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Inflação não é um aumento generalizado nos preços
Há quase que uma completa unanimidade entre economistas e comentaristas econômicos sobre a inflação ser um aumento generalizado nos preços de bens e serviços.  Deste raciocínio, estabelece-se que qualquer coisa que contribua para um aumento nos preços irá desencadear inflação.  Uma queda no desemprego ou um aumento na atividade econômica é visto como um potencial gatilho inflacionário.  Alguns outros gatilhos, como aumentos nos preços das commodities ou nos salários, também são considerados potenciais ameaças.

Se a inflação é apenas um aumento generalizado nos preços, como acredita o senso comum, então por que ela é considerada algo ruim?  Que tipo de estragos ela faz?

Economistas convencionais afirmam que a inflação gera especulações, o que por sua vez gera desperdícios.  A inflação, dizem eles, também corrói a renda real de pensionistas e de assalariados de baixa renda, além de gerar uma alocação errônea de recursos.  A inflação, argumentam, também solapa o crescimento econômico real.

Por que deveria um aumento generalizado nos preços afetar apenas alguns grupos de pessoas, deixando outros incólumes?  Ou, como a inflação leva a uma má alocação de recursos?  Por que um aumento generalizado nos preços debilitaria o crescimento econômico real?  Adicionalmente, se a inflação é desencadeada por fatores como desemprego ou atividade econômica, então certamente ela é apenas um sintoma e, sendo assim, não pode causar nada do que foi dito acima.

Para especificar o que realmente é inflação, temos de estabelecer sua definição.  Porém, para estabelecer a definição de inflação, temos de estabelecer como este fenômeno surgiu.  Temos de rastreá-lo até suas origens históricas.

A essência da inflação

A inflação surgiu quando o regente de um país — por exemplo, um monarca — obrigava seus cidadãos a lhe entregar todas as moedas de ouro que possuíam sob o pretexto de que uma nova moeda iria substituir a atual.  Neste processo, o monarca falsificava o conteúdo das moedas de ouro misturando a elas algum outro metal e devolvia aos cidadãos moedas contendo ouro diluído.  Sobre isto, Rothbard escreveu,

Mais especificamente, a Casa da Moeda derretia e voltava a cunhar todas as moedas do reinado, devolvendo aos súditos o mesmo valor nominal de "libras" ou "marcos", mas a um peso menor.  As sobras de ouro (ou prata) que ficavam na Casa da Moeda eram embolsadas pelo monarca e utilizadas para financiar seus gastos.

Por causa desta diluição das moedas de ouro, o monarca podia agora cunhar uma quantidade maior de moedas e utilizar estas moedas extras para cobrir seus próprios gastos.  Aquilo que continuava sendo visto como uma moeda de ouro puro era na verdade uma moeda de ouro diluído.

Este aumento no número de moedas gerado pela diluição das moedas de ouro é exatamente a definição de inflação.  Como resultado deste aumento da quantidade de moedas que se faziam passar por moedas de ouro puro, os preços em termos de moedas subiam (mais moedas estavam sendo trocadas pela mesma quantidade de bens).

Observe que o temos até agora é uma inflação de moedas, isto é, uma expansão da quantidade de moedas.  Como resultado desta inflação, o monarca podia agora incorrer em uma troca de nada por alguma coisa: utilizando moedas adulteradas, ele podia obter para si próprio recursos da economia.  Ao fazer isso, ele está retirando recursos dos cidadãos e os desviando para si próprio, sem ter produzido nada em troca.  Observe também que o aumento nos preços em termos de moeda se dá por causa da inflação das moedas.  Por fim, note que o que permite o desvio de recursos da economia para o monarca é o aumento na quantidade de moedas gerado pela diluição das moedas de ouro, e não um aumento nos preços.

Sob o padrão-ouro, o processo de adulteração do meio de troca se tornou muito mais avançado com o advento da emissão de moeda de papel sem um lastro equivalente em ouro.  Inflação, portanto, em seu contexto histórico, significa um aumento na quantidade de certificados de ouro não lastreados em ouro; significa um aumento no número de certificados que se fazem passar por genuínos representantes do dinheiro padrão, o ouro, mas que na realidade não possuem uma idêntica quantia de ouro os resguardando.

O portador destes certificados não lastreados poderá incorrer em uma troca de nada por alguma coisa.  Como resultado deste aumento no número de certificados de ouro (inflação de certificados de ouro), haverá um aumento generalizado nos preços.  Observe que o aumento nos preços ocorre por causa do aumento nos certificados de ouro (meros papeis) que não são lastreados por ouro.  Da mesma forma, o que temos é uma situação em que os emissores dos certificados não lastreados desviam bens reais da economia para si próprios sem no entanto terem dado nenhuma contribuição à produção de bens.

