: lernejo, preĝejo, amaskomunikilaro. Ĉion, kio ni lernis hejme, povas esti defiita de tio, kion ni lernas aliloke, kaj tio ŝanĝas niajn konceptojn pri ĝusta kaj malĝusta, laŭ nia sperto en la socio ĝenerale.

Sed estas la tria kaj plej grava fonto: persona sperto. Kion ni faris al aliaj kaj kion la aliaj faris al ni havas la plej grandan efikon sur niaj moralaj preceptoj. Vi eble lernis vian tutan vivon, ke viroj kaj virinoj estas samaj de nasko, sed kiam vi legas, ke viro nur povas retiriĝi de sia laboro kvin jarojn post sia edzino (malgraŭ la fakto, de ke viroj mortiĝas kvin jaroj antaŭe) kaj ke nur viroj iras al la deviga militistara servo, eble vi komencas pridubi ĉu ĉi tiu egaleco vere ekzistas, kaj, se ĝi ne ekzistas, vi povus trakti homojn malsame depende de ilia sekso. Kaj la morala precepto de egala traktado de homoj estos forgesita aŭ konsiderata kiel fantazio. Aŭ, en la plej bona kazo, kiel idealo por atingi, io bona se ĝi ekzistus, sed kiu ankoraŭ ne ekzistas. Estas la persona sperto, kiu faras homojn dubi kaj, finfine, ignori la edukadon, kiun ili ricevis kaj tio povas esti io bona aŭ malbona, depende de la persono. Alia ekzemplo: la seksumaj spertoj de knabo kiam li estis infano, se tiuj spertoj estis bonaj, povas fari lin pridubi se ĉiuj seksumaj spertoj vere estas malbonaj dum infaneco.

Ĉi tio ne signifas, ke morala edukado donita de nia sperto estas nepre tio, kion determinos nia moraleco. Ne, ni uzas la tri fontojn, kvankam la sperto estas la plej grava fonto. La racia traktado de tio, kion ni lernas de ĉi tiuj tri fontoj de moralaj preceptoj, estas tio, kio permesas al ni disvolvi niajn personan moralon. La racia apliko de nia persona moralo al la specifaj kazoj, kiujn ni alfrontas en niaj vivoj, estas tio, kion ni nomas morala konscienco.

3 MORALA KONSCIENCO.

Nun ni parolu pli pri morala konscienco, kvankam tio, kio estis skribita en la antaŭa alineo, eble sufiĉas…

Morala konscienco havas tri elementojn: moralaj principoj, juĝeco kaj memtakso. Moralaj principoj estas tio, kion ni konsideras ĝustaj aŭ malĝustaj (niaj “personaj ordonoj”), la juĝeco estas la apliko de tiaj principoj al la konduto de aliaj aŭ al nia konduto, memtakso estas la aprobo aŭ malaprobo de nia propra konduto dum aŭ post la juĝo.

Sed ĉu nia juĝo estus nefleksebla? Ne. Niaj moralaj principoj estas ĝeneralaj kaj devus adaptiĝi al la specifa kazo. Dum la juĝo, ni povas konstati, ke niaj moralaj principoj, en aparta kazo, estas en konflikto, en kiu kazo ni devos akcepti esceptojn al niaj reguloj. Ekzemple: vi konsideras justecon kaj defendon de la seksa digno de junuloj kiel moralaj principoj, sed ĉu vi punus seksan rilaton inter viro kaj knabo se tia puno rezultus pli grandan damaĝon al la knabo ol la damaĝo kaŭzita de la rilato inter tiu infano kaj tiu viro? La infano ja povas ami la viron kaj ne esti damaĝita de la rilato, do puni la rilaton estus maljusta. Vi estus la agresanto, kaŭzante damaĝon al la knabo en tiu kazo. Kvankam ĉi tio povas aspekti kiel ekstrema kazo, tio okazas de tempo al tempo en Brazilo, kie la aĝo de konsento por seksumo estas dek kvar jarojn. Mi ŝatus paroli pli pri ĉi tiu temo, sed mi parolis pri ĝi antaŭe. Miaj amikoj scias ĝin.

Do, ni ankoraŭ devas paroli pri memtakso. Ĉi tio estas tio, kion homoj kutime nomas “voĉo de konscienco”, kiu kaŭzas kulpon aŭ honton post kiam ni faras ion kontraŭ niaj moralaj principoj, eĉ kiam ni celas justecon.

Ni ankaŭ povas juĝi nin mem. Ni ofte morale taksas nian propran konduton (kvankam tio ne garantias, ke ni agos pli morale en la sekva fojo). Ĉi tio okazas ĉar la kapablo juĝi estas natura disvolviĝo de racio: se ni povas apliki nian racion al ni mem, ni ankaŭ povas juĝi nin mem morale.

Tamen pluraj aferoj povas influi niajn moralajn decidojn, kaj emocio estas unu el ili. Homo ne estas tute raciaj estaĵoj (ni diskutis tion en la leciono pri morala sento), kio signifas, ke niaj moralaj decidoj ne nepre estos raciaj aŭ konsekvencaj. Ĉi tiu estas la kazo de la homo, kiu kontraŭas aborton, sed kiam estas lia filino, kiu volas aborti, ĝi permesas ŝin (pro amo de sia filino) kaj donos malbonan ekskuzon por pravigi kial lia filino povas aborti, sed aliaj virinoj ne povas. Ĉiu aborto estas tute sama, ĉu ne? Krom en iuj ekstremaj kazoj (morta feto, seksperforto kaj risko por la vivo de la patrino).

Ni ankoraŭ devas skribi ion pri mem-takso. Nu, apliki sur vi mem la kapablon juĝi estas speco de mem-takso. Sed ĝi povas disvolviĝi preter tio, ĉar, eĉ post kiam vi finos juĝi, io interne ankoraŭ memorigas al vi, ke vi scias, ke vi ne taksis aferojn ĝuste. Tiun senton ni ofte nomas “honto” aŭ “peza konscienco.” Post kiam la mem-takso estas finita, se ni konkludas, ke niaj agoj ne konformas al niaj propraj moraloj, ni hontas (aŭ, almenaŭ, tio supozeble okazus).

Pri la kazo de aborto, priskribita supre: la patro scias tre bone, ke li estas hipokrita, kvankam li ne deklaras ĝin al aliaj. Kaj tio povas kaŭzi honton en li, krom se li povas akcepti, ke aliaj knabinoj aŭ virinoj ankaŭ povas esti esceptaj kazoj. Sed, por fari tion, la patro devos revizii siajn moralojn principojn kaj konkludi, ke ne ĉiuj abortoj samas. Krom se li faros tion, lia honto daŭros vivanta.

La mem-takso nin pretas por ŝanĝi niajn agojn. Danke al ĝi, ni povas vidi ke niajn agojn povus esti pli morala aŭ ke nia moralo devas ŝanĝi antaŭ esceptaj kazoj, ĉiam ke tiaj kazoj estas tro ofta. Kiam nia moralo venas el nia komunumo (preĝejo, lando, kaj tiel plu), ni ankoraŭ povas taksi la moralajn principojn de nia medio. Tial ne ĉiuj konsentas pri la komunumaj moralaj principoj, ĉar nia sperto de la vivo malkovras al ni ke tiu moralo devus ŝanĝi.

Per tio, ni vidas, ke morala konscienco havas plurajn uzojn: ĝi permesas al ni korekti aliajn, ĝi malproksimigas nin de malbonaj moralaj modeloj, ĝi korektas nian propran konduton kaj ĝi montras al ni kiam revizii niajn principojn.

4 RECENCIO.

Niaj moralaj principoj venas el nia medio kaj niaj spertoj. Ekzemple, ili povas veni el la preĝeja aŭ familia edukado. Ni povas diri, ke morala konscienco estas la apliko de racio al niaj moralaj elektoj, juĝante ĉu nia konduto estas ĝusta aŭ ne. Ĝi havas tri elementojn: principojn (moralaj maksimoj), la kapablo juĝi (la aplikado de tiuj maksimoj al specifaj kazoj) kaj mem-taksado (la kapablo juĝi nin mem). La morala konscienco utilas por nia adaptiĝo al la socio, al la serĉado de justeco kaj nia persona plibonigo.

5 FINAJ KONSIDEROJ.

Mi skribis la sekvanta afero ĉi tie kelkfoje, sed mi faros ĝin denove: estas leĝoj, kiuj bezonas ŝanĝi; estas leĝoj, kiuj devas ĉesi ekzisti; estas leĝoj kreotaj. Estas nia morala konscienco, kiu diros al ni kien niaj leĝoj devas iri. Kun la tempo, niaj valoroj ŝanĝiĝas. Ĉi tio estas pozitiva, ĉar ĝi permesas leĝojn konformiĝi al la “spirito de la tempoj.” Ĉi tio ne signifas, ke la nova leĝo estas pli bona aŭ pli malbona, sed nur ke ĝi adaptiĝas pli bone al la nuntempo de nia nacio.

Ĉar moralaj principoj varias de homo al homo, estas klare, ke homoj el diversaj landoj kaj diversaj generacioj havas diversajn moralojn kaj tial kondamnos malsamajn aferojn. Ĉi tio nomiĝas morala relativismo. Sed tio ne signifas, ke ne ekzistas komunaj aferoj inter homoj el diversaj nacioj kaj tempoj. Se ni fokusas pri tio, kion ni havas komune, kunvivado estos pli harmonia. Tial ni devas koncentriĝi pri tio, kio unuigas nin kiam ajn eblas.

31 de agosto de 2024

Aula 3: Antônio Negri.

Filed under: Notícias e política, Organizações — Tags:, , , — Yure @ 15:43

1 INTRODUÇÃO.

Bom dia, jovens modernos. Hoje, o assunto é o pensamento político de um sujeito que ainda estava vivo na época em que dei esta aula para alunos do ensino médio: Antônio Negri. Ele morreu neste ano ou no ano passado, não lembro exatamente. Provavelmente ano passado, pois eu ainda estava no mestrado quando aconteceu e maior parte do meu mestrado se deu ano passado.

Especificamente, esta aula se foca em dois conceitos importantes da filosofia política de Negri: soberania e imperialismo. O que nós entendemos por soberania é antiquado, segundo ele. Para a maioria das pessoas, soberania é a capacidade de um povo de tomar decisões livres, ou seja, sem ser forçado a tomar decisões por uma nação outra. Mas e se um país for levado a adotar valores de outro país, se tais valores são importados, a ponto de mudar o pensamento local, as decisões desse país ainda são autênticas? É possível levar um país a agir contra seus interesses através de uma influência não-violenta. Na presença de tal influência, o país ainda é livre?

Era disso que Ariano Suassuna estava falando quando ele disse que hoje, quando os Estados Unidos quer dominar um povo, eles não mandam mais as forças armadas, mas o Michael Jackson e a Madonna: a influência da cultura norte-americana nos leva a pensar como estadunidenses e isso pode ser ruim para o povo de determinado território. Não houve violência, mas houve uma captura dos valores locais, do seu conceito de certo e de errado, o que pode levar tal povo a agir contra seus próprios interesses como nação.

Outra forma de um país influir pacificamente em outro (sem violar sua soberania) é pela desestabilização política. Se você conhece grupos que ao mesmo tempo estejam em um país e sejam contra o governo daquele país, você pode enviar-lhes dinheiro. Você não faz uma violência direta contra o país que se quer conquistar, mas fortalece grupos internos naquele país que sejam contra o governo. Eles passam, então, a te “deveram uma”. Um país caótico é um país frágil.

2 IMPÉRIO GLOBAL.

Para Negri, nossos tempos são marcados por um tipo novo de imperialismo: o global. Ele afirma que o império global (atualmente exercido pelos Estados Unidos) não precisa de fronteiras ou de um rei. Afinal, ainda que os Estados Unidos sejam os donos do mundo hoje, um cenário que vem mudando com a ascensão da China e da Rússia, seria um exagero dizer que o Joe Biden é o “rei do mundo”.

Como tal império se sustenta? Para Negri, isso se dá através do controle da globalização, a qual não é, como muitos pensam, um processo justo para todos. As nações mais fortes, isto é, economicamente mais fortes, podem usar a globalização para impor seus valores, modos de pensar e crenças sobre nações mais fracas. Isso é feito, especificamente, usando discursos ideológicos, entretenimento (maior parte do conteúdo que consumimos não é produzido no Brasil) e por políticas econômicas, como sanções e acordos. Todas essas coisas influem no comportamento de uma nação e em seu modo de vida. E tudo sem lançar um míssil. Nós vivemos no império global estadunidense, que se constrói dessa forma. Um vídeo muito legal sobre isso é o Amerika, do grupo Rammstein.

Vamos a alguns exemplos. Existem tratados mundiais que podem ser explorados em favor de nações poderosas. É o caso dos tratados políticos feitos para garantir eleições justas em sistemas democráticos. Você poderia levantar dúvidas sobre a validade das eleições de um país para colocar em movimento um plano de instauração de um governo-fantoche ou apenas para causar caos e fragilizar o governo local, ou ainda para colocar a população contra o governo. Aconteceu algo parecido na Bolívia, quando a eleição que reconduziu Evo Morales ao poder foi questionada e o que se sucedeu foi um período turbulento regido por uma piranha e por um sujeito, se não me falha a memória, chamado Camacho. Mas isso acontece de vez em quando naquele país. Nada fora do normal. O fato é que tratados internacionais podem ser usados como desculpa para intervir em um país, sem utilizar armas, mas “legalmente”, um truque potencializável pelo apoio midiático, o qual tentará levar a população a apoiar as decisões do império.

3 COMO CHEGAMOS A ESTE PONTO?

Como um império nos moldes apontados por Negri se estabelece? Segundo ele, o império se forma naturalmente quando todos querem paz. Parece algo que Thomas Hobbes diria. Para Hobbes, o estado natural do ser humano é o de guerra. Mas, quando a guerra se torna insuportável, as pessoas abrem mão de parte de sua liberdade para que um senhor ou assembleia de senhores possa governá-las. Para Negri, algo parecido acontece: na busca por paz, criamos consensos que seriam sagrados e invioláveis. Alguns exemplos seriam: eleições justas, desarmamento nuclear e outras coisas que supostamente todos queremos.

Mas nações mais fortes economicamente ou militarmente exploram esses acordos para seu próprio ganho e também, muitas vezes, os desrespeitam impunemente: ninguém deveria desenvolver armas nucleares hoje em dia, mas há vários países que têm armas nucleares ainda hoje e outros que as estão desenvolvendo com maior ou menor nível de segredo. Nestas circunstâncias, as formas de intervenção são instrumentalizadas oportunamente pelos países mais fortes, que podem intervir nos outros sem que intervenham nos seus.

