#12 À conversa com… Emanuel Novo (Varzim) – A personificação da palavra “acreditar”
O mundo do futebol é uma realidade dura para quem as ambições são muitas mas por vezes os pequenos passos atrás são gigantes passos em frente… A única coisa em que temos de nos fiar é na nossa confiança e capacidade de trabalho. Ser guarda redes por si só já é difícil imaginem ainda por cima ser novo também! É uma tarefa árdua… Hoje trago a história em jeito de entrevista de Emanuel Novo, para os mais atentos conhecem talvez a sua prestação ao serviço do GD Chaves a época passada, para os menos atentos é o actual guardião das redes do mítico Varzim.
Um dos dados mais curiosos é a viagem que existiu na carreira do guardião, o homem que consegue em 4 anos jogar em 4 divisões diferentes, e foram 4 anos sempre a subir! Jogou na distrital do Porto, jogou no CPP, explodiu na Segunda Liga e acabou a treinar ao lado de ídolos das balizas em Chaves. Mas nem tudo foi um mar de rosas… O início foi sempre difícil, passou em 3 equipas em 3 anos seguidos!
“Assim que subi a sénior, senti me um pouco desamparado e sem pessoas que me pudessem ajudar, acabei por ingressar na AD Oliveirense através de um treinador que me conhecia da formação do Rio ave. Acabou por ser uma época má porque descemos de divisão nesse ano e fiz 5 jogos já na parte final… “
Seguiu-se o Melgacense:
“No ano seguinte o mesmo treinador tinha um projecto interessante para subir, na 3 divisão. O que acabou por correr muito mal outra vez porque ficamos sem receber salários logo nos primeiros meses e toda equipa decidiu abandonar o clube a meio da temporada”
Foi nesta altura que Emanuel sentiu daquilo que muitos de vocês, guarda redes no activo nas ligas inferiores sentem, que é precisamente que o futebol não vos está a dar nada e que para não desistir apenas jogam num clube qualquer e andam por andar no futebol, no clube da terra, no seio dos amigos.
Mas ainda assim existe quem se destaque por trabalhar na mesma. Esse trabalho nunca é em vão! Acreditem! Emanuel Novo pelo terceiro ano consecutivo troca de clube e ingressa no humilde Balasar da Distrital do Porto.
“E então no Balasar como eu jogava sempre, a nossa equipa jogava muito bem, comecei a dar vistas com boas exibições e subida de divisão… Quando aparece um empresário que achava que eu podia jogar mais acima e colocou-me no Famalicão a fazer testes, clube esse que na altura militava no CPP! Acabei por ficar, o mister Daniel Ramos gostou de mim e via em mim um guarda redes com potencial. Nesse ano o Famalicão tinha um projecto de subida à segunda liga e a minha oportunidade chegou mesmo perto de fim em jogos importantes!”
Talvez o passo atrás mas com trabalho compense mesmo. Emanuel aproveitou uma oportunidade num campeonato bem acima, numa equipa histórica com um projecto bem definido. Um treinador que hoje tem dado cartas nos palcos principais! Podemos chamar sorte, mas quem trabalha bem seja em que divisão for vai de certeza alcançar algum feito mais tarde. Certo é que o Famalicão sobe mesmo à Segunda Liga e Emanuel vai para a terceira divisão diferente em três anos consecutivos!
Tenho para mim que a segunda Liga é a mais competitiva das nossas ligas e como já expressei em outros artigos aqui em A Última Barreira, dando gosto ver os “nossos meninos” nessa liga que permite muitas intervenções, muito crescimento e potenciação para outros patamares! Foi precisamente aqui que o guardião se destacou!
“Na segunda liga foi o meu ano de lançamento! Comecei por ser 3 opção para a baliza, mas com o decorrer do campeonato e com algumas fases menos boas dos outros 2 guarda redes, o mister deu me a oportunidade… Fiz 17 jogos a um bom nível, a equipa melhorou bastante e eu acabei por ser valorizado no final dessa época!”
Esperou, trabalhou e alcançou o que queria! Agarrou a oportunidade que teve com tudo o que tinha para oferecer à sua equipa. Todos sabemos que tirar um guarda redes da baliza não é fácil mas manter-se por lá, jogos e jogos sem fim, é um feito ainda mais difícil! No fim desse ano maravilhoso a nível individual existiram convites da 1 Liga, o objectivo mais ansiado pelos jogados profissionais e não profissionais em Portugal, e Emanuel não foi excepção.
Aceitou o convite do CD Chaves para ingressar na 1Liga! A passagem em Chaves já foi menos oportuna. Até aqui bateu-se de frente com todos os seus oponentes, agarrou oportunidades! Em Chaves apanhou dois excelentes guarda-redes! Muito experientes nestas andanças, o que dificultou a sua imposição definitiva na baliza Flaviense. Mas a sua passagem foi benéfica! Partilhar balneário com atletas experientes é uma experiência fantástica, certamente.
“Aprendi com todos, coisas diferentes. É certo que há uns anos já não pensava partilhar o balneário com eles. (quando esteve no Balasar). Mas cada um com as suas ideias e com diferentes formas de ajudar. Foram todos importantes para mim… Dentro e fora do campo também!”
Após os 2 anos em Chaves e com concorrência apertada, decidiu a bom porto levar a sua carreira à liga que lhe deu outrora boas oportunidades, aceitou o projecto do Varzim e ali está ele, confiante nas suas luvas e no seu trabalho e tem comprovado que se pode subir a pulso no futebol português. Assim o fez Emanuel! Exemplo para todos vós que sentem que o profissional está lá longe! Também ele pensava isso quando estava na distrital mas a vida dá voltas e se trabalharmos de igual para igual, estejamos na distrital ou na 1 divisão, a recompensa irá aparecer, sem sombra de dúvidas.
“Nessa altura claro que andava muito triste, sentia que o sonho de ser profissional estava mesmo muito longe, Mas tens de ter confiança nas tuas capacidades deves ser dar o máximo seja em que divisão for… Há sempre gente atenta que te pode ajudar!” – terminou, em jeito de defesa ao ângulo superior, Emanuel Novo a dizer.
O futebol dá-nos isto tudo, façam o favor de trabalhar e chegar longe! Para acontecer só tem de decidir tentar! Quero agradecer à colaboração do grande Emanuel por contar me a sua história e que o futebol te sorria, campeão, e à UB por me dar o espaço de ver esta conversa partilhada. Obrigado!
- Conversa conduzida por Ivan Moreira
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