No mundo moderno, o dinheiro real não é mais o ouro, mas sim cédulas de papel e dígitos eletrônicos em contas-correntes.  Inflação, neste caso, é um aumento neste estoque de dinheiro.

Observe que não dizemos, como fazem s monetaristas, que um aumento na oferta monetária causa inflação.  O que estamos dizendo é que inflação é um aumento na oferta monetária.

Note que aumentos na oferta monetária desencadeiam uma troca de nada por alguma coisa.  Tais aumentos retiram recursos dos reais geradores de riqueza e os desviam para os portadores do dinheiro recém-criado.  É este processo que gera as alocações errôneas e insustentáveis dos recursos, e não aumentos de preço por si sós.

A renda real dos indivíduos geradores de riqueza irá cair não por causa do aumento generalizado dos preços, mas sim por causa do aumento na oferta monetária.  Quando a quantidade de dinheiro é expandida — isto é, o dinheiro é criado "do nada" —, os portadores deste dinheiro recém-criado adquirem a capacidade de desviar para si próprios bens e serviços sem no entanto terem feito qualquer contribuição para a produção de bens.

Como resultado, aqueles geradores de riqueza — indivíduos que contribuíram para a produção de bens e serviços — descobrem que o poder de compra do seu dinheiro caiu, pois restaram agora menos bens disponíveis na economia — eles não mais podem demandar a mesma quantidade de bens de antes, pois estes bens não mais estão lá; já foram adquiridos pelos portadores do dinheiro recém-criado.

E uma vez que os geradores de riqueza possuem menos recursos reais à sua disposição, isto obviamente irá afetar a formação de mais riqueza real.  Consequentemente, o crescimento real da economia ficará obstruído.

Aumentos generalizados nos preços, resultantes de aumentos na oferta monetária, apenas assinalam uma erosão da riqueza real.  Aumentos de preços, por si sós, não causam esta erosão.

Da mesma forma, é a inflação monetária, e não aumentos nos preços, o que corrói a renda real de pensionistas e de assalariados de baixa renda.  Em geral, estas pessoas são as últimas a receber o dinheiro recém-criado.

De acordo com Rothbard,

Os que mais tendem a sofrer com a inflação monetária são aqueles que estão em contratos de renda fixa — contratos feitos dias antes do aumento inflacionário dos preços.  Beneficiários de seguros de vida e pensionistas anuais, aposentados vivendo da Previdência, senhorios com alugueis fixados a longo prazo, portadores de títulos e outros credores, portadores de dinheiro — todos irão absorver o fardo mais pesado da inflação.  Eles são aqueles que são "tributados" pela inflação.

Pode haver inflação se os preços não se alteram?

Tudo o mais constante, se, para um dado estoque de bens, ocorrer um aumento na oferta monetária, isto significa que mais dinheiro estará sendo trocado por uma quantidade fixa de bens.  Obviamente, portanto, o poder de compra do dinheiro irá diminuir, isto é, os preços dos bens irão aumentar (será necessário mais dinheiro por unidade de bem).  Neste caso, o aumento generalizado nos preços está associado à inflação, ou seja, a aumentos na quantidade de dinheiro na economia.

No entanto, considere o seguinte caso: a taxa de crescimento da quantidade de dinheiro está em sincronia com a taxa de crescimento da quantidade de bens.  Consequentemente, os preços dos bens, na média, não se alteram.  Então, está havendo inflação ou não?  Para a maioria dos economistas, se um aumento na oferta monetária é contrabalançado por um idêntico aumento na produção de bens, então está tudo ótimo, pois não ocorre nenhum aumento generalizado de preços; portanto, não houve inflação.  Mas este raciocínio é errado: houve sim inflação, isto é, houve sim um aumento na quantidade de dinheiro.  E este aumento não pode ser desfeito por um correspondente aumento na produção de bens e serviços.

Por exemplo, tão logo um monarca tenha criado mais moedas de ouro diluído que se fazem passar por moedas de ouro puro, ele estará apto a trocar nada por alguma coisa, não importa qual seja a taxa de crescimento da produção de bens.  Independentemente de como esteja a produção de bens, o monarca pode agora incorrer na troca de nada por alguma coisa, ou seja, ele pode desviar recursos para si e não contribuir com absolutamente nada em troca.  Tal desvio é possível por causa do aumento no número de moedas possibilitado pela diluição das moedas de ouro — isto é, pela inflação das moedas.