Mas deixemos um pouco o alarmismo aqui. Uma coisa que eu detesto é o discurso que aponta um problema e não aponta meios para sanar o problema em apreço. Um discurso feito dessa forma desencoraja e desmobiliza, torna-se ódio pelo ódio. Então, como desfazer um império cultural, econômico ou militar, na visão de Antônio Negri?

É preciso antes entender que o império nasce do que Negri chama de multidão. A multidão somos nós todos, que queremos paz e por isso acreditamos nos acordos que firmamos, ainda que não sejam respeitados. Acabar com o império requer que a multidão se volte contra o imperador.

E isso já está acontecendo. Tome o exemplo de Israel: os Estados Unidos apoiam o genocídio de palestinos por parte de Israel, mas seus esforços em fazer nós, a multidão, aprovar tal apoio, tal genocídio, fracassaram. Maior parte do mundo é contra o que Israel está fazendo, apesar do desejo estadunidense de encontrar apoio ideológico em nós. A mídia corporativa, a princípio favorável a Israel, já se posiciona contrária, pois, como todo negócio, eles precisam de lucro. Seria um escândalo se posicionar a favor de Israel, o que poderia resultar em perda de audiência para veículos midiáticos pró-Israel. E isso só aconteceu graças ao Tiktok, o qual levou a tragédia palestina aos olhos do povo antes que a mídia de massa tradicional fizesse algo a respeito. E, vejam só: o Tiktok periga ser banido nos Estados Unidos.

Nós, a multidão, já não damos mais nosso apoio incondicional aos Estados Unidos. Resta agora saber o que pode sair disso, pois é difícil imaginar que não surgiria um outro imperador quando os Estados Unidos perder relevância o suficiente. Bom… antes a China do que a Rússia!

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Dizem que o brasileiro médio tem um “complexo de vira-lata”, uma condição que o leva a desprezar o próprio país e suas potencialidades, olhando com admiração os outros países, especialmente os Estados Unidos, como modelos inatingíveis, países que o Brasil nunca poderá ser e aos quais deveria se curvar. Tal complexo impede que o brasileiro valorize suas conquistas, ignorando seu potencial, o que atrapalha o desenvolvimento nacional. E o domínio ideológico estadunidense tem seu papel na perpetuação de tal complexo. Mas, felizmente, esse complexo vem sendo gradualmente superado, ironicamente por causa do próprio cinismo norte-americano que chega ao Brasil justamente por causa de tal domínio.

Hoje, a imagem que as pessoas têm, inclusive aqui, no Brasil, dos Estados Unidos é a de um país de pessoas sem estudo, miseráveis, gordas, que votam mal em uma democracia fajuta. É um estereótipo que chega a nós pelo próprio entretenimento estadunidense, que é tão popular na Terra inteira. Memes, desenhos animados (Family Guy, The Simpsons, King of the Hill), séries, tudo isso é produzido nos Estados Unidos e tais bens culturais nos chegam e nos mostram que os Estados Unidos não são um país para ser idealizado. Como isso vende, a indústria cultural norte-americana acaba exportando propaganda negativa de si mesma. Não é estranho?

Mas isso também é muito bom. Pessoas no mundo inteiro estão vendo, não apenas por causa do entretenimento, mas também por causa das ações concretas, das ações reais dos Estados Unidos, que aquele é um país como os outros, com qualidades e defeitos, de forma que ele não tem o direito de ficar acima de país nenhum. E isso tem um impacto na mentalidade brasileira, que passa a olhar mais para si e a voltar a buscar seu próprio desenvolvimento. O nacionalismo brasileiro, que tomou fôlego com Jair Bolsonaro, também teve seu papel na valorização do potencial brasileiro, ainda que o nacionalismo bolsonarista não seja mais que uma aparência (não nos esqueçamos que Bolsonaro saudou a bandeira dos Estados Unidos). Talvez precisemos de um nacionalismo de verdade, uma mentalidade mais egocêntrica mesmo, que olhe para o Brasil como um país de possibilidades e de problemas, disposta a resolver os problemas e realizar as possibilidades.

O declínio do império estadunidense também aproxima os países dominados. Se existem aqueles que estão cativos culturalmente, existem aqueles que estão cativos pelo poder das armas. Isso nos une. Há um meme segundo o qual “os Estados Unidos são a Flórida do mundo”, fazendo referência à má reputação que a Flórida tem nos Estados Unidos. Esse meme deixa claro que muita gente não gosta dos Estados Unidos e de sua tendência de se meter nos assuntos de outros países. Estamos todos cansados e irritados com isso.

30 de agosto de 2024

Lesson 1: ethics.

Filed under: Saúde e bem-estar — Tags:, , — Yure @ 20:07

1. INTRODUCTION.

Good afternoon! I decided that, for lack of better stuff to write about, I will turn my class plans into entries for this blog. I had tried to do this before and although it had worked for a while, the interest began to fall, both from the audience and from me as well. So I decided to write somewhat more casually, offering comments and anecdotes. It worked for Marx and Russell, so… I hope the result is better, as it seems to me that the few readers I have much prefer original writing over book notes.

The first class I lectured in high school was about ethics. For those who do not know, ethics is the part of philosophy interested in correct action. Whenever we ask ourselves how we should act, we are making an ethical inquiry. Thus ethics is not just about etiquette, politeness or things like that (those would be “moral rules”, which is not the same thing). Ethics is a much deeper branch of knowledge.

But whenever you wonder how to act, you need to remember that this is a question whose answer depends on the goal you want to achieve. How to act, but to achieve what kind of goal? Let’s see…

2 ETHICS AIMED AT HAPPINESS.

At first, ethics was focused on the pursuit of happiness. The ethical question par excellence, therefore, how to act in order to be happy? To answer such a question, we need an operational definition of happiness. We bring three definitions here: Aristotelian, Hellenistic and Nietzschian.

2.1 ARISTOTLE.

For Aristotle, happiness is the possession of what is beloved. Different people love different things, so the path to happiness is different to different types of people… Aristotle lists three types of people: those who love the wealth, those who love honor and those who love virtue. Those who love the wealth will derive happiness from money, those who love honor will derive their happiness from the cultivation of a good image and those who love virtue will derive their happiness from themselves, or rather, from the improvement of themselves. Aristotle states that only the last type of happiness is stable, for both wealth and honor depend more on external factors than our own effort. Unfortunately, as not everyone loves virtue, not everyone seeks happiness through virtue. A person may be forced to act virtuously, but would not feel happy doing it. For this kind of person, virtue does not bring happiness, so it is no use being virtuous to them.

This leads us to question what would be “virtue”, according to Aristotle. Well, virtue is the good habit! Unlike vice, which is a bad habit. Note that virtues and vices, precisely because they are habits, can be cultivated and attained by anyone who exercises them, although a person only deserves the label of “virtuous” if they feel pleasure in the practice of virtue.

There are two types of virtue, according to Aristotle: intellectual and moral. An intellectual virtue, such as wisdom, prudence or intelligence, must be cultivated to its highest degree, being diametrically opposed to its corresponding vice. The more, the better. Such are the intellectual virtues. But moral virtues operate differently: they are not diametrically opposed to a vice, but are between two vices opposite to each other, thus consisting of the moderation of a natural disposition.

Things will clear up with some examples: courage, liberality and humility. If your willingness to face the danger is excessive, you are not brave but reckless. A reckless person seeks unnecessary risks to show off, due to overconfidence or because they are too lazy to consider other options. Taking unnecessary risks is not real courage, but stupidity. This is the case of the person who, during the pandemic, did not wear mask and did not get vaccinated, because he was more “bad-ass” than the virus. On the other hand, if your willingness to face the danger is too low, you are a coward. The coward runs away from the risks that one needs to take. Again, the case of the pandemic: the coward was afraid of the vaccine, even if the vaccine could protect his life. True courage is the moderation of the willingness to confront danger: you do not seek unnecessary risks, but also do not flee from necessary risks. You face what needs to be faced, even if you are afraid. That is courage. Now, we see that courage is a virtue that is halfway through two vices: cowardice and recklessness.

Let us move on to the example of liberality. You are liberal (morally, not politically) when your willingness to spend money is moderate, that is, when you spend without contracting debt. If you spend money to the point of harming yourself (contracting debt), you are prodigal. But if you hate so much spending money to the point of harming yourself (neglecting your needs), you are miserly. A story that I really like to tell in my classes is that of my brother. He needed eye surgery so as not to go blind. When we arrived at the clinic and he asked how much surgery cost: R$ 2,000.00 or so. He said he would think about it. On the way back, he looked at me and asked me, “Was that the price for both eyes or just one?” Then we returned to the clinic and he asked the attendant, “How much would it cost to operate just one eye?” He would gladly lose one eye to save a thousand bucks in this currency (back then, that would be around US$ 250.00). By the way, he never went back to the doctors for them to evaluate his evolution.

Thus, liberality is between two vices: greed and prodigality. The same can be said of humility: you are humble when you recognize your own value, without giving yourself more value than what you deserve (which would be arrogance) and no less than what you deserve (which would be low self-esteem, even if Aristotle does not employ such a term).

2.2 HELLENISTS.

Hellenists, such as epicureans, stoics, skeptics and cynics, were perhaps the philosophers who most discussed the matter of happiness. A common definition of happiness between them was that happiness is the absence of pain. You are happy when you have nothing to complain about, when nothing bothers you. Note that not having what you love is a pain, and the possession of what you love is the Aristotelian definition of happiness. So the Hellenistic definition encompasses that of Aristotle. But they diverged in the means to come to happiness: epicureans used pleasure as a foundation to happiness, stoics used life according to nature as foundation, skeptics used the suspension of judgment (epoche) and cynics used the rejection of the advantages of social life.

2.2.1 Epicurus.

Let’s start with Epicurus. For him, you must seek pleasure, but responsibly. And how is that done? By means of a kind of “calculation” of pleasure, as Ubaldo Nicola says, in his Illustrated Anthology of Philosophy. When you need something or feel a desire, think: will satisfying that desire bring me more pleasure than pain? If yes, go ahead and do it. Otherwise, it would be bad to satisfy such desire. Thus, we see that the search for pleasure, to which the Epicureans dedicate themselves, is not an unbridled, irresponsible search, but a search for pleasures that are worth seeking, that is, only pleasures that do not imply an unreasonable amount of pain.

Based on such a calculation, Epicurus classifies pleasures into three types: necessary and natural; unnecessary and natural; artificial. The necessary and natural ones must always be sought, as not seeking them always brings more pain than pleasure. Examples of necessary and natural pleasures are: drinking water, eating, sleeping, relieving yourself when you gotta go (Thomas Morus, in Utopia, says a few words about the pleasure of defecation, I’m not making it up, go read it), among other things that you literally can’t live without it. Artificial things, like fame and fortune, always bring more pain than pleasure, in Epicurus’ view, which means that must never be sought. I imagine that, in his time, banks weren’t so safe. Many people with money lived in fear of their wealth being discovered. Then they buried the money in a safe place (like in pirate stories). In the case of fame, it makes more sense. Indeed, many people went crazy because of fame.

As for natural but unnecessary pleasures, you must judge each one, on a case by case basis, to know whether or not it is worth seeking it. I know that part of my audience is comprised of pedophiles, so I can use the example of pedophilia. Would it be worth risking losing your freedom for eight, perhaps fifteen, years just to give pleasure to someone who is not fourteen yet? That surely wouldn’t be worth it. Such is a pleasure that should not be sought, unless, of course, that laws change first. The same can be said about consumption of child porn.

2.2.2 Stoics.

Stoicism is living a Renaissance today on the internet. Being one of my favorite schools, I like the high popularity of stoicism in post-pandemic times. It is interesting how stoicism is particularly popular with men going their own way (MGTOW) and I always saw how those two worldviews combine.

For stoics, the universe is rational and properly ordered. Everything follows the plans of the universe, which knows what is better for us and itself, for it is infinitely wiser than us. Thus, whenever something beyond our control happens to us, we can be sure that this was for the good of the universe as a whole (Christians do that a lot, saying that everything is in God’s plans). We humans must adapt to what the universe throws at us, without revolting against what is beyond our powers. For example: I can’t expel Enel from my state because of the power outages that happen every so often, but I can still light a candle and call them to notify them about the problem. Revolting against a power outage is foolishness, but it is also foolish not to use the tools I have to adapt to the power outage as I wait for it to return. This is the case of death too: it would be silly on my part to revolt against the idea that I can die, but I can still extend my life and improve its quality within my limits. If I act this way, I will find the tranquility, to which the stoics call ataraxia.

Such a goal can only be attained when a subject acts according to its nature, which would be a kind of script designated for each species by the universe. Reason is the human nature in stoicism, that is, the human being will only reach this state of imperturbability by the exercise of reason and the removal from his life of things that impair the exercise reason (such as strong emotions, which need to be rationalized to lose their intensity and their potential to lead us to act against the rational ideal). And this is where I see the point of convergence between stoicism and MGTOW: many of these men, seeking the removal of women from their lives, but also to retreat from society, need to deal intelligently with sexual desire, which could push them act against their ideals of avoiding relationships.

2.2.3 Cynics and skeptics.

The cynics sought happiness through the rejection of the advantages offered by society. They lived almost like dogs (hence the term “cynical”, which comes from the Greek word meaning “dog”, just don’t ask me to remember how this Greek word in question is written). The best way to understand how this functioned in practice is to analyze the behavior of Diogenes of Synope, the most celebrated fella in the cynic school. He lived in a barrel, because houses are unnecessary. He threw away the bowl he used to drink water, because he realized, thanks to a boy, that he could catch water with his hands and lick it. He also found sex unnecessary: why would someone in their right mind have sex when masturbation is an option? Such was a radical attitude taken in the name of virtue, based on the idea that virtue brings happiness and that the advantages of society, its silly rules and stupid conventions, are harmful to a man’s character.

But why do we call “cynical” today the person who makes mockery out of everything? Because the cynical philosophers argued like this. Instead of using genius arguments like other philosophers of the time, they merely showed how ridiculous are the attitude of others. It is said that Diogenes was watching a class on Platonic philosophy, in which the teacher said that the human being is like a rooster without feathers. Diogenes went to the chicken coop, grabbed a rooster, removed its feathers and threw it to the teacher, saying: “there is your human being.” On another occasion, Alexander, the Great, would have approached him while Diogenes was sunbathing in a plain. Alexander stood between Diogenes and the sunlight, casting a shadow. Alexander then said, “Ask me anything you want and I will give it to you.” Diogenes then said: “Give back my sun.”

Why did they act in such an annoying way? Because showing others that what they are doing is worthy of laughter makes them feel ashamed and this shame is educational, because it leads the person to abandon their ways. Later, Voltaire will say that this is the only way to deal with fanatics, who cannot be persuaded by reason.