A mesma lógica pode ser aplicada à inflação do papel-moeda atual.  A criação de dinheiro do nada — seja o dinheiro cédulas de papel ou dígitos eletrônicos — gera um processo de troca de nada por alguma coisa que não pode ser desfeito por um aumento na produção de bens.  Um aumento na quantidade de dinheiro — isto é, um aumento na inflação — irá desencadear todos os efeitos colaterais negativos que a impressão de dinheiro gera, inclusive o problema dos ciclos econômicos, independentemente de qual seja o aumento na produção de bens.

Segundo Rothbard,

O fato de que, nos EUA, os preços em geral se mantiveram relativamente estáveis durante a década de 1920 foi interpretado pela maioria dos economistas da época como uma evidência de que não havia nenhuma ameaça inflacionária.  Consequentemente, os eventos da Grande Depressão os pegaram completamente alheios à realidade.

Um aumento no dinheiro-commodity causa inflação?

Agora, imagine uma economia sob um padrão-ouro.  Imagine também que haja um aumento na mineração e na produção de ouro.  Logo, a quantidade de dinheiro — ou seja, ouro — irá aumentar.  Em consequência disso, imagine que houve um aumento generalizado nos preços dos bens e serviços.  É correto rotular este aumento de inflação?  De acordo com alguns economistas, um aumento na oferta de ouro irá gerar distorções similares àquelas geradas pela criação de dinheiro do nada.

Comecemos com uma economia de escambo, em que não há dinheiro.  João, o minerador, produz dez onças de ouro.  Ele minera ouro porque acredita que há um mercado para o ouro.  O ouro, afinal, contribui para o bem-estar dos indivíduos e pode ser usado na produção de vários bens.  Ele troca suas dez onças de ouro por vários outros bens, como batatas e tomates.

Com o tempo, as pessoas descobrem que o ouro, além de ser útil para a fabricação de jóias, é também útil para algumas outras aplicabilidades.  Com isso, elas agora atribuem ao ouro um valor de troca maior do que aquele que ele já possuía.  Consequentemente, João, o minerador, pode agora trocar suas dez onças de ouro por uma quantidade maior de batatas e tomates.

Deveríamos crer que isto é ruim, uma vez que João adquiriu a capacidade de desviar para si mais recursos?  Não.  O que está acontecendo com João, o minerador, é apenas aquilo que acontece a todo o momento no mercado.  À medida que o tempo passa, as pessoas atribuem mais importância a alguns bens e diminuem a importância atribuída a outros bens.  Alguns bens passam a ser considerados mais importantes do que outros para manter a vida e o bem-estar das pessoas.

Agora, suponha que as pessoas do nosso exemplo descobriram que o ouro é também útil para mais uma função: servir como meio de troca.  Consequentemente, elas irão elevar ainda mais o preço do ouro em termos de tomates e batatas.  O ouro passa a ser predominantemente demandado como meio de troca — a demanda por ouro para a realização de outros serviços, como por exemplo ornamentação, passa a ser bem menor do que já foi.

Observe, no entanto, que o ouro faz parte do conjunto da riqueza real da economia; ele é uma mercadoria que gera melhorias na vida e no bem-estar das pessoas.  Logo, vejamos o que acontece se João aumentar a produção de ouro.

Um dos atributos da escolha do ouro como meio de troca é que ele é relativamente escasso.  Isto significa que um produtor de um bem qualquer que tenha trocado seu bem por ouro terá seu poder de compra preservado ao longo do tempo caso mantenha a posse deste ouro.  Mas se, por algum motivo, houver um grande aumento na produção de ouro, e esta tendência persistir, o valor de troca do ouro em relação a outros bens estará sujeito a um contínuo declínio, tudo o mais constante.  Sob tais condições, as pessoas tenderão a abandonar o ouro como meio de troca e sair em busca de outra mercadoria que cumpra esta função.

À medida que a oferta de ouro produzido por João aumenta, sua função como de troca irá perder importância, ao passo que sua demanda para outras aplicabilidades tende a se manter constante ou até mesmo aumentar.  Portanto, neste sentido, um aumento na produção de ouro aumenta o conjunto da riqueza real da sociedade.

Quando João troca ouro por bens, ele está incorrendo na troca de alguma coisa por alguma coisa.  Ele está trocando riqueza por riqueza.  Observe também que o aumento na oferta de ouro não se deu porque houve um ato de diluição do ouro nas moedas, mas sim porque houve um aumento na produção de ouro.

Compare tudo isto à mera criação de certificados de papel — isto é, substitutos de ouro — que não são 100% lastreados em ouro.  Tal arranjo irá possibilitar o consumo de um bem sem que tenha havido a produção de nenhum outro bem ou serviço; sem que tenha havido nenhuma contribuição para o conjunto da riqueza real.  Estes papeis vazios desencadeiam um processo de troca de nada por alguma coisa, o que, por sua vez, leva a uma má alocação de recursos, gerando os ciclos econômicos.