Skeptics, on the other hand, believed that the best way to achieve happiness is by the suspension of judgment, the so-called epoché: the truth, if it exists, is not obtained by us humans. Thus, the skeptical avoided taking sides on serious issues, recognizing that the plurality of reasons against and in favor of a certain opinion made abstention the most rational and peaceful course of action. This attitude of not taking sides in any given issue of importance brought them peace.

Pyrro, a skeptical philosopher, even argued (poorly) against the idea that anyone could possess any truth. His arguments were based on the fact that we use relative terms to describe the objective world in which we live. For example, the school where a boy studies is close to his home or far? It depends: what I consider close may be judged far by you, and if we reach an agreement, it would be a coincidence. The same can be said about issues such as temperature, for example (if something is hot or cold depends on those who feel). Voltaire counteracts such an argument, in his philosophical dictionary, pointing out that even if far and close are relative terms, three kilometers is not. Anyone who measures the way between the boy and the school in which he studies, if the measurement is done right, will be in agreement about the distance between the school and the tyke. The same can be said about temperature: hot and cold are relative, but five degrees Celsius is not relative. The argument that the truth is unreachable is ruined by mathematics (Augustine in its Against Academics: dialogue in three books, even urges us to learn mathematics precisely because it is a safe method for achieving truth about something).

2.3 NIETZSCHE.

Although Nietzsche came after Kant, he gives a definition of happiness close to the definitions found in the period before Kant. For Nietzsche, Hellenists were wrong to define happiness as a state instead of an activity. For Nietzsche, happiness is the feeling that you have when you overcome a challenge. If there were no challenges to overcome, we would be consumed of boredom. Therefore, humanity needs something that causes suffering, in order to have problems to overcome. Efforts to fully eliminate suffering will always cause a different kind of suffering to us.

Nietzsche was a fan of Schopenhauer, the famous pessimistic philosopher, so it makes sense that he would see things that way. Schopenhauer is the inventor of a metaphor that bears his name: Schopenhauer’s pendulum, according to which human life oscillates between suffering (the struggle to achieve a goal) and boredom (because we lose interest after the goal is achieved). It is possible to trace parallels between the pendulum of Schopenhauer and the Nietzschian definition of happiness, which would be that moment when the pendulum reached the limit, when we achieve the goal, but has not yet begun the movement backwards, when boredom begins to settle in. Nietzsche did not like Pascal, but his thought and that of Pascal are close, for Pascal also argues, in his Thoughts, that men need distraction, even in the form of work or some noble social cause, not to be depressed of boredom.

But perhaps Bertrand Russell would not care so much: in his History of Western Philosophy, Russell compares Nietzsche with Thomas Aquinas, saying he would prefer the saint (although Russell was an atheist like Nietzsche), as Nietzsche’s ideas are dangerous. He even imagines what a debate between Nietzsche and Buddha would go, showing how peace is preferable. Russell, like the Hellenists, would prefer a world without suffering, even at the risk of making the world “boring”.

3 ETHICS AIMING AT JUSTICE.

Okay, now we have the idea that man needs to be happy and that really is interesting to me. But Kant points out some problems with this: what makes someone happy can make another unhappy. Take the example of Nietzsche, who came after Kant, but fits here: if happiness is overcoming difficulties and human interests come into conflict, a valid way of seeking happiness is suppressing the interests of others, whenever such interests conflict with yours. This is done by struggle, war and conquest. Nietzsche even has a name for this: will to power, explaining that the human being brings in himself a desire for dominion. But would that be fair? Would it be fair to subdue others to get my own happiness?

What about Aristotle? If I’m not mistaken, in his Metaphysics of Customs, Kant criticizes the ethics of virtues, conceived by Aristotle, according to which moral virtue is between two vices. For some cultures, being a greedy is a virtue. For others, being a coward is a virtue. Thus, there is no guarantee that the virtues pointed out by Aristotle will continue to be virtues at the moment you step outside of Greece.

And Epicurus? Well, you should escape suffering, seeking only actions that cause more pleasure than pain, but doesn’t that open up an opportunity to commit a crime if it’s certain that you won’t be discovered? After all, the suffering implicit in the action would be zero! Perhaps because of this, utilitarians, like Jeremy Bentham and his fellas, try to remedy this by adding that each action must also be evaluated according to the well-being provided to others, not just to oneself, so that the best actions are those that cause the greatest good to the greatest number of people…

Let’s go back to Kant: if happiness is not a good goal for ethics, what goal should replace it? Justice. But, to achieve justice, it is necessary to start from a moral precept that we can all agree on. Kant proposes that this precept is the categorical imperative: one should only do what everyone else could do. It is imperative because it is an order and categorical because it does not accept exceptions.

Example: you need money, so you borrow said money knowing that you will not return it (this example is in the Foundation of the Metaphysics of Customs). Would that be fair? Imagine: would it be fair if everyone borrowed money knowing they wouldn’t pay it back? No. If others can’t do it, neither can you. This is the categorical imperative. It is only acceptable to do something if said thing would still be fair if done by anyone, not just you.

Ah, but what if it is a matter of life or death? Is it fair to do this if it was a matter of life or death? This question does not apply because the imperative is categorical. One should not ask “would it be fair to not return the money if…”, but “would it be fair not to return the money?”, period. It does not matter why you need the money, nor why it would not be returned.

This is hard to apply. It is very difficult to live this way because it does not properly appraises a large number of exceptional cases that simply happen. Applying such a precept may end up producing injusticein a particular case. Perhaps this is why I have never seen a person apply such a precept to their own life, not without allowing exceptions.

David Hume, who came before Kant, states that a totally rational ethics, such Kant’s, is not possible because emotions and feelings permeate our lives and our choices. The ethical concern itself, how to live in the “correct” way, is born from feelings. It is the feelings that give rise to laws against murder, for example. It is not a rational foundation that originated the legislation against murder, but the feeling that murder is abominable, sometimes more or sometimes less depending on circumstances (hence the murder qualifiers found in law). Note that this does not mean that feeling must be the only referee in moral situations: Stephen Kershar, in Pedophilia and Adult-Child Sex: a Philosophical Analysis, points out that aesthetic pleasure (the feeling that something is “ugly” or “beautiful”) should not serve as moral foundation. For example, for many people, sex between obese or same-sex people is disgusting and horrible, but does this mean that this kind of sexual activity is also wrong? No. The feeling may be present, but one should not allow feelings to rule moral judgments. Although feelings can be a start, the reflection itself must be guided by reason.

3.1 HUMAN RIGHTS?

Perhaps we cannot find a universal ethical principle as Kant wanted. At least, not one that can be applied to all. Perhaps we should really accept that each nation have a different morality due to having different ethical principles. But would there be at least a set of minimal rights and duties that can be attributed to every human being? The most popular attempt to achieve this goal are the human rights. The Declaration of Human Rights contains twenty-eight rights and two duties that are inherent to the person… right? Perhaps?

The fact is that every decision of the United Nations has only power below the local constitution of a nation that is part of it: any human right can be denied by the constitution of a signatory country. For example, a human right is freedom of speech, but the Brazilian Federal Constitution does not allow you to express everything you would like to. So freedom of speech in Brazil has limitations, even if it is a human right.

This shows us that the current tendency in politics is to respect each country’s differences and allow them to self-determine, even morally. Just look at the age of consent in each country (I love this example). The UN can complain, of course. But it will not run over the constitution of any country. At least I have never seen it happen and, considering UN’s performance today, I don’t think I will see it happen anytime soon.

4 FINAL CONSIDERATIONS.

Ethics, as a reflection on the rules we follow, is something that just is not for those who are devoid of critical thinking. One must reflect on the correction of moral rules, their foundation, their goals and form. Thanks to ethics, we can judge our morals and not only our morals. Reflection on right and wrong goes beyond accepting as “right” what people tells us to be right. Everyone should wonder, at least once in their lifetime, why they follow the rules they follow, if such rules are still appropriate as they were at the moment they were designed or implemented, especially in front of a world whose reality changes. Who knows? Perhaps many rules we usually follow are already outdated and are impairing our development as a nation.

Understanding that values ​​are different for each people helps us understand why different people and different human beings have different morals. What we consider valuable may not be valuable in other cultures. Perhaps they have different priorities or different views on certain subjects, such as sexuality, politics or religion. Thus, before condemning the morals of others and approving ours, as we often do, we should first check what these others regard as values. All morals are created based on values, whether community values ​​or the values ​​of the ruling class. Identifying such values ​​will assist in understanding human behavior in cultures other than ours.

29 de agosto de 2024

Lección 1: ética.

Filed under: Saúde e bem-estar — Tags:, , — Yure @ 20:14

1. INTRODUCCIÓN.

¡Buenas tardes! Decidí que, por falta de mejores cosas acerca de las cuales escribir, convertiré mis planes de clase en entradas para este blog. Había tratado de hacer esto antes y aunque había funcionado por un tiempo, el interés comenzó a caer, tanto de la audiencia como de mí mismo. Así que decidí escribir más casualmente, ofreciendo comentarios y anécdotas. Funcionó para Marx y Russell… Espero que el resultado sea mejor, ya que me parece que los pocos lectores que tengo prefieren más contenido original y menos las apuntes de libros.

Mi primera clase en la escuela secundaria fue sobre ética. Para aquellos que no saben, la ética es la parte de la filosofía interesada en la acción correcta. Cada vez que nos preguntamos cómo debemos actuar, estamos haciendo una investigación ética. Por lo tanto, la ética no se trata solo de etiqueta, cortesía o cosas así (esas serían “reglas morales”, lo cual no es lo mismo). La ética es una rama mucho más profunda del conocimiento.

Pero cada vez que te preguntas cómo actuar, debes recordar que esta es una pregunta cuya respuesta depende del objetivo que desea lograr. ¿Cómo actuar, pero para lograr qué tipo de objetivo? Vamos a verlo…

2 ÉTICA DIRIGIDA A LA FELICIDAD.

Al principio, la ética se centraba en la búsqueda de la felicidad. La pregunta ética por excelencia, por lo tanto, era: ¿cómo actuar para ser feliz? Para responder a esa pregunta, necesitamos una definición operacional de felicidad. Traemos tres definiciones aquí: aristotélica, helenística y la de Nietzsche.

2.1 ARISTÓTELES.

Para Aristóteles, la felicidad es la posesión de lo que es amado. Diferentes personas aman a cosas diferentes, por lo que el camino hacia la felicidad es diferente a los diferentes tipos de personas… Aristóteles enumera a tres tipos de personas: las que aman la riqueza, las que aman el honor y las que aman la virtud. Aquellos que aman la riqueza derivarán su felicidad del dinero, aquellos que aman el honor derivarán su felicidad del cultivo de una buena imagen y aquellos que aman la virtud derivarán su felicidad de sí mismos, o más bien, de la mejora de sí mismos. Aristóteles afirma que solo el último tipo de felicidad es estable, ya que tanto la riqueza como el honor dependen más de los factores externos que de nuestro propio esfuerzo. Desafortunadamente, como no todos aman la virtud, no todos buscan la felicidad a través de la virtud. Una persona puede verse obligada a actuar virtuosamente, pero no se sentiría feliz al hacerlo. Para tales personas, la virtud no trae felicidad, por lo que no sirve de nada ser virtuoso para ellos.

Esto nos lleva a cuestionar lo que sería la “virtud”, según Aristóteles. Bueno, ¡la virtud es el buen hábito! A diferencia del vicio, que es un mal hábito. Tenga en cuenta que las virtudes y vicios, precisamente porque son hábitos, pueden ser cultivadas y alcanzadas por cualquiera que los practique, aunque una persona solo merece el título de “virtuosa” si siente placer en la práctica de la virtud.

Hay dos tipos de virtud, según Aristóteles: intelectual y moral. Una virtud intelectual, como la sabiduría, la prudencia o la inteligencia, debe cultivarse al más alto grado, que se opone diametralmente a su vicio correspondiente. Mientras más, mejor. Tales son las virtudes intelectuales. Pero las virtudes morales funcionan de manera diferente: no se oponen diametralmente a un vicio, sino que se encuentran entre dos vicios opuestos entre sí, así que consisten en la moderación de una disposición natural.

Las cosas se aclararán con algunos ejemplos: coraje, liberalidad y humildad. Si su disposición a enfrentar el peligro es excesiva, no es valiente sino imprudente. Una persona imprudente busca riesgos innecesarios para atraer atención, debido al exceso de confianza o porque es demasiado perezoso para considerar otras opciones. Tomar riesgos innecesarios no es coraje de verdad, sino estupidez. Este es el caso de la persona que, durante la pandemia, no usó máscara y no se vacunó, porque era más “fuerte” que el virus. Por otro lado, si tu disposición a enfrentar el peligro es demasiado debil, eres un cobarde. El cobarde se escapa de los riesgos que debe tomar. Nuevamente, el caso de la pandemia: el cobarde tenía miedo de la vacuna, incluso si la vacuna pudiera proteger su vida. El verdadero coraje es la moderación de la voluntad de confrontar el peligro: la persona no busca riesgos innecesarios, pero tampoco huye de los riesgos necesarios. Ella enfrenta a lo que debe enfrentar, incluso si tiene miedo. Eso es coraje. Así que vemos que el coraje es una virtud que está entre dos vicios: cobardía e imprudencia.

Pasemos al ejemplo de liberalidad. Usted es liberal (moralmente, no políticamente) cuando su disposición a gastar dinero es moderada, es decir, cuando gasta sin contraer deudas. Si gasta dinero hasta el punto de dañarse (contraendo deudas), usted es pródigo. Pero si odias tanto gastar dinero hasta el punto de dañarte (descuidar tus necesidades), tú es avaro. Una historia que me gusta contar en mis clases es la de mi hermano. Necesitaba cirugía ocular para no quedarse ciego. Cuando llegamos a la clínica, él preguntó cuánto costaba la cirugía: R$ 2,000.00 más o menos. Él dijo que pensaría acerca. En el camino de regreso, me miró y me preguntó: “¿Era ese el precio de ambos ojos o solo uno?” Luego regresamos a la clínica y él le preguntó al asistente: “¿Cuánto costaría operar solo un ojo?” Con mucho gusto mi hermano perdería un ojo para no gastar mil reales brasileños (US$ 250.00 en aquel tiempo). Además, nunca volvió a los médicos para que evalúen su evolución.

Por lo tanto, la liberalidad está entre dos vicios: la avaricia y la prodigalidad. Lo mismo puede decirse de la humildad: eres humilde cuando reconoces tu propio valor, sin darte más valor que lo que mereces (que sería arrogancia) y no menos de lo que mereces (que sería baja autoestima, aunque Aristóteles no emplea esa palabra).

2.2 HELENISTAS.

Los helenistas, como los epicúreos, los estoicos, los escépticos y los cínicos, fueron quizás los filósofos que más discutieron la cuestión de la felicidad. Una definición común de felicidad entre ellos era que la felicidad es la ausencia de dolor. Estás feliz cuando no tienes nada de qué quejarse, cuando nada te molesta. Tenga en cuenta que no tener lo que amas es un dolor, y la posesión de lo que amas es la definición aristotélica de felicidad. Entonces la definición helenística abarca la de Aristóteles. Pero divergieron en los medios para llegar a la felicidad: los epicúreos usan el placer como base para la felicidad, los estoicos usan la vida según la naturaleza como base, los escépticos usan la suspensión del juicio (epoche) y los cínicos usan el rechazo de las ventajas de la vida social.

2.2.1 Epicuro.

Empecemos con Epicuro. Para él, tenemos que buscar el placer, pero con responsabilidad. ¿Y cómo se hace eso? Mediante una especie de “cálculo” del placer, como dice Ubaldo Nicola, en su Antología Ilustrada de Filosofía. Cuando necesites algo o sientas un deseo, piensa: ¿satisfacer ese deseo me traerá más placer que dolor? Si es así, debes buscar satisfación. De lo contrario, sería un error satisfacer tal deseo. Así, vemos que la búsqueda del placer, a la que se dedican los epicúreos, no es una búsqueda desenfrenada, irresponsable, sino una búsqueda de placeres que valgan la pena buscar, es decir, sólo placeres que no impliquen una cantidad irrazonable de dolor.

Basándose en tal cálculo, Epicuro clasifica los placeres en tres tipos: necesarios y naturales; innecesarios y naturales; artificiales. Siempre hay que buscar los prazeres necesarios y naturales, ya que no buscarlos siempre nos trae más dolor que placer. Ejemplos de placeres necesarios y naturales son: beber agua, comer, dormir, hacer sus necesidades (Thomas Morus, en Utopía, escribió unas palabras sobre el placer de defecar, no lo estoy inventando, vayan a leerlo), entre otras cosas que literalmente no puedes vivir sin. Los prazeres artificiales, como la fama y la fortuna, siempre traen más dolor que placer, en opinión de Epicuro, lo que significa que nunca debemos buscarlas. Me imagino que en su época los bancos no eran tan seguros. Muchas personas con dinero vivían con el temor de que se descubriera su riqueza. Luego enterraban el dinero en un lugar seguro (como en las historias de piratas). En el caso de la fama, eso hace más sentido. De hecho, mucha gente se volvió loca por causa de la fama.

En cuanto a los placeres naturales pero innecesarios, debes juzgar cada uno, caso por caso, para saber si vale la pena buscarlo o no. Sé que parte de mi audiencia está compuesta por pedófilos, por lo que puedo usar el ejemplo de la pedofilia. ¿Vale la pena arriesgarse a perder su libertad durante ocho, quizás quince, años solo para dar placer a alguien que aún no tiene catorce años? Eso seguramente no valdría la pena. Tal es un placer que no debe buscarse, a menos que, por supuesto, las leyes cambien primero. Lo mismo puede decirse sobre el consumo de pornografía infantil.

2.2.2 Los estoicos.

El estoicismo está viviendo un renacimiento hoy en Internet. Siendo una de mis escuelas favoritas, me gusta la alta popularidad del estoicismo en los tiempos posteriores a la pandemia. Es interesante cómo el estoicismo es particularmente popular entre los hombres que siguen a su proprio camino (MGTOW) y siempre vi cómo se combinan esas dos cosmovisiones.

Para los estoicos, el universo es racional y se ordena adecuadamente a sí mismo. Todo sigue los planes del universo, que sabe lo que es mejor para nosotros y para sí mismo, ya que es infinitamente más sabio que nosotros. Por lo tanto, cada vez que nos sucede algo más allá de nuestro control, podemos estar seguros de que esto fue para el bien del universo en su conjunto (los cristianos lo hacen mucho, diciendo que todo está en los planes de Dios). Nosotros debemos adaptarnos a lo que el universo nos arroja, sin enojarse contra lo que está más allá de nuestros poderes. Por ejemplo: no puedo expulsar a Enel de mi estado debido a los cortes de energía que ocurren de vez en cuando, pero aún puedo encender una vela y notificarles acerca del problema. Enojarse contra un apagón es una tontería, pero también es una tontería no usar las herramientas que tengo para adaptar al apagón mientras espero a que regrese. Este es el caso de la muerte también: sería una tontería de mi parte rebelarse contra la idea de que puedo morir, pero aún puedo extender mi vida y mejorar su calidad dentro de mis límites. Si actúo de esta manera, encontraré la tranquilidad, a la que los estoicos llaman “ataraxia”.

Tal objetivo solo se puede alcanzar cuando un sujeto actúa de acuerdo con su naturaleza, que sería un tipo de guión designado para cada especie por el universo. La razón es la naturaleza humana, según el estoicismo, es decir, el ser humano solo alcanzará este estado de imperturbabilidad por el ejercicio de la razón y la eliminación de su vida de cosas que afectan negativamente a la razón (como las emociones fuertes, que debemos racionalizar, para que su intensidad y su potencial para llevarnos a actuar contra el ideal racional sea menor). Y aquí es donde veo el punto de convergencia entre estoicismo y MGTOW: muchos de estos hombres, que buscan la eliminación de las mujeres de sus vidas, pero también retirarse de la sociedad hasta cierto punto, necesitan tratar de manera inteligente el deseo sexual, lo que podría impulsarlos actuar contra sus ideales de evitar las relaciones con mujeres.

2.2.3 Cínicos y escépticos.

Los cínicos buscaban la felicidad a través del rechazo de las ventajas ofrecidas por la sociedad. Vivían casi como perros (de ahí el término “cínico”, que proviene de la palabra griega que significa “perro”, pero no me pidas que recuerde cómo se escribe esta palabra griega en cuestión). La mejor manera de entender cómo funcionaba esto en la práctica es analizar el comportamiento de Diógenes de Sínope, el tipo más famoso en la escuela cínica. Vivía en un barril, porque las casas son innecesarias. Tiró el tazón que usaba para beber agua, porque se dio cuenta, gracias a un niño, que podía atrapar agua con las manos y lamerlo. También no tenía sexo: ¿por qué alguien en su sano juicio tendría sexo cuando la masturbación es una opción? Tal era una actitud radical tomada en nombre de la virtud, basada en la idea de que la virtud trae felicidad y que las ventajas de la sociedad, sus tontas reglas y estúpidas convenciones, son perjudiciales para el carácter de un hombre.

Pero, ¿por qué llamamos hoy “cínico” a la persona que se burla de todo? Porque los filósofos cínicos argumentaban así. En lugar de usar argumentos geniales como otros filósofos de su época, simplemente mostraron cuán ridículos era la actitud de los demás. Se dice que Diógenes estaba viendo una clase sobre filosofía platónica, en la que el maestro dijo que el ser humano es como un gallo sin plumas. Diógenes fue al gallinero, agarró un gallo, le quitó las plumas y se lo arrojó al maestro, diciendo: “Ahí está tu ser humano”. En otra ocasión, Alexander, el Grande, se habría acercado a él mientras Diógenes estaba tomando el sol en una llanura. Alexander se paró entre Diógenes y la luz del sol, lanzando una sombra. Alexander luego dijo: “Dijeme lo que quieras y te lo daré”. Diógenes luego dijo: “Quiero mi sol”.

¿Por qué ellos actuaban de manera tan molesta? Porque mostrar a los demás que lo que están haciendo es digno de risa los hace sentir avergonzados y esta vergüenza es educativa, porque lleva a la persona a abandonar sus modos de agir. Más tarde, Voltaire dirá que esta es la única forma de lidiar con los fanáticos, que no pueden ser persuadidos por la razón.

Los escépticos, por otro lado, creían que la mejor manera de lograr la felicidad es mediante la suspensión del juicio, la llamada epoché: la verdad, si existe, no es obtenida por nosotros, los humanos. Por lo tanto, el escéptico evitaba tomar partido en problemas graves, reconociendo que la pluralidad de razones en contra y a favor de una cierta opinión hizo que la abstención fuera el curso de acción más racional y pacífico. Esta actitud de no tomar partido en ningún tema de importancia les trajo paz.

Pyrro, un filósofo escéptico, incluso argumentó (mal) contra la idea de que cualquiera podría poseer cualquier verdad. Sus argumentos se basaron en el hecho de que usamos términos relativos para describir el mundo objetivo en el que vivimos. Por ejemplo, ¿la escuela donde un niño estudia está cerca de su hogar o lejos? Depende: lo que considero que cerca puede ser juzgado lejos por usted, y si llegamos a un acuerdo, sería una coincidencia. Lo mismo puede decirse sobre problemas como la temperatura, por ejemplo (si algo está caliente o frío depende de quien lo siente). Voltaire contesta a tal argumento, en su Diccionario Filosófico, señalando que incluso si lejos y cerca son términos relativos, tres kilómetros no lo son. Cualquiera que mida el camino entre el niño y la escuela en la que estudia, si la medición se realiza bien, estará de acuerdo sobre la distancia entre la escuela y el niñito chiquito. Lo mismo puede decirse de la temperatura: el calor y el frío son relativos, pero cinco grados Celsius no son relativos. El argumento de que la verdad es inalcanzable es arruinado por las matemáticas (Agustín en su En Contra de Los Académicos: diálogo en tres libros, incluso nos insta a aprender las matemáticas precisamente porque es un método seguro para lograr la verdad sobre algo).

2.3 NIETZSCHE.

Aunque Nietzsche vino después de Kant, él nos da una definición de felicidad cerca de las definiciones encontradas en el período anterior a Kant. Para Nietzsche, los helenistas se equivocaron al definir la felicidad como un estado en lugar de una actividad. Para Nietzsche, la felicidad es la sensación que tienes cuando superas un desafío. Si no hubiera desafíos que superar, seríamos consumidos de aburrimiento. Por lo tanto, la humanidad necesita algo que cause sufrimiento, para tener problemas que superar. Los esfuerzos para eliminar completamente el sufrimiento siempre nos causarán un tipo diferente de sufrimiento, en su opinión.

Nietzsche era fanático de Schopenhauer, el famoso filósofo pesimista, por lo que hace sentido que vea las cosas de esa manera. Schopenhauer es el inventor de una metáfora que lleva su nombre: el péndulo de Schopenhauer, según el cual la vida humana oscila entre el sufrimiento (la lucha por lograr un objetivo) y el aburrimiento (porque perdemos interés después de que se logra el objetivo). Es posible rastrear los paralelos entre el péndulo de Schopenhauer y la definición de felicidad de Nietzsche, que sería ese momento en que el péndulo alcanzó el límite, cuando logramos el objetivo, pero aún no ha comenzado el movimiento hacia atrás, cuando el aburrimiento comienza. A Nietzsche no le gustaba Pascal, pero su pensamiento y el de Pascal son cercanos, porque Pascal también argumenta, en sus Pensamientos, que los hombres necesitan distracción, incluso en forma de trabajo o alguna causa social noble, para alejar el aburrimiento.

Pero quizás a Bertrand Russell no le importaría tanto: en su Historia de la Filosofía Occidental, Russell compara a Nietzsche con Thomas Aquinas, diciendo que preferiría el santo (aunque Russell era un ateo como Nietzsche), ya que las ideas de Nietzsche son peligrosas. Incluso se imagina como un debate entre Nietzsche y Buda sería, mostrando cómo es preferible la paz. Russell, como los helenistas, preferiría un mundo sin sufrimento, incluso a riesgo de hacer que el mundo se volva “aburrido”.

3 LA JUSTICIA COMO OBJECTO DE LA ÉTICA.

Bueno, ahora tenemos la idea de que el hombre necesita ser feliz, lo que realmente es interesante para mí. Pero Kant señala algunos problemas con esto: lo que hace feliz a alguien puede hacer que otro sea infeliz. Tome el ejemplo de Nietzsche, que vino después de Kant, pero se ajusta aquí: si la felicidad es la superación de las dificultades y los intereses humanos entran en conflicto, una forma válida de buscar la felicidad es suprimir los intereses de los demás, siempre que tales intereses entren en conflicto con los nuestros. Esto se hace por lucha, guerra y conquista. Nietzsche incluso tiene un nombre para esto: voluntad de poder, pues, para Nietzsche, el ser humano trae un deseo de dominio. Pero ¿eso sería justo? ¿Sería justo someter a otros para obtener mi propia felicidad?

Aristóteles también no es perfecto: si no me equivoco, en su Metafísica de las Costumbres, Kant critica la ética de las virtudes, concebida por Aristóteles, según la cual la virtud moral se queda entre dos vicios. Para algunas culturas, ser codicioso es una virtud. Para otros, ser un cobarde es una virtud. Por lo tanto, no hay garantía de que las virtudes señaladas por Aristóteles continuarán siendo virtudes en el momento en que alguién sale de Grecia.

¿Y Epicuro? Bueno, debes huir del sufrimiento, buscando sólo acciones que causen más placer que dolor, pero ¿no abre eso una oportunidad para cometer un crimen si es seguro que no serás descubierto? Después de todo, ¡el sufrimiento implícito en la acción sería cero! Quizás por eso, los utilitaristas, como Jeremy Bentham y sus compañeros, intentan remediar el problema añadiendo que cada acción también debe evaluarse según el bienestar proporcionado a los demás, no sólo a si mismo, de modo que las mejores acciones sean aquellas que causan el mayor bien al mayor número de personas…

Volvamos a Kant: si la felicidad no es un buen objetivo para la ética, ¿qué objetivo debería sustituirla? La justicia. Pero, para alcanzar la justicia, es necesario partir de un precepto moral en el que todos podamos estar de acuerdo. Kant propone que este precepto es el imperativo categórico: sólo se debe hacer lo que todos los demás también pueden hacer. Es imperativo porque es un orden y categórico porque no acepta excepciones.

Ejemplo: necesitas dinero, entonces pides prestado dicho dinero sabiendo que no lo devolverás (este ejemplo está en el Fundamento de la Metafísica de las Costumbres). ¿Sería eso justo? Imagínese: ¿sería justo que todos pidieran dinero prestado sabiendo que no lo devolverían? No. Si otros no pueden hacerlo, tú tampoco. Este es el imperativo categórico. Solo es aceptable hacer algo si dicho hecho sería justo si lo hiciera cualquiera persona, no solo usted.

Ah, pero ¿y si es una cuestión de vida o muerte? ¿Es justo hacer esto si era una cuestión de vida o muerte? Esta pregunta no se aplica porque el imperativo es categórico. No se debe preguntar “¿Sería justo no devolver el dinero si…”, pero “¿Sería justo no devolver el dinero?”, punto final. No importa por qué necesita el dinero, ni por qué no se lo devolvería.