É válido lembrar que um aumento na mineração de ouro não leva a uma má alocação de recursos, isto é, a um emprego de recursos de uma maneira insustentável, de uma maneira que não foi demandada pelo livre mercado (o qual reflete as genuínas e mais urgentes preferências dos consumidores).  Observe também que o número de moedas de ouro aumentou não porque houve uma diluição do ouro nas moedas, mas sim como resultado de um aumento na produção de ouro, ou seja, na riqueza real.  Contrariamente àquele que cria dinheiro de papel do nada, o gerador de riqueza — o produtor de ouro — é capaz de sustentar suas próprias atividades.  Ele não retira recursos reais dos outros geradores de riqueza, pois ele produziu algo em troca; ele não desviou recursos reais para si próprio utilizando dinheiro vazio.  Consequentemente, qualquer declínio na quantidade de dinheiro criado do nada não irá afetá-lo.  (Vale enfatizar que um declínio na quantidade de dinheiro criado do nada irá reduzir este processo de desvio de recursos para atividades que surgiram no rastro desta criação artificial de dinheiro.)

Conclusão

Contrariamente à definição popular, inflação não é um aumento generalizado nos preços, mas sim aumentos na quantidade de dinheiro criado "do nada".  Inflação é um ato de fraude, de peculato.  Sob um padrão-ouro, inflação é um aumento na oferta de certificados de ouro não lastreados por ouro.  Sob um padrão-papel, inflação é um aumento na oferta de cédulas de papel e dígitos eletrônicos nas contas-correntes.  Em regra, um aumento generalizado e contínuo nos preços decorre de um aumento contínuo na quantidade de dinheiro.  Os malefícios que a maioria das pessoas atribui a aumentos nos preços são, na realidade, gerados por aumentos na quantidade de dinheiro criado do nada.  Por conseguinte, políticas de combate à inflação que não identifiquem corretamente o que é inflação irão apenas piorar as coisas.  Quando a inflação é vista como um aumento generalizado nos preços, então qualquer coisa que contribua para um aumento nos preços é chamada de inflacionária.  Não mais são o banco central e o sistema bancário de reservas fracionárias as fontes da inflação, mas sim várias outras causas.  Nesta abordagem, não apenas o banco central nada tem a ver com a inflação, como na verdade ele passa a ser visto como o grande guerreiro que combate a inflação.

Sobre esta questão, Mises escreveu,

Para evitar levar a culpa pelas conseqüências nefastas da inflação, o governo e seus seguidores recorrem a um truque semântico.  Eles tentam mudar o significado dos termos.  Eles chamam de "inflação" aquilo que é justamente a consequência inevitável da inflação: o aumento dos preços.  Eles se esforçam ao máximo para relegar ao esquecimento o fato de que esse aumento de preços é produzido justamente pelo aumento da quantidade de dinheiro e de substitutos monetários na economia.  E eles nunca mencionam este aumento.

Eles culpam as empresas e os empresários por esse aumento do custo de vida.  Este é o clássico exemplo do ladrão que grita "pega ladrão!".  O governo, que é quem produziu a inflação ao multiplicar a oferta monetária, incrimina os produtores e os mercadores, e se jacta de ser o grande paladino dos preços baixos.



autor

Frank Shostak
é um scholar adjunto do Mises Institute e um colaborador frequente do Mises.org.  Sua empresa de consultoria, a Applied Austrian School Economics, fornece análises e relatórios detalhados sobre mercados financeiros e as economias globais.


  • Diego  09/05/2012 07:51
    Leandro, em uma discussão sobre inflação e deflação foi levantado o seguinte ponto:
    Com a inflação os poupadores são prejudicados porque o dinheiro se desvaloriza com o tempo, já com a deflação os emprestadores acabam prejudicados com a valorização do dinheiro. Qual seria a melhor solução para esse problema?
  • Leandro  09/05/2012 07:56
    Isto que foi dito sobre a deflação não faz absolutamente nenhum sentido. Por que um credor seria prejudicado pelo aumento do poder de compra do dinheiro? Pelo contrário: quando ele receber de volta seu dinheiro, este estará valendo mais do que quando foi emprestado. O credor só ganhou.
  • Roberto Chiocca  09/05/2012 08:11
    Leandro,
    poderiamos então ter juros nominais negativos num cenário onde o ouro é a moeda e ele tradicionalmente se valoriza?
  • Leandro  09/05/2012 08:29
    Nominais, nunca. Reais, talvez, mas muito difícil.

    Se você emprestar a juros zeros (taxa mínima que qualquer pessoal racional cobraria), e houver um deflação de preços qualquer, os juros reais serão positivos. Os juros reais serão negativos apenas se todo mundo calcular errado e, por exemplo, emprestar a juros de 1% e a inflação de preços for de 2%. Isso pode ocorrer num ano isoladamente, mas não seria a tendência, pois o crescimento econômico, agora livre das manipulações monetárias de um banco central, seria bem mais previsível, e as pessoas estimariam com mais precisão qual seria a inflação/deflação de preços do período.
  • Diego  09/05/2012 08:23
    Acho que eu me expressei mal, considere a seguinte situação:
    Eu empresto R$ 100,00 de você com juros de 1% ao ano.
    Se os preços se manterem constantes eu pago a você RS 101,00.
    Se durante o período ocorrer uma inflação de 1% eu pago a você os mesmo R$ 101,00 mas ao considerarmos a inflação o juro real foi de 0%, você foi prejudicado.
    Mas caso ocorra um deflação de 1% eu pago R$ 101,00, mas aí o juro real foi de 2% e eu sou prejudicado.
  • Leandro  09/05/2012 08:37
    Voce foi "prejudicado" no mesmo sentido que uma pessoa que espera muito tempo para vender uma ação na esperança de que ela vai se valorizar eternamente acaba tendo de vendê-la quando seu valor entra em inesperado declínio. Esse cara não foi prejudicado por ninguém; apenas o mercado funcionou assim.

    A mesma coisa no seu exemplo. Você só seria genuinamente prejudicado se houvesse uma redução na quantidade de dinheiro na economia. Aí sim você teria dificuldades para arrumar dinheiro para quitar seu empréstimo.
  • Samuel  10/05/2012 14:50
    Acho que o Diego está meio-certo: em um cenário de deflação, que TOMA empréstimos é que é prejudicado, em que POUPA ou EMPRESTA sai ganhando. Já num cenário de inflação o Diego explanou corretamente.
  • Leandro  10/05/2012 15:04
    De novo, como expliquei imediatamente abaixo para o Miguel: se for deflação monetária, sem dúvidas. Se for apenas deflação de preços, não há motivos. Quem não pensa assim, tem de explicar logicamente o porquê.
  • Miguel  09/05/2012 08:10
    Quem se ferra são os que tomam emprestado;
  • Leandro  09/05/2012 08:22
    Quem toma emprestado só vai se estrepar se houver uma redução na quantidade de dinheiro na economia, algo que acontece justamente quando se tem um sistema bancário de reservas fracionárias. Sem este sistema, porém, não há como haver deflação monetária. Logo, não tem como um tomador de empréstimo ser prejudicado. Deflação de preços foi o cenário rotineiro nos EUA da segunda metade do século XIX, época de crescimento econômico mais vigoroso e sustentado da história do país.
  • Roberto  09/05/2012 08:24
    Artigo muito bom, gostaria de saber qual a visão do IMB sobre a inflação sobre o ponto de vista keynesiano, que diz ser o aumento salarial o implicador do aumento de custos e por consequência o gerador da inflação - no caso o aumento dos preços. Isso é possível? Tendo pouca mão de obra no mercado, isso não provocará um aumento dos salários?

    Bem pelo que vi aqui a definição de inflação por parte dos keynesianos está errada, mas independente da definição, o que eles alegam não é verdade?ou só é um sofisma?

    Grato pela atenção, Abraços!
  • Leandro  09/05/2012 08:40
    Aumento salarial é um aumento de custos que só será repassado aos preços se houver aumento da quantidade de dinheiro na economia. Sem este aumento, é impossível sair aumentando preços.   Se salários e outros custos trabalhistas ou de produção forem forçados para cima, mas não houver um aumento na quantidade de dinheiro na economia, e os produtores tentarem repassar estes aumentos aos consumidores elevando os preços de venda, a maioria deles irá apenas vender menos produtos.  O resultado será um menor nível de produção e a perda de empregos.  Custos maiores podem ser repassados para os preços somente quando os consumidores têm mais dinheiro para pagar por estes preços mais altos. 
  • Sergio A.  16/05/2012 04:46
    Isso não é exatamente verdade. Um aumento generalizado nos salários dos funcionários é um aumento dos custos totais o que gera uma diminuição nos lucros de todas as empresas afetadas. Desse modo, em um segundo momento irá existir uma quantidade menor de empreendimentos economicamente viáveis. Isso por sua vez causa uma diminuição na oferta de bens e um consequente aumento no preço ótimo (O que maximiza os lucros). Se anteriormente configurava-se o mercado de um determinado bem com uma oferta X1, uma demanda Y1 e um preço de mercado P1. Após os aumentos dos salários, surgirá uma nova oferta X2 P1 tal que gere um lucro igual ao que existia no momento anterior, já que as condições de viabilidade não mudaram. Porém o novo preço resultará uma nova demanda Y2 < Y1, o que jogará os preços novamente para baixo. Um novo preço P3 surgirá, sendo em geral P1< P3 < P2. Em teoria, o ciclo continuaria após um novo reajuste da oferta ate o preço estabilizar-se depois de transcorrer um tempo infinito, mas na pratica os capitalistas ofertam um P2 que gera um lucro menor do que o que tinham na situação inicial, já antevendo o ponto de estabilização. Sendo assim, parte do aumento dos salários é repassada aos consumidores e parte é absorvida pelos capitalistas. Isso não é verdade se o aumento dos salários se restringir a uma única empresa. Nessa situação ela será obrigada a absorver totalmente os custos do aumento, já que não há nenhuma alteração na demanda ou na oferta que justifique o aumento dos preços.
  • Leandro  16/05/2012 05:05
    Sergio, se você ler atentamente o que você escreveu e o que eu escrevi, perceberá que você simplesmente confirmou tudo o que eu disse. Sem aumento da quantidade de dinheiro, haverá maiores custos, menores lucros, menor capacidade de investimento e menor emprego. Você escreveu tanto apenas para chegar à mesma conclusão no final.