Esto es difícil de aplicar. Es muy difícil vivir de esta manera porque no evalúa adecuadamente una gran cantidad de casos excepcionales que simplemente ocurran. Aplicar dicho precepto puede terminar produciendo injusticia en un caso particular. Quizás es por eso que nunca he visto a una persona aplicar tal precepto a su propia vida, no sin permitir excepciones. ¿Eres pedófilo? Entonces sabes de que estoy hablando.

David Hume, quien vino antes de Kant, afirma que una ética totalmente racional, tal como la de Kant, no es posible porque las emociones y los sentimientos impregnan nuestras vidas y nuestras elecciones. La preocupación ética en sí, cómo vivir de la manera “correcta”, nace de los sentimientos. Son los sentimientos los que dan lugar a las leyes contra el asesinato, por ejemplo. No es una base racional que originó la legislación contra el asesinato, sino el sentimiento de que el asesinato es abominable, a veces más o a veces menos dependiendo de las circunstancias (de ahí vienen los calificadores de asesinato encontrados en la ley). Tenga en cuenta que esto no significa que el sentimiento debe ser el único árbitro en situaciones morales: Stephen Kershar, en Pedofilia y el Sexo EntreAdultos y Niños: un análisis filosófico, señala que el placer estético (la sensación de que algo es “feo” o “hermoso” ) no debe servir como base moral. Por ejemplo, para muchas personas, el sexo entre personas obesas o del mismo sexo es asqueroso y horrible, pero ¿esto significa que este tipo de actividad sexual también es incorrecta? No. El sentimiento puede estar presente, pero no debemos permitir que los sentimientos gobiernen los juicios morales. Aunque los sentimientos pueden ser un comienzo de la reflexión, la reflexión en sí misma debe guiarse por la razón.

3.1 DERECHOS HUMANOS?

Quizás no podamos encontrar un principio ético universal como Kant quería. Al menos, no uno que pueda aplicarse a todos. Quizás deberíamos aceptar que cada nación tenga una moral diferente debido a que tienen diferentes principios éticos. ¿Pero habría al menos un conjunto de derechos y deberes mínimos que pueden atribuirse a cada ser humano? El intento más popular para lograr este objetivo son los derechos humanos. La Declaración de Derechos Humanos contiene veintiocho derechos y dos deberes que son inherentes a la persona… ¿verdad? No exactamente…

El hecho es que cada decisión de las Naciones Unidas tiene solo poder por debajo de la constitución local de una nación que es parte de ella: cualquier derecho humano puede ser negado por la constitución de un país signatario. Por ejemplo, un derecho humano es la libertad de expresión, pero la Constitución Federal brasileña no permite la libertad total de expresión. Entonces, la libertad de expresión en Brasil tiene limitaciones, aunque la libertad de expresión sea un derecho humano.

Esto nos muestra que la tendencia actual en la política es respetar las diferencias de cada país y permitirles la autodeterminacción, incluso moralmente. Solo mires a la edad de consentimiento en cada país (me encanta este ejemplo). La ONU puede quejarse, por supuesto. Pero no atropellará la constitución de ningún país. Al menos nunca lo he visto suceder y, teniendo en cuenta el rendimiento de la ONU hoy, no creo que suceda en este siglo.

4 CONSIDERACIONES FINALES.

La ética, como la reflexión sobre las reglas que seguimos, es algo que simplemente no es para aquellos que carecen de pensamiento crítico. Uno debe reflexionar sobre la corrección de las reglas morales, sus fundamentos, sus objetivos y forma. Gracias a la ética, podemos juzgar nuestra moral y no solo nuestra moral. La reflexión sobre lo correcto y lo incorrecto va más allá de aceptar como “correcto” lo que la gente nos dice que es correcto. Todos deberían preguntarse, al menos una vez en su vida, por qué siguen las reglas que siguen, si tales reglas siguen siendo apropiadas como lo fueron en el momento en que fueron diseñadas o implementadas, especialmente frente a un mundo cuya realidad cambia. ¿Quién sabe? Quizás muchas reglas que solemos seguir ya están desactualizadas y están afectando negativamente nuestro desarrollo como nación.

Comprender que los valores son diferentes para cada gente nos ayuda a comprender por qué diferentes personas y diferentes seres humanos tienen morales diferentes. Lo que consideramos valioso puede no ser valioso en otras culturas. Quizás tengan diferentes prioridades o diferentes puntos de vista sobre ciertos temas, como la sexualidad, la política o la religión. Por lo tanto, antes de condenar la moral de los demás y aprobar la nuestra, como a menudo lo hacemos, primero debemos verificar lo que estos otros consideran valores. Todas las morales se crean en función de los valores, ya sean valores de la comunidad o los valores de la clase dominante. Identificar tales valores ayudará a comprender el comportamiento humano en culturas distintas de las nuestras.

28 de agosto de 2024

Prelego 1: etiko.

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1. ENKONDUKO.

Bonan posttagmezon! Mi decidis, ke pro manko de pli bonaj aferoj por skribi, mi transformos miajn klasajn planojn en tekstojn por ĉi tiu blogo. Mi antaŭe provis fari tion kaj kvankam ĝi funkcis dum kelka tempo, intereso komencis fali, kaj de la spektantaro kaj de mi mem. Do mi decidis verki pli facilanime, donante komentojn kaj anekdotojn. Ĝi funkciis por Marx kaj Russell… Mi esperas, ke la rezulto estos pli bona ol la lasta provo, ĉar ŝajnas al mi, ke la malmultaj legantoj kiujn mi havas tre preferas pli originalajn enhavojn kaj malpli da libraj komentoj.

Mia unua klaso en mezlernejo temis pri etiko. Por tiuj, kiuj ne scias, etiko estas la parto de filozofio interesita pri la ĝusta ago. Ĉiufoje kiam ni demandas nin, kiel ni devas agi, ni faras etikan demandon. Tial etiko ne temas nur pri etiketo, ĝentileco aŭ aferoj kiel tiuj (kiuj estus “moralaj reguloj”, kio ne samas). Etiko estas multe pli profunda branĉo de scio.

Sed ĉiufoje kiam vi scivolas kiel agi, vi devas memori, ke ĉi tio estas demando, kies respondo dependas de la celo, kiun vi volas atingi. Kiel agi, sed por atingi kian celon? Ni vidu ĝin…

2 ETIKO CELITA AL FELIĈO.

Unue, etiko temis pri la serĉadon de feliĉo. La precipa etika demando, do, estis: kiel agi por esti feliĉa? Por respondi tiun demandon, ni bezonas operacian difinon de feliĉo. Ni alportas tri difinojn ĉi tie: aristotelia, helenisma kaj la difino donita de Nietzsche.

2.1 ARISTOTELO.

Laŭ Aristotelo, feliĉeco estas la posedo de tio, kio estas amata. Malsamaj homoj amas malsamajn aferojn, do la vojo al feliĉo malsamas inter diversaj specoj de homoj… Aristotelo listigas tri specojn de homoj: tiujn, kiujn amas riĉaĵojn; tiujn, kiujn amas honoron kaj tiujn, kiujn amas la virton. Tiuj, kiuj amas riĉecon, derivas sian feliĉon el mono; tiuj, kiuj amas honoron, derivas sian feliĉon el la kultivado de bona reputacio kaj tiuj, kiuj amas virton, derivas sian feliĉon de si mem, aŭ pli ĝuste, de la plibonigo de si mem. Aristotelo deklaras, ke nur la lasta speco de feliĉo estas stabila, ĉar ambaŭ riĉeco kaj honoro dependas pli de eksteraj faktoroj ol de nia propra penado. Bedaŭrinde, ĉar ne ĉiuj amas virton, ne ĉiuj serĉas feliĉon per virto. Oni povas esti devigita agi virte, kvankam oni ne sentus sin feliĉa pro tion. Por tiaj homoj, virto ne alportas feliĉon, do ĝi estas senutila esti virta por ili.

Tio kondukas nin demandi, kio estus “virto”, laŭ Aristotelo. Nu, virto estas la bona kutimo! Male al malvirto, kio estas malbona kutimo. Memoru, ke virtoj kaj malvirtoj, precize ĉar ili estas kutimoj, povas esti kultivataj kaj akirataj de iu ajn, kiu praktikas ilin, kvankam homo nur meritas la titolon de “virta” se li sentas plezuron en la praktiko de virto.

Estas du specoj de virto, laŭ Aristotelo: intelekta kaj morala. Intelekta virto, kiel saĝeco, prudenteco aŭ inteligenteco, devas esti kultivata ĝis la plej alta grado, kiu estas kontraŭa al ĝia koresponda malvirto. Ju pli, des pli bone. Tiaj estas la intelektaj virtoj. Sed moralaj virtoj funkcias malsame: ili ne kontraŭas al specifa malvirto, sed staras inter du kontraŭaj malvirtoj, do ili konsistas el modereco de natura emo.

Aferoj estos klarigitaj per iuj ekzemploj: kuraĝeco, liberaleco kaj humileco. Se via emo por alfronti la danĝeron estas troa, ĝi ne estas kuraĝeco sed malprudenteco. Malprudenta homo serĉas nenecesajn riskojn por amuzigi aliajn, pro troo de konfido aŭ ĉar li estas tro mallaborema por konsideri aliajn eblojn. Akcepti nenecesajn riskojn ne estas vera kuraĝeco, sed stulteco. Ĉi tiu estas la kazo de la persono, kiu dum la pandemio ne portis maskon kaj ne vakciniĝis, ĉar ĝi estis pli “forta” ol la viruso. Aliflanke, se via emo por alfronti la danĝeron estas tro malforta, vi estas malkuraĝulo. La malkuraĝulo forkuras de la riskoj. Denove, la kazo de la pandemio: la malkuraĝulo timis la vakcinon, eĉ se la vakcino povus protekti sian vivon. Vera kuraĝo estas la modereco de la emo por alfronti danĝeron: la viro ne serĉas nenecesajn riskojn, sed li ne forkuras de la necesaj riskoj. Li alfrontas tion, kion li devas alfronti, eĉ se li timas. Tio estas kuraĝo. Do ni vidas, ke kuraĝeco estas virto, kiu staras inter du malvirtoj: malkuraĝo kaj malprudento.

Ni nun iru al la ekzemplo de liberaleco. Vi estas liberala (morale, ne politike) kiam via volo elspezi monon estas modera, tio estas, kiam vi elspezas sen akirado de ŝuldoj. Se vi elspezas monon ĝis damaĝi vin mem (akirante ŝuldojn), vi estas prodiga. Sed se vi ne elspezs sufiĉe (neglektante viajn bezonojn), vi estas avara. Rakonto, kiun mi ŝatas rakonti en miaj klasoj, estas tiu de mia frato. Li bezonis okulan kirurgion por ne blindiĝi. Kiam ni alvenis al la kliniko, li demandis kiom kostas la kirurgio: R$ 2.000.00, pli aŭ malpli. Li diris, ke li pripensos. Reveninte ni, li rigardis min kaj demandis min: “Ĉu tiu estis la prezo de ambaŭ okuloj aŭ nur unu?” Poste, ni revenis al la kliniko kaj li demandis al la asistanto: “Kiom kostus kirurgion por nur unu okulon?” Kun plezuro mia frato perdus okulon por ne elspezi mil brazilan reais (250,00 USD tiutempe). Krome, li neniam revenis al kuracistoj por taksi se la kirurgio funkciis korekte.

Sekve, liberaleco estas inter du malvirtoj: avareco kaj prodigeco. La samo oni povas diri pri humileco: vi estas humila, kiam vi scias vian propran valoron, sen doni al si pli da valoro ol tio, kion vi meritas (kio estus aroganteco) kaj ne malpli ol vi meritas (kio estus malalta memdigno, kvankam Aristotelo ne uzis tiun vorton).

2.2 HELENISTOJ.

La helenistoj, kiel la epikureanoj, la stoikoj, la skeptikuloj kaj la cinikoj, estis eble la filozofoj, kiuj plej diskutis la temon de feliĉo. Ofta difino de feliĉo inter ili estis, ke feliĉo estas la foresto de doloro. Vi estas feliĉa, kiam vi havas nenion pro plendi, kiam nenio ĝenas vin. Memoru, ke ne havi tion, kion oni amas, estas doloro, kaj la posedo de tio, kion oni amas, estas la aristotela difino de feliĉo. Tiam la helenisma difino enhavas tiun de Aristotelo. Ili diverĝis pri la rimedoj por atingi feliĉon: la epikureanoj uzis plezuron kiel bazon por feliĉo, la stoikoj uzis vivon laŭ la naturo kiel bazon, skeptikuloj uzis la suspendon de la opinio (epoché) kaj la cinikoj uzis la malakcepton de la favoroj de sociala vivo.

2.2.1 Epikuro.

Ni komencu per Epikuro. Laŭ li, ni devas serĉi plezuron, sed kun respondeco. Kaj kiel ni faru tion? Per ia “kalkulo” de plezuro, kiel diras Ubaldo Nicola, en sia Ilustrita Antologio de Filozofio. Kiam vi bezonas ion aŭ sentas deziron, pensu: ĉu kontentigi tiun deziron alportos al mi pli da plezuro ol doloro? Se jes, vi devas serĉi kontenton. Alie, estus eraro kontentigi tian deziron. Tiel, ni vidas, ke la serĉado de plezuro, al kiu epikureanoj okupiĝas, ne estas sovaĝa, nerespondeca serĉado, sed serĉado de plezuroj kiuj ne implikas senracian kvanton da doloro.

Surbaze de tia kalkulo, Epikuro klasifikas plezurojn en tri tipojn: necesaj kaj naturaj; nenecesaj kaj naturaj; artefaritaj. Ni devas ĉiam serĉi la necesajn kaj naturajn plezurojn, ĉar ne serĉi ilin ĉiam alportas al ni pli da doloro ol plezuro. Ekzemploj de necesaj kaj naturaj plezuroj estas: trinki akvon, manĝi, dormi, pisi, kaki (Thomas Morus, en Utopio, skribis kelkajn vortojn pri la plezuro de fekado, mi ne inventas ĝin, iru legi la libron), kaj aliaj deziroj kiuj devas esti plenumata por ke ni povas vivi. Artefaritaj plezuroj, kiel famo kaj riĉeco, ĉiam alportas pli da doloro ol plezuro, laŭ la opinio de Epikuro, kio signifas ke ni neniam devus serĉi ilin. Mi imagas, ke kiam Epikuro vivis, la bankoj ne estis tiel sekuraj ol hodiaŭe. Multaj riĉaj homoj vivis timante, ke ilia riĉaĵo estus malkovrita. Do, ili enterigis la monon en sekura loko (kiel en pirataj rakontoj). En la kazo de famo, tio havas pli da senco. Fakte, multaj homoj freneziĝis pro famo.