    Abraços!
  • Sergio A.  16/05/2012 05:31
    Mas você afirmou que sem haver aumento na quantidade de dinheiro não pode haver aumento nos preços causado por um aumento dos salários. Tudo o que eu escrevi foi para argumentar que isso não é verdade se o aumento no dos salários for algo generalizado. Desse modo, haverá maiores custos, menores lucros, menor capacidade de investimento, menor emprego e preços mais altos.
  • Leandro  16/05/2012 05:40
    "Se salários e outros custos trabalhistas ou de produção forem forçados para cima, mas não houver um aumento na quantidade de dinheiro na economia, e os produtores tentarem repassar estes aumentos aos consumidores elevando os preços de venda, a maioria deles irá apenas vender menos produtos. O resultado será um menor nível de produção e a perda de empregos."

    Não dá pra ser mais claro do que isso. As consequências são exatamente as mesmas que você acabou de afirmar acima: "haverá maiores custos, menores lucros, menor capacidade de investimento, menor emprego e preços mais altos."

    Você está falando a mesma coisa que eu.
  • Sergio A.  16/05/2012 05:55
    Você disse o seguinte:

    "Aumento salarial é um aumento de custos que só será repassado aos preços se houver aumento da quantidade de dinheiro na economia. Sem este aumento, é impossível sair aumentando preços."
    e

    "Custos maiores podem ser repassados para os preços somente quando os consumidores têm mais dinheiro para pagar por estes preços mais altos."

    O que eu digo é exatamente o contrario. Custos maiores podem ser repassados aos consumidores mesmo se não houver aumento na quantidade de dinheiro na economia. Definitivamente eu não estou dizendo o mesmo que você. A menos que você tenha mudado de opinião.
  • Leandro  16/05/2012 06:15
    O problema é que você começou da metade final do raciocínio, ignorando a parte inicial.

    Em um cenário de oferta monetária fixa, custos só irão aumentar em caso de escassez de mão-de-obra (o que gera aumento de salários) ou de intempéries naturais. Fora isso, não há justificação monetária para um aumento de custos. Aumento de custos não será uma coisa rotineira jamais.

    Uma vez entendido isso, parte-se então para a análise do que aconteceria caso um aumento de custos fosse repassado para os preços. Porém, é preciso antes ter entendido que tal aumento de custos é um cenário excepcional. E que o repasse para os preços seria ainda mais excepcional. É nessa parte que você parece ter se embolado.

    Com oferta monetária fixa, qualquer aumento de preços será transformado em redução da demanda. Não há mágica. Não há outro jeito. Não há como contornar isso. Logo, se houver aumento dos custos, e este aumento de custos levar a um aumento dos preços, este aumento dos preços irá levar a uma concomitante redução da demanda. E então a empresa será duplamente impactada: custos maiores e demanda menor.

    É claro que, como você diz, "custos maiores podem ser repassados aos consumidores mesmo se não houver aumento na quantidade de dinheiro na economia", mas isso não será economicamente racional do ponto vista administrativo. A empresa vai perder volume de vendas. O preço aumentou, mas a demanda dos consumidores continua inalterada. A empresa pode fazer isso se quiser, é claro, mas irá ter prejuízos, ao passo que mantendo os preços inalterados ela ao menos garantirá uma pequena margem de lucro menor. E é deste princípio que estou partindo.
  • Sergio A.  16/05/2012 06:55
    "Com oferta monetária fixa, qualquer aumento de preços será transformado em redução da demanda. Não há mágica. Não há outro jeito. Não há como contornar isso. Logo, se houver aumento dos custos, e este aumento de custos levar a um aumento dos preços, este aumento dos preços irá levar a uma concomitante redução da demanda. E então a empresa será duplamente impactada: custos maiores e demanda menor.