Pri naturaj sed nenecesaj plezuroj, vi devas juĝi ĉiun kazon per ĝi mem, por scii, ĉu indas serĉi ĝin aŭ ne. Mi scias, ke parto de mia publiko estas kunmetita el pedofiloj, do mi povas uzi la ekzemplon de pedofilio. Ĉu indas riski vian liberecon dum ok, eble dek kvin, jaroj nur por doni plezuron al iu, kiu ankoraŭ ne aĝas dek kvar jarojn? Ne, certe ne! Tia estas plezuro, kiun oni ne devas serĉi, krom se leĝoj ŝanĝiĝi unue. La samo ni povas diri pri konsumado de infana pornografio.

2.2.2 La stoikoj.

Stoikismo vivas hodiaŭ renaskiĝon en la interreto. Estante unu el miaj plej ŝatataj skoloj de filozofio, mi ŝatas la altan popularecon de stoikismo en la tempoj post pandemio. Estas interese, kiel stoikismo estas aparte populara inter viroj, kiuj sekvas sian propran vojon (MGTOW) kaj mi ĉiam vidis kiel ĉi tiuj du mondvidoj estas kombinindaj.

Laŭ la stoikoj, la universo estas racia kaj ordonas ĝuste al si. Ĉio sekvas la planojn de la universo, kiu scias, kio estas plej bona por ni kaj por si mem, ĉar li estas senfine pli saĝa ol ni. Tial ĉiufoje kiam io okazas preter nia kontrolo, ni povas esti certaj, ke tio estis por la bono de la universo entute (kiel kristanoj, kiuj ofte diras, ke ĉio estas en la planoj de Dio). Ni devas adaptiĝi al tio, kion la universo ĵetas al ni, sen koleriĝi pri tio, kio estas ekster niaj povoj. Ekzemple: ni ne povas forpeli Enel de mia ŝtato pro la elektraj mankoj kiuj okazas iam kaj tiam, sed mi ankoraŭ povas lumigi kandelon kaj sciigi ilin pri la problemo. Koleriĝi kontraŭ manko de elektro estas sensencaĵo, sed ankaŭ estas sensencaĵo ne uzi la ilojn, kiujn mi povas uzi por adapti al la situacio kiu afektas min. Ĉi tiu ankaŭ estas la kazo de la morto: estus sensencaĵo ribeli kontraŭ la ideo ke mi povas morti iu tago, sed mi ankoraŭ povas plilongigi mian vivon kaj plibonigi ĝian kvaliton ene de miaj limoj. Se mi agas tiamaniere, mi trovos trankvilecon, al kiu la stoikoj nomas “ataraxia.”

Tia celo estas atingebla nur kiam persono agas laŭ sia naturo, kiu estus kvazaŭ skripto donata de la universo al ĉiu specio. La racio estas homa naturo, laŭ stoikismo, do la homo nur atingos ĉi tiun staton de imperturbabileco per la ekzercado de racio kaj la forigo el sia vivo de aferoj, kiuj negative influas racion (kiel fortaj emocioj, kiujn ni devas raciigi, por ke ĝia intenseco kaj ĝia potencialo konduki nin agi kontraŭ la racia idealo malgrandiĝos). Kaj ĉi tie mi vidas la punkton de konverĝo inter stoikismo kaj MGTOW: multaj el tiuj viroj, kiuj serĉas forigon de virinoj el siaj vivoj, kaj ankaŭ retiriĝi de la socio ĝis iu mezuro, bezonas pensi pri siajn seksan deziron, por ke tia deziro ne faros ilin agi kontraŭ siaj idealoj de eviti rilatojn kun virinoj.

2.2.3 Cinikoj kaj skeptikuloj.

La cinikoj serĉis feliĉon per la malakcepto de la avantaĝoj ofertitaj de la socio. Ili vivis preskaŭ kiel hundoj (tial la esprimo “cinika”, kiu devenas de la greka vorto, kiu signifas “hundo”, sed ne petu min memori kiel ĉi tiu greka vorto estas skribita, ĉar mi ne memoras). La plej bona maniero kompreni kiel ĉi tio funkciis en la praktiko estas per analizo de la konduton de Diogenes el Sinope, la plej fama homo en la cinika skolo. Li loĝis en barelo, ĉar la domoj estas nenecesaj. Li forĵetis la bovlon, kiun li kutimis uzi por trinki akvon, ĉar li decidis, danke al knabo, ke li povus kapti akvon per la manoj kaj leki ĝin. Li ankaŭ ne seksumis: kial iu en sia ĝusta menso seksumus se oni povas masturbi? Tia estis radikala peno en la nomo de virto, surbaze de la ideo, ke virto alportas feliĉon kaj ke la avantaĝoj de la socio, ĝiaj stultaj reguloj kaj stultaj konvencioj, estas malutilaj por la karaktero de homo.

Sed kial ni nomas hodiaŭ “cinika” la homo, kiu mokas ĉion? Ĉar cinikaj filozofoj argumentis tiel. Anstataŭ uzi grandajn argumentojn kiel aliaj filozofoj de siaj tempo, ili simple montris kiom ridinda estis la vivo kaj penso de aliaj homoj. Oni diras, ke Diogenes spektis klason pri platona filozofio, en kiu la instruisto diris, ke la homo similas al koko sen plumoj. Diogenes iris al la kokejo, ekprenis koko, forigis ĝia plumojn kaj ĵetis ĝin al la instruisto, dirante: “Jen via homo.” En alia okazo, Aleksandro, la Granda, estus alproksiminta lin dum Diogenes sunumis en ebenaĵo. Aleksandro staris inter Diogenes kaj la sunlumo, ĵetante ombron sur Diogenes. Aleksandro tiam diris: “Diru al mi, kion vi volas, kaj mi donos ĝin al vi.” Diogenes tiam diris: “For de antaŭ mia suno.”

Kial ili estis tiel ĝenigaj? Ĉar montri al aliaj, ke tio, kion ili faras, indas ridon, hontigas ilin kaj ĉi tiu honto estas eduka, ĉar ĝi kondukas la homon forlasi siajn kondutojn. Poste, Voltaire diros, ke ĉi tio estas la sola maniero trakti tiujn, kiuj ne povas esti persvaditaj per la racio.

La skeptikuloj, aliflanke, kredis, ke la plej bona maniero atingi feliĉon estas per la suspendo de la juĝo, la tiel nomata epoché: la vero, se ĝi ekzistas, ne estas akirebla de ni, homoj. Tial la skeptikulo evitis pripensi gravajn problemojn, ĉar la pluralo de kialoj kontraŭ kaj favora al certa opinio montras ke la plej racian kaj pacan konduto estas la akcepto de ilia nescio. Ĉi tiu sinteno ne partopreni en iu ajn grava afero alportis al ili pacon.

Pyrro, skeptika filozofo, eĉ argumentis (malbone) kontraŭ la ideo, ke iu ajn povus posedi iun ajn veron. Liaj argumentoj baziĝis sur la fakto, ke ni uzas relativajn terminojn por priskribi la objektivan mondon, en kiu ni vivas. Ekzemple, la lernejo, kie infano studas, estas proksima al sia hejmo aŭ malproksime? Ĝi dependas: kion mi juĝas proksime vi povas juĝi malproksime, kaj se ni atingos interkonsenton, estus koincido. La samo oni povas diri, ekzemple, pri problemoj kiel temperaturo, (se io estas varma aŭ malvarma dependas de kiu sentas ĝin). Voltaire respondas tian argumenton, en sia Filozofia Vortaro, atentigante, ke eĉ se malproksima kaj proksima estas relativaj terminoj, tri kilometroj ne estas. Ĉiu, kiu mezuras la vojon inter la infano kaj la lernejo, kie li studas, se la mezurado estas farita bone, konsentos pri la distanco inter la lernejo kaj la infano. La samo oni povas diri pri temperaturo: varma kaj malvarma estas relativaj, sed kvin gradoj Celsius ne estas relativaj. La argumento, ke la vero estas neatingebla, estas ruinigita pro matematiko (Agustín en lia Kontraŭ Akademiuloj: dialogo en tri libroj, eĉ instigas nin lerni matematikon precize ĉar ĝi estas sekura metodo por atingi la veron pri io).

2.3 NIETZSCHE.

Kvankam Nietzsche venis post Kant, li donas al ni difinon de feliĉo proksime al la difinoj trovitaj en la periodo antaŭ Kant. Laŭ Nietzsche, helenistoj eraris pro difini feliĉon kiel ŝtato anstataŭ agado. Laŭ Nietzsche, feliĉo estas la sento, kiun oni havas kiam oni venkas defion. Se ne estus defioj por venki, ni estus konsumitaj de tedado. Tial la homaro bezonas ion, kio kaŭzas suferon, por havi problemojn venkotajn. La klopodoj por tute forigi suferojn ĉiam kaŭzos al ni ian alian suferon, laŭ lia opinio.

Nietzsche estis ŝatanto de Schopenhauer, la fama pesimisma filozofo, do kompreneble li vidus aferojn tiel. Schopenhauer estas la inventisto de metaforo, kiu portas lian nomon: la pendolo de Schopenhauer, laŭ kiu homa vivo estas inter sufero (la batalo por atingi celon) kaj tedado (ĉar oni perdas intereson post kiam oni atingas la celon). Oni povas vidi la paralelojn inter la pendolo de Schopenhauer kaj la difino de feliĉo de Nietzsche, kiu estus tiu momento, kiam la pendolo atingis la limon (kiam ni atingis la celon), sed la malantaŭan movado ankoraŭ ne komenciĝis (tio estas, kiam la enuo ankoraŭ ne komenciĝis). Nietzsche ne ŝatis Pascalon, sed lia penso kaj la penso de Pascal estas proksimaj, ĉar Pascal ankaŭ argumentas, en siaj Pensoj, ke viroj bezonas distron, eĉ en formo de laboro aŭ nobla socia kaŭzo, por ne falis en tedon.

Sed Bertrand Russell ne zorgus tiom multe pri la ebleco de “enua mondo”: en sia Historio de Okcidenta Filozofio, Russell komparas Nietzsche kontraŭ Thomas Aquinas, dirante, ke li preferos la sanktulon (kvankam Russell estis ateisto kiel Nietzsche), ĉar la ideoj de Nietzsche estas danĝeraj. Li eĉ imagas, kiel estus debato inter Nietzsche kaj Budho, montrante kiel preferinda estas la paco. Russell, kiel helenistoj, preferus mondon sen sufero, eĉ kun la risko de igi la mondon “enuiga.”

3 JUSTECO KIEL OBJEKTO DE ETIKO.

Nu, nun ni havas la ideon, ke homo bezonas feliĉon, kio estas vere interesa por mi. Sed Kant atentigas iujn problemojn pri tio: kio feliĉigas iun povas fari alian malfeliĉan. Rigardu la ekzemplon de Nietzsche, kiu venis post Kant, sed konvenas ĉi tie: se feliĉo estas la venko de homaj malfacilaĵoj, valida maniero por serĉi feliĉon estas subpremi la interesojn de aliaj, ĉiam, ke tiaj interesoj konfliktas kun niaj. Ĉi tio estas farita per batalado, milito kaj konkero. Nietzsche eĉ havas nomon por ĉi tio: volo al potenco, do, laŭ Nietzsche, la homo alportas deziron al regado. Sed ĉu tio estus justa? Ĉu estus juste submeti aliajn por akiri mian propran feliĉon?

Aristotelo ankaŭ ne estas perfekta: Kant kritikas la etikon de virtoj, konceptita de Aristotelo, laŭ kiu morala virto restas inter du malvirtoj. Laŭ iuj kulturoj, esti avida por mono estas virto. Laŭ aliaj, la malkuraĝeco estas virto. Sekve, ni neniam certas, ke la virtoj indikitaj de Aristotelo daŭre estos virtoj en la momento, kiam iu eliras el Grekio.

Kaj Epikuro? Nu, vi devus forigi la suferon, serĉante nur agojn, kiuj kaŭzas pli da plezuro ol doloro, sed ĉu tio ne ebligas nin fari krimon, se ni certas, ke ni ne estos viditaj? Ja la sufero implicita en la ago estus nulo! Eble tial utilismanoj, kiel Jeremy Bentham kaj liaj kunuloj, provas solvi la problemon aldonante, ke ĉiu ago ankaŭ devas esti taksata laŭ la bonfarto donita al aliaj. Do, laŭ utilismo, la plej bonaj agoj estas tiuj, kiuj kaŭzi la plej grandan bonon al la plej granda nombro da homoj…

Ni reiru Kanten: se la feliĉo ne estas bona celo por la etiko, kia celo anstataŭigu ĝin? Justeco. Sed, por atingi justecon, oni necesas ekiri de morala preskribo, pri kiu ni ĉiuj povas konsenti. Kant proponas, ke tiu ĉi preskribo estas la kategoria nepro: oni devas fari nur tion, kion ankaŭ iu ajn povas fari. Ĝi estas nepro ĉar ĝi estas ordo kaj kategoria ĉar ĝi ne akceptas esceptojn.

Ekzemplo: vi bezonas monon, do vi prunteprenas tian monon sciante, ke vi ne repagos ĝin (ĉi tiu ekzemplo estas en la Fundamento de la Metafiziko de Kutimoj). Ĉu tio estus justa? Imagu: ĉu estus juste ke ĉiuj homoj prunti monon sciante, ke ili ne repagos ĝin? Ne. Se al aliaj ne rajtas fari ĝin, ankaŭ ne rajtas al vi. Jen la kategoria nepro. Estas nur akcepteble fari ion se tia ago estus justa kiam farita de iu ajn, ne nur de vi.

Ah, sed kio se la afero temas pri vivo aŭ morto? Ĉu estas juste fari tion se la vivo aŭ morto de aliaj homoj dependas de la mono? Ĉi tiu demando ne validas ĉar la nepro estas kategoria. Vi ne devas demandi “ĉu estus juste ne redoni la monon se…”, sed “Ĉu estus juste ne redoni la monon?” Ne gravas kial vi monon bezonas, aŭ kial vi ne redonos ĝin.

Ĉi tio ne estas facila afero. Estas tre malfacile vivi tiamaniere ĉar ĝi ne ĝuste taksas grandan nombron da esceptaj kazoj, kiuj simple okazas. Apliki tian filozofion eble produktos maljustecon en apartaj kazoj. Ĉu vi estas pedofilo? Do vi scias, pri kio mi parolas. Eble tial mi neniam vidis homon apliki tian precepton al sia propra vivo, ne sen permesi esceptojn.

David Hume, kiu venis antaŭ Kant, asertas, ke tute racia etiko, kiel la Kanta, ne eblas, ĉar emocioj kaj sentoj penetras niajn vivojn kaj niajn elektojn. La etika konzerno mem, kiel vivi “ĝuste”, naskiĝas de sentoj. El la sentoj, naskigâs leĝojn kontraŭ murdo, ŝtelo, kaj tiel plu. Ne estas racia bazo, kiu originis la leĝaron kontraŭ murdo, sed la sento, ke la murdo estas abomeninda, foje pli aŭ foje malpli depende de la cirkonstancoj. Notu, ke tio ne signifas, ke la sento devas esti la sola arbitraciisto en moralaj situacioj: Stephen Kershar, en Pedofilio kaj Sekso Inter Plenkreskuloj kaj Infanoj: filozofia analizo, atentigas, ke estetika plezuro (la sento, ke io estas “malbela” aŭ “bela”) ne devas servi kiel morala bazo. Ekzemple, por multaj homoj, sekso inter obesaj homoj aŭ samseksaj homoj estas malbela, sed ĉu tio signifas, ke ĉi tiu speco de seksumo ankaŭ estas malĝusta? Ne. La sento povas ĉeesti, sed ni ne devas permesi sentojn regi la moralajn juĝojn. Kvankam sentoj povas esti komenco de pripensado, la pripensado mem devas esti gvidata de racio.

3.1 HOMAJ RAJTOJ?

Ni eble ne povos trovi universalan etikan principon kiel Kant deziris. Almenaŭ, ne unu, kiu povas apliki al ĉiuj. Eble ni akceptu, ke ĉiu nacio havas malsaman moralon, ĉar nacioj havas malsamajn etikajn principojn. Sed ĉu estus almenaŭ unu aro da minimumaj rajtoj kaj devoj, kiujn oni povas atribui al ĉiu homo? La plej populara provo atingi ĉi tiun celon estas la homaj rajtoj. La Deklaro pri Homaj Rajtoj enhavas dudek ok rajtojn kaj du devojn, kiuj estas enecaj al la persono… ĉu ne? Ne tute…

Fakte, ĉiu decido de Unuiĝintaj Nacioj ne havas potencon super la loka konstitucio de nacio, kiu estas ano el ĝi: iu ajn homa rajto povas esti rifuzita pro la konstitucio de subskribinta lando. Ekzemple, homa rajto estas libereco de parolo, sed la brazila Federacia Konstitucio ne permesas totalan esprimon de ĉiuj ideoj. Do, libereco de parolo en Brazilo havas limojn, kvankam libereco de esprimo estas homa rajto.

Ĉi tio montras al ni, ke la nuna tendenco en politiko estas respekti la diferencojn de ĉiu lando kaj permesi al ili memdeterminadon, eĉ morale. Nur rigardu la aĝon de seksuma konsento en ĉiu lando (mi amas ĉi tiun ekzemplon). UN povas plendi, kompreneble. Sed ĝi ne surpasos la konstitucion de iu lando. Almenaŭ mi neniam vidis ĝin okazi kaj, konsiderante la agadon de UN hodiaŭ, mi ne pensas, ke ĝi okazos en ĉi tiu jarcento.

4 FINAJ KONSIDEROJ.

Etiko, kiel la pripensado de la reguloj, kiujn ni sekvas, estas io, kio simple ne estas por tiuj, kiuj mankas kritikan penson. Oni devas pripensi la korektecon de moralaj reguloj, iliaj fundamentoj, iliaj celoj kaj formo. Dank’ al etiko, ni povas juĝi niajn moralojn kaj ne nur niajn moralojn. Interkonsiliĝo pri la ĝusta kaj malĝusta iras preter akcepti kiel “ĝusta” tion, kion homoj diras al ni, ke estas ĝusta. Ĉiuj devas demandi, almenaŭ unufoje en sia vivo, kial oni sekvas la regulojn, kiuj oni sekvas, se tiaj reguloj restas taŭgaj hodiaŭ kiel ili estis en la momento kiam ili estis projektitaj aŭ efektivigitaj, precipe ĉe mondo, kies realo ŝanĝiĝas. Kiu scias? Eble multaj reguloj, kiujn ni kutime sekvas, estas jam malaktualaj kaj influas negative nian disvolviĝon kiel nacio.

Kompreni, ke valoroj estas malsamaj por ĉiu homo, helpas nin kompreni kial malsamaj homoj kaj malsamaj popoloj havas malsamajn moralojn. Kion ni konsideras valora eble ne estas valora en aliaj kulturoj. Tiuj homoj eble havas malsamajn prioritatojn aŭ malsamajn vidpunktojn pri iuj aferoj, kiel sekseco, politiko aŭ religio. Sekve, antaŭ kondamni la moralon de aliaj homoj kaj aprobi niajn, kiel ni ofte faras, ni devas unue rigardi, kion tiaj homoj konsideras valoroj. Ĉiuj moraloj estas kreitaj laŭ valoroj, ĉu komunumaj valoroj aŭ valoroj de la reganta klaso. Malkovri tiajn valorojn helpos nin kompreni homan konduton en aliaj kulturoj.

31 de julho de 2024

Aula 1: ética.

Filed under: Livros, Saúde e bem-estar — Tags:, , — Yure @ 18:56

1 INTRODUÇÃO.

Boa tarde! Resolvi que, por falta de assuntos melhores, transformarei meus planos de aula em entradas para este blog. Eu já havia tentado fazer isso antes e, embora tivesse dado certo por um tempo, o interesse começou a cair, tanto por parte da audiência como por minha parte. Então resolvi escrever de maneira um tanto mais casual, inclusive oferecendo comentários e anedotas. Tomara que o resultado seja melhor, já que me parece que os poucos leitores que tenho gostam mais de escrita original do que anotações de livros.

A primeira aula que dei no ensino médio foi sobre ética. Para os que não sabem, a ética é a parte da filosofia interessada na ação correta. Sempre que nos perguntamos como devemos agir, estamos nos fazendo uma inquirição ética. Assim, ética não é somente sobre etiqueta, educação ou coisas que tais (tais seriam “regras morais”, o que não é a mesma coisa). A ética é um ramo muito mais profundo do conhecimento.

Mas, sempre que você se pergunta como agir, é preciso lembrar que tal é uma pergunta cuja resposta depende do objetivo que se quer alcançar. Como agir para alcançar que objetivo? Vejamos…

2 A ÉTICA VISANDO A FELICIDADE.

A princípio, a ética estava voltada à busca pela felicidade. A pergunta ética por excelência, portanto, era como agir para ser feliz? É preciso, para responder tal pergunta, que tenhamos uma definição operacional de felicidade. Tragamos aqui três definições: a aristotélica, a helenística e a nietzschiana.

2.1 ARISTÓTELES.

Para Aristóteles, a felicidade é a posse daquilo que se ama. Diferentes pessoas amam diferentes coisas, por isso o caminho para a felicidade é diferente para diferentes tipos de gente… Aristóteles elenca três tipos de pessoas: as que amam o abastamento, as que amam a honra e as que amam a virtude. Os que amam o abastamento conseguirão a felicidade através do dinheiro, os que amam a honra conseguirão sua felicidade através do cultivo de uma boa imagem e os que amam a virtude conseguirão sua felicidade através de si mesmos, ou melhor, do aprimoramento de si mesmos. Aristóteles afirma que somente o último tipo de felicidade é estável, pois tanto o abastamento como a honra dependem mais de fatores externos do que de nosso próprio esforço. Infelizmente, como nem todos amam a virtude, nem todos buscam a felicidade através da virtude. Uma pessoa pode ser forçada a agir virtuosamente, mas não se sentiria feliz fazendo isso. Para esse tipo de pessoa, virtude não traz felicidade, então não adianta ela ser virtuosa.

Isso nos leva a nos questionarmos o que seria “virtude”, segundo Aristóteles. Bom, virtude é o bom hábito! Diferente de vício, que é um mau hábito. Observe que virtudes e vícios, justamente por serem hábitos, podem ser contraídos por qualquer um que os exercite, embora só mereça o rótulo de “virtuoso” quem sente prazer na prática da virtude.

Existem dois tipos de virtude, segundo Aristóteles: intelectual e moral. Uma virtude intelectual, como a sabedoria, a prudência ou a inteligência, deve ser buscada em seu mais alto grau, sendo diametralmente oposta ao seu vício correspondente. Quanto mais, melhor. Tais são as virtudes intelectuais. Mas as virtudes morais operam de maneira diferente: elas não são diametralmente opostas a um vício, mas ficam entre dois vícios opostos um ao outro, consistindo, assim, na moderação de uma disposição natural.

Isso ficará claro com alguns exemplos: coragem, liberalidade e humildade. Se sua disposição para enfrentar o perigo for excessiva, você não é corajoso, mas temerário. Uma pessoa temerária busca riscos desnecessários para se mostrar, por excesso de confiança ou porque tem preguiça de considerar outras opções. Correr riscos desnecessários não é coragem de verdade, mas burrice. É o caso do sujeito que, durante a pandemia, não usou máscara e nem se vacinou, porque se achava o “bichão”. Por outro lado, se sua disposição para enfrentar o perigo for muito baixa, você é covarde. O covarde foge dos riscos que precisa correr. Novamente o caso da pandemia: o covarde tinha medo da vacina, ainda que a vacina pudesse proteger sua vida. A coragem de verdade é a moderação da disposição de enfrentamento do perigo: você não busca riscos desnecessários, mas também não foge de riscos necessários. Você enfrenta o que precisa ser enfrentado, mesmo que você tenha medo. Isso é coragem. Vemos então que a coragem é uma virtude que fica a meio caminho entre dois vícios: covardia e temeridade.

Vamos ao exemplo da liberalidade. Você é liberal (em sentido moral, não em sentido político) quando sua disposição para gastar dinheiro está moderada, isto é, quando você gasta sem se endividar. Se você gasta a ponto de se prejudicar, você é pródigo. Já se você odeia tanto gastar dinheiro a ponto de se prejudicar, você é avarento. Um exemplo que eu gosto muito de citar em minhas aulas é o do meu irmão. Ele precisava de uma cirurgia nos olhos para não ficar cego de ceratocone. Quando chegamos à clínica e ele perguntou quanto custava a cirurgia (R$ 2.000,00, mais ou menos), ele disse que iria pensar sobre aquilo. No caminho de volta, ele olhou pra mim e me perguntou: “aquele era o preço dos dois olhos ou só de um?” Então voltamos à clínica e ele perguntou à atendente: “quanto é só um olho?” Isso é avareza: ele preferia ficar cego de um dos olhos pra economizar mil reais. Diga-se de passagem, ele nunca fez a revisão da cirurgia. Assim, a liberalidade fica entre dois vícios: avareza e prodigalidade. O mesmo pode ser dito da humildade: você é humilde quando reconhece seu próprio valor, sem se atribuir mais valor do que o que você merece (o que seria arrogância) e nem menos do que o que você merece (o que seria baixa autoestima, ainda que Aristóteles não empregue tal termo).

2.2 HELENISTAS.

Os helenistas, tais como os epicuristas, os estoicos, os céticos e os cínicos, foram talvez os filósofos que mais deram atenção à matéria da felicidade. Uma definição comum de felicidade entre eles era a de que a felicidade é a ausência de dor. Você é feliz quando não tem nada do que reclamar, quando nada te incomoda. Observe que não ter aquilo que se ama é uma dor, sendo que a posse do que se ama é a definição aristotélica de felicidade. Então, a definição helenística engloba a de Aristóteles. Mas eles divergiam nos meios para chegar à felicidade: os epicuristas usavam o prazer para chegar à felicidade, os estoicos usavam a vida conforme a natureza, os céticos usavam a suspensão do juízo (epoché) e os cínicos usavam a rejeição das vantagens da vida social.

2.2.1 Epicuro.

Comecemos com Epicuro. Para ele, você deve buscar o prazer, mas responsavelmente. E como se faz isso? Por um tipo de cálculo do prazer, como diz Ubaldo Nicola, em sua Antologia Ilustrada de Filosofia. Quando você tem necessidade de algo ou sente algum desejo, pense: satisfazer tal desejo me trará mais prazer do que dor? Se sim, você pode satisfazê-lo. Do contrário, seria ruim satisfazê-lo. Assim, vemos que a busca pelo prazer, à qual os epicuristas se dedicam, não é uma busca desenfreada, irresponsável, mas uma busca pelos prazeres que valem a pena ser buscados.

Com base em tal cálculo, Epicuro classifica os prazeres em três tipos: naturais necessários, naturais desnecessários e artificiais. Os naturais necessários devem sempre ser buscados, pois não buscá-los sempre traz mais dor do que prazer. Exemplos de prazeres naturais necessários são: beber água, se alimentar, dormir, se aliviar quando se está apertado (Thomas Morus, na Utopia, fala algumas palavras sobre o prazer de defecar, não estou inventando, vá lá ler), entre outras coisas que você literalmente não pode viver sem. Os artificiais, como a fama e a fortuna, sempre trazem mais dor do que prazer, na visão de Epicuro. Imagino que, na época dele, os bancos não eram tão seguros. Muita gente com dinheiro vivia com medo de que sua riqueza fosse descoberta. Então enterravam o dinheiro em um local seguro (como nas histórias de piratas). Já o caso da fama, faz mais sentido. Realmente, muitas pessoas enlouquecem por causa da fama.

Quanto aos prazeres naturais, mas desnecessários, você deve julgar cada um, caso a caso, para saber se vale ou não a pena buscá-lo. Eu sei que parte da minha audiência é composta de pedófilos, então eu posso usar o exemplo da pedofilia. Valeria a pena se arriscar a pegar de oito a quinze anos de prisão só para se relacionar com alguém que não tem catorze anos ainda? Não valeria. Tal é um prazer do qual vale a pena se abster, a menos, é claro, que as leis mudem primeiro. O mesmo se pode dizer do consumo de pornô infantil.

2.2.2 Estoicos.

O estoicismo vive uma renascença hoje, na Internet. Sendo uma das minhas escolas favoritas, eu gosto da popularidade alta do estoicismo em tempos pós-pandemia. É interessante como o estoicismo é particularmente popular com os homens que seguem seu próprio caminho (MGTOW) e eu sempre achei que essas duas visões de mundo combinam.