    É claro que, como você diz, "custos maiores podem ser repassados aos consumidores mesmo se não houver aumento na quantidade de dinheiro na economia", mas isso não será economicamente racional do ponto vista administrativo. A empresa vai perder volume de vendas. O preço aumentou, mas a demanda dos consumidores continua inalterada. A empresa pode fazer isso se quiser, é claro, mas irá ter prejuízos, ao passo que mantendo os preços inalterados ela ao menos garantirá uma pequena margem de lucro menor. E é deste princípio que estou partindo."


    Aqui você parece ter se esquecido de uma ideia fundamental da economia, que é a de que uma diminuição na oferta de um bem leva ao aumento do seu preço. Então se houver uma diminuição na oferta (causado pelo aumento generalizado dos custos) haverá um aumento nos preços, não porque os capitalistas desejam seguir as leis econômicas, mas por que essas é a atitude que maximizará os lucros. Então não importa se o volume de vendas irá diminuir, existe um novo preço maior que o preço anterior que resulta em margem de contribuição grande o suficiente para mais que compensar essa redução nas vendas.

    Em relação a sua afirmação de que em uma economia de quantidade de oferta monetária fixa não haverá regularmente aumentos nos custos. Eu prefiro não opinar, porque não pensei sobre isso. Pode ser verdade, mas você não usou esse argumento inicialmente, por isso eu me ative à parte principal da questão.
  • Leandro  16/05/2012 07:38
    "Então não importa se o volume de vendas irá diminuir, existe um novo preço maior que o preço anterior que resulta em margem de contribuição grande o suficiente para mais que compensar essa redução nas vendas."

    Aqui você está pensando de acordo exclusivamente com modelos numéricos microeconômicos, que dizem sem absolutamente nenhuma prova teórica que "um preço maior irá gerar uma margem de contribuição grande o suficiente para mais que compensar essa redução nas vendas." Para uma economia com oferta monetária fixa, isso é puro chutômetro. Não há nada que garanta que isso irá acontecer. Não há nada que garanta que, para uma quantidade fixa de dinheiro, preços mais altos irão ainda assim gerar um volume de vendas que mais do que compense a redução havida nestas vendas.

    Mas também não serei eu quem irá querer lhe convencer do contrário.

    Sobre a redução da oferta de bens gerada pelos custos mais altos -- o que irá se refletir em preços mais altos e, consequentemente, menor demanda --, primeiro você tem de explicar o que geraria um (irreversível) "aumento generalizado de custos" em um ambiente de oferta monetária fixa. Que possa haver aumentos temporários, isso é indiscutível. Mas é preciso haver aumento irreversível para se gerar distúrbios permanentes. Ou um aumento contínuo (que desarranjaria ainda mais este mercado). É possível? Não vejo como.

    Ademais, é exatamente porque um aumento de custos geraria reduzida oferta, e consequentemente preços mais altos, que capitalistas irão evitar ao máximo qualquer aumento de custos reais. Se eles já fazem isso hoje, em cenário de forte inflação monetária, imagine então em um cenário de nula inflação monetária. É este o ponto que venho tentando fazer desde o início, quando você se deixou levar por questões semânticas.

    Grande abraço!
  • anônimo  09/05/2012 08:51
    Gostaria de fazer uma pergunta aos responsaveis pelo site.

    Na esgotosfera progressita, existe um consenso de que o Brasil se tornou um país imune a crises. Tal opnião, claramente influenciada pela simples comparação de crescimento e retração do PIB entre os países durante os anos de 2008-2010.

    Eu pergunto: de qual forma e como uma grande crise poderia colocar o país literalmente de joelhos, a um cenário só comparável ao que vimos nos anos 80?

    E outra mais pessoal: vocês acreditam que essa crise está para vir no futuro? ela é inevitável? tem como fazer uma projeção? a partir de que ano as coisas vão começar a ruir de verdade?

    E porque a percepção geral da população é que as coisas só melhoram, mesmo recebendo dinheiro do governo, de que de fato tal economia brasileira, é atualmente infalível como PHA e seus ratos de esgoto dizem ser?

  • Leandro  09/05/2012 09:10
    Eu me recuso a ter como leitor gente que lê o site deste referido. Aliás, está cheio de esquerdista que vem a este site encher a paciência justamente porque nem eles aguentam as coisas que estes anões morais escrevem. Vêm pra cá pra respirar ares puros.