Para o estoico, o universo é racional e devidamente ordenado. Tudo segue os planos do universo, o qual sabe o que é melhor, pois ele é infinitamente mais sábio que nós. Assim, sempre que acontece conosco algo além do nosso controle, podemos ter certeza de que isso foi para o bem do universo como um todo (os cristãos fazem muito isso, ao dizerem que tudo está nos planos de Deus). Nós, humanos, devemos nos adaptar ao que o universo nos joga, mas sem nos revoltarmos contra aquilo que está além dos nossos poderes. Por exemplo: eu não posso expulsar a Enel do meu estado quando falta luz, mas eu posso ainda acender uma vela e ligar pra eles pra notificá-los sobre o problema. Me revoltar contra a falta de luz é uma tolice, mas também é tolice não usar as ferramentas das quais disponho para me adaptar à falta de luz enquanto espero ela voltar. É o caso da morte também: seria bobo da minha parte me revoltar contra a ideia de que eu posso morrer, mas eu ainda posso estender minha vida e melhorar sua qualidade dentro de minhas forças. Se eu agir dessa forma, encontrarei a tranquilidade, à qual os estoicos chamam de ataraxia.

Tal objetivo só pode ser obtido quando determinado ser age de acordo com a sua natureza, que seria uma espécie de script designado para cada espécie pelo universo. A natureza humana é a razão, ou seja, o ser humano só alcançará esse estado de imperturbabilidade pelo exercício da razão e pelo afastamento das coisas que prejudicam a razão (como as fortes emoções, as quais precisam ser racionalizadas para perderem sua intensidade e seu potencial de nos levar a agir contra o ideal racional). E é aqui que eu vejo o ponto de convergência entre o estoicismo e o MGTOW: muitos desses homens, buscando o afastamento primeiramente da mulher, mas também da sociedade em certo grau, precisam lidar de forma inteligente com o desejo sexual, o qual poderia fazê-los agir contra seus ideais de evitar relacionamentos.

2.2.3 Cínicos e céticos.

Já os cínicos buscavam a felicidade pela rejeição das vantagens oferecidas pela sociedade. Eles viviam quase como cães (daí o termo “cínico”, que vem da palavra grega que significa “cachorro”, só não me peça pra lembrar como se escreve ela). A melhor forma de entender como isso se dava na prática é analisando o comportamento de Diógenes de Sínope, o mais célebre dentre os cínicos. Ele vivia em um barril, porque casas são desnecessárias. Ele jogou fora a tigela que ele usava para beber água, porque percebeu, graças a um menino, que podia pegar água nas mãos e lambê-la. Ele também achava sexo desnecessário: pra que sexo quando a pessoa pode se masturbar? Tal era uma atitude radical de exercício da virtude, fundamentada na ideia de que a virtude traz felicidade e que as vantagens da sociedade, suas regras bobas e convenções estúpidas, só prejudicam o caráter do homem.

Mas por que chamamos hoje de “cínico” o sujeito que tira onda com todo o mundo? Porque os filósofos cínicos disputavam assim. Em vez de usar argumentos geniais como outros filósofos da época, eles se limitavam a mostrar como a atitude dos outros era ridícula. Conta-se que Diógenes estava assistindo uma aula de Platão, na qual o professor disse que o ser humano é como um galo sem penas. Diógenes foi até o galinheiro, depenou um galo e jogou pro professor: “Taí teu ser humano”. Já em outra ocasião, Alexandre, o grande, o teria abordado enquanto Diógenes tomava sol em uma planície. Na abordagem, Alexandre ficou entre Diógenes e a luz do sol, fazendo sombra. Alexandre, então, disse: “Me peça o que você quiser e eu to darei”. Diógenes então pediu: “Sai do meio do sol.”

Por que eles agiam dessa forma tão ignorante? Porque mostrar aos outros que o que eles estão fazendo é digno de riso lhes faz sentir vergonha e essa vergonha é educativa, pois leva a pessoa a abandonar seu proceder. Mais tarde, Voltaire afirmará que essa é a única forma de lidar com fanáticos, os quais não podem ser persuadidos pela razão.

Já os céticos acreditavam que a melhor forma de alcançar a felicidade é pela suspensão do juízo, a chamada epoché: a verdade, se existe, não é obtenível por nós, humanos. Assim, o cético evitada tomar partido em questões sérias, reconhecendo que a pluralidade de razões contra e a favor de determinada opinião tornava desejável a abstenção de posicionamento decisivo. Essa atitude de “estar encima do muro” lhes trazia paz.

Pirro, filósofo cético, chegou mesmo a argumentar (fracassadamente) contra a ideia de que qualquer pessoa pudesse possuir qualquer verdade que fosse. Seus argumentos se baseavam no fato de que usamos termos relativos para descrever o mundo objetivo em que vivemos. Por exemplo, a escola em que um menino estuda fica perto de sua casa ou longe? Depende: o que é perto pra mim pode não ser pra você e, se chegarmos a um acordo, isso seria coincidência. O mesmo se pode dizer sobre questões como temperatura, por exemplo (se algo é quente ou frio depende de quem sente). Voltaire rebate tal argumento, em seu Dicionário Filosófico, apontando que, ainda que longe e perto sejam termos relativos, três quilômetros não é. Qualquer pessoa que meça o caminho entre o menino e a escola em que ele estuda, se a medição for feita direito, estará de acordo acerca da distância. O mesmo podemos dizer em relação à temperatura: quente e frio são relativos, mas cinco graus Celsius é certeza. O argumento pirrônico de que a verdade é inalcançável é posto abaixo pela matemática (Agostinho em seu Contra os Acadêmicos: diálogo em três livros, inclusive insta que aprendamos matemática justamente porque é um método seguro de alcançar a verdade sobre algo).

2.3 NIETZSCHE.

Ainda que Nietzsche venha depois de Kant, ele dá uma definição de felicidade próxima das definições encontradas no período anterior a Kant. Para Nietzsche, os helenistas estavam errados em definir a felicidade como um estado em vez de uma atividade. Para Nietzsche, a felicidade é a sensação que se tem ao se superar um desafio. Se não houvesse desafios para superar, seríamos consumidos de tédio. Portanto, a humanidade precisa de algo que lhe cause sofrimento, ao menos para que ela tenha problemas os quais superar. Esforços para eliminar totalmente o sofrimento para sempre causarão um tipo diferente de sofrimento a nós.

Nietzsche era fã de Schopenhauer, o famoso filósofo pessimista, então faz sentido que ele pense dessa forma. Schopenhauer é o inventor de uma metáfora que leva seu nome: o pêndulo de Schopenhauer, segundo o qual a vida humana oscila entre o sofrimento (a luta para alcançar um objetivo) e o tédio (pois o objetivo perde a graça depois que é atingido). É possível traçar paralelos entre o pêndulo de Schopenhauer e a definição nietzschiana de felicidade, a qual estaria naquele momento em que o pêndulo chegou ao limite, pela consecução do objetivo, mas ainda não começou o movimento pra trás, quando o tédio começa a se instalar. Nietzsche não curtia Pascal, mas seu pensamento e o de Pascal são próximos, pois Pascal também argumenta, em seus Pensamentos, que o homem precisa de distração, mesmo que na forma de trabalho ou alguma causa social nobre, para não ficar deprimido de tédio.

Mas talvez Bertrand Russell não se importasse tanto: em sua História da Filosofia Ocidental, Russell compara Nietzsche com Tomás de Aquino, dizendo que preferiria o santo (ainda que Russell fosse ateu como Nietzsche), pois as ideias de Nietzsche são perigosas. Ele até imagina como seria um debate entre Nietzsche e Buda, mostrando como a paz é preferível. Russell, assim como os helenistas, preferiria um mundo sem sofrimento, ainda que isso posasse o risco de deixar o mundo “chato”.

3 ÉTICA VISANDO A JUSTIÇA.

Muito bem, agora temos a ideia de que o homem precisa ser feliz e isso realmente é algo interessante. Mas Kant aponta alguns problemas em relação a isso: o que torna alguém feliz pode tornar outro infeliz. Tome o exemplo de Nietzsche, que veio depois de Kant, mas que se encaixa aqui: se felicidade é superar dificuldades e os interesses humanos entram em conflito, uma forma válida de buscar a felicidade é suprimindo os interesses dos outros, sempre que tais interesses conflitarem com os seus. Isso é feito pela luta, pela guerra e pela conquista. Nietzsche até tem um nome pra isso: vontade de poder, explicando que o ser humano traz em si um desejo de domínio. Mas isso seria justo? Seria justo que, para obter minha felicidade, eu subjugasse o outro? Provavelmente não.

E quanto a Aristóteles? Se não me engano, em sua Metafísica dos Costumes, Kant faz uma crítica a ética das virtudes, concebida por Aristóteles, segundo a qual a virtude moral está no justo meio. Para algumas culturas, ser pão-duro é uma virtude. Para outras, ser temerário é uma virtude. Assim, não há garantia de que as virtudes apontadas por Aristóteles na Ética a Nicômaco ainda serão virtudes no momento em que você pisar fora da Grécia.

E Epicuro? Bom, você deve fugir do sofrimento, buscando apenas ações que causem mais prazer do que dor, mas isso não abre uma brecha para cometer um crime se houver certeza de que você não será descoberto? Afinal, o sofrimento implícito na ação seria zero! Pelo menos os utilitaristas, como a galera do Jeremy Bentham, tentam remediar isso acrescentando que cada ação deve ser julgada também pelo bem-estar proporcionado aos outros, não somente a si mesmo, de forma que ações melhores são aquelas que causam o maior bem-estar ao maior número de pessoas…

Voltemos a Kant: se a felicidade não é um objetivo bom para a ética, qual objetivo deve substituí-la? A justiça. Mas, para alcançar a justiça, é preciso partir de um preceito moral com o qual todos possamos concordar. Kant propõe que tal preceito é o imperativo categórico: só se deve fazer aquilo que todos possam fazer. É imperativo porque é uma ordem e categórico porque não aceita exceções.

Exemplo: você tá precisando de dinheiro, então você pede emprestado esse dinheiro sabendo que você não o devolverá (este exemplo está na Fundamentação da Metafísica dos Costumes). Isso é justo? Imagine: seria justo se todo o mundo pedisse dinheiro emprestado sabendo que não devolverá o dinheiro? Não. Se os outros não podem fazer, você também não pode. Eis o imperativo categórico.

Ah, mas e se for uma questão de vida ou morte? Seria justo fazer isso se fosse uma questão de vida ou morte? Essa pergunta não se aplica, pois o imperativo é categórico. Não se deve perguntar “seria justo não devolver o dinheiro se…”, mas “seria justo não devolver o dinheiro” e ponto final. Não importa por que se pede, nem por qual razão ele não seria devolvido.

Isso é pesado. É muito difícil viver dessa forma e isso elimina um grande número de casos excepcionais que simplesmente acontecem. Aplicar tal preceito pode acabar sendo injusto num caso concreto. Talvez por isso eu nunca tenha visto uma pessoa aplicar tal preceito à sua própria vida, não sem exceções.

David Hume, que veio antes de Kant, afirma que não é possível uma ética totalmente racional, como essa do imperativo categórico, porque as emoções e os sentimentos permeiam nossa vida e nossas escolhas. A própria preocupação ética, de como viver da maneira “certa”, nasce dos sentimentos. São os sentimentos que dão origem a leis contra o homicídio, por exemplo. Não é um fundamento racional que originou a legislação contra o homicídio, mas o sentimento de que o homicídio é abominável, às vezes mais ou às vezes menos dependendo das circunstâncias (daí os qualificadores). Observe que isso não significa que o sentimento deve ser o árbitro em situações morais: Stephen Kershar, em Pedophilia and Adult-Child Sex: a philosophical analysis, aponta justamente que a estética (o sentimento de que algo é “feio” ou “bonito”) não deve servir de fundamento para a moral. Por exemplo: pra muita gente, sexo entre pessoas obesas ou do mesmo sexo é nojento e horroroso, mas isso significa que esse tipo de atividade sexual é também errado? Não. O sentimento pode até ser uma base, mas não se deve construir sobre tal fundamento sem a aprovação e coordenação que só a razão pode prover.

3.1 DIREITOS HUMANOS?

Talvez não possamos encontrar um princípio ético universal como quis Kant. Ao menos, não um que possa ser aplicado a todos. Talvez devêssemos mesmo aceitar que cada povo tem uma moral diferente por ter princípios éticos diferentes. Mas existiria, ao menos, um conjunto de direitos e deveres mínimos que possam ser atribuídos a cada ser humano? A tentativa mais popular de alcançar tal objetivo são os direitos humanos. A Declaração dos Direitos Humanos contém vinte e oito direitos e dois deveres que são inerentes à pessoa… ou deveriam ser? Talvez?

O fato é que toda decisão da Organização das Nações Unidas tem poder apenas infraconstitucional: qualquer direito humano pode ser negado pela constituição de um país signatário. Por exemplo: um direito humano é a liberdade de expressão, mas, no Brasil, a nossa Constituição Federal não permite que você expresse qualquer coisa. Então, a liberdade de expressão no Brasil tem limitações, ainda que seja um direito humano.

Isso nos mostra que a tendência atual na política é de respeitar as diferenças de cada país e permitir que eles se autodeterminem, inclusive moralmente. Basta olhar a idade de consentimento em cada país (eu amo este exemplo). A ONU pode reclamar, claro. Mas ela não passará por cima da constituição de país nenhum. Eu, pelo menos, nunca vi isso acontecer e, considerando sua atuação hoje, acho que não verei isso acontecer tão cedo.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Ética, como reflexão acerca das regras que seguimos, é algo que só não tem quem é desprovido de senso crítico. Qualquer pessoa pode refletir sobre a correção de regras morais, sobre seus fundamentos, sobre seus objetivos e forma. É pela ética que julgamos a moral, não apenas nossa, mas mesmo de todo nosso país. A reflexão sobre o certo e o errado vai além de aceitar como “certo” o que nos dizem ser certo. Toda pessoa deveria se questionar, ao menos uma vez na vida, por que ela segue as regras que segue, se tais regras ainda são adequadas como elas eram no momento em que foram concebidas ou implementadas, especialmente frente a um mundo cuja realidade muda. Quem sabe? Talvez muitas regras que costumamos seguir já estejam desatualizadas e estejam no caminho do nosso desenvolvimento como nação.

A compreensão de que valores são diferentes para cada povo nos ajuda a compreender porque diferentes povos e diferentes seres humanos têm morais diferentes. O que nós consideramos valioso pode não ser valioso em outras culturas. Talvez elas tenham prioridades diferentes ou visões diferentes sobre determinados assuntos, como a sexualidade, a política ou a religião. Assim, antes de condenar a moral dos outros e aprovar a nossa, como fazemos com frequência, deveríamos antes verificar o que esses outros consideram como valioso. Toda moral é criada com base em valores, sejam valores comunitários ou os valores da classe dominante. Identificar tais valores auxiliará na compreensão do comportamento humano em culturas diferentes da nossa.

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