    Quanto à sua pergunta, estes batedores de bumbo se encantam só porque o país cresceu (artificialmente) 7,5% em 2010. Basta um número deste para os animadores de circo já começarem a declarar que somos a oitava maravilha. O fato é que não houve absolutamente nenhuma melhoria em nenhum fundamento da economia brasileira. Pelo contrário: indicadores como endividamento e inadimplencia foram para níveis recordes. Sobre a crise internacional, não será ela o que irá nos derrubar. Todos os fatores negativos se encontram aqui mesmo no Brasil.

    Sugiro olhar nossos artigos sobre a economia brasileira para entender detalhadamentw toda a nossa trajetória.
  • Deilton  15/05/2012 07:22
    Leandro, vou lhe ser sincero, não resisto. Acesso ao site conversa "fiada". Fico abismado com os comentários que vejo por lá. Com o lançamento do programa do governo, o Brasil Carinhoso, tem gente lá comparando Dilma a Jesus Cristo.
    Confesso que não consigo não comentar. Ainda bem que é pela internet, se fosse pessoalmente acho que apanharia. O pessoal responde aos meus comentários com tanta fúria, digna de um comunista, que tenho até medo. Claro que não usam a lógica, só mesmo o sentimentalismo barato.
  • Leandro  15/05/2012 07:31
    Prezado Deilton, desculpe a sinceridade, mas você merece o tratamento que os porcos lhe dispensam. Afinal, você quer chafurdar na pocilga e ainda sair cheiroso?
  • Hay  09/05/2012 09:37
    A esgotosfera progressista é encabeçada por uma gente nojenta que segue o lema "Se hay gobierno, soy a favor" - os governistas-camaleões. A maioria deles foi enxotada de qualquer lugar que ainda tenha algum mínimo resquício de seriedade. É uma gente tão escrota que, se de repente a presidência voltasse a ser de alguém que faz oposição ao PT, eles mudariam radicalmente a postura e passariam a defender o governo e atacar aqueles que eles hoje em dia endeusam. Aliás, alguns deles atacavam com uma incrível ferocidade o mesmo Lula que agora defendem com unhas e dentes (apesar de tentarem disfarçar com

    Os governistas-camaleões são os ídolos da esgotosfera, mas os membros menos conhecidos não chegam a ser governistas-camaleões. O que aconteceu foi que, com o PT no poder, ganharam em poder político e econômico os piores militantes que já vi na vida: os militantes petistas e sindicalistas vagabundos. Eu vi pouquíssimos militantes tucanos, militantes do DEM, etc, na minha vida. A maioria deles abandona a militância quando se decepcionam (o que sempre acontece, afinal, estamos falando de políticos) com alguém. Outros não são militantes, somente entraram para o partido como se entra para uma gangue, não questionando as decisões dos superiores. Há também os militantes de partidos como PSOL e PSTU, que nem merecem ser levados a sério, são medíocres metidos a intelectuais. Já os militantes petistas deixam de lado qualquer tipo de bom uso das faculdades mentais. O PT, para eles, é o partido da moral, da virtude. Se alguma coisa não dá certo, é porque dará certo no futuro. Se aparecem acusações de corrupção, ou todo mundo faz (ora, então para que ser militante de algum partido?) ou então é conspiração da mídia golpista.

    Tudo o que eles sabem fazer é achar que a Veja está mancomunada com os grandes capitalistas do mal e que qualquer um que não seja puxa-saco do governo é leitor da Veja fanático. Infelizmente, a maioria das pessoas se deixa pautar pela esgotosfera, inclusive gente esclarecida.
  • Sidney  09/05/2012 08:56
    Não gostei. Se um emissor de moeda (seja lá o q é essa moeda) emite ou "produz" mais moeda p/ saciar a demanda dos seus clientes por mais moeda ele produziu um "bem/serviço" sim, ele produziu serviçõs de liquidez, ajudou a pessoa a manter o encaixe que ela considera ideal etc.. Isso é um "bem" do ponto de vista do demandante daquela moeda.\r
    \r
    Em termos estritamente economicos, não existe diferença alguma entre se a moeda é ouro, banana, cigarro ou simplesmente papeizinhos. Dado q as novas emissões sirvam p/ saciar demandas por moeda dos agentes economicos (seja lá o q é essa moeda), ela será produtiva, ela fornecerá um serviço (enfim, fornecerá utilidade, um bem etc..) pro consumidor. A situação é diferente se vc começa a ter inflação de preços (nesse caso, o emissor da moeda está cobrando mais e piorando (do pto de vista do consumidor) o serviço "moeda" fornecido)\r
  • Tiago Moraes  09/05/2012 21:32
    Claro que existe seu tapado.

    A moeda em si não tem valor algum, o valor está em seu poder de compra como meio universal de troca (sua utilidade).A oferta e procura por uma moeda commoditie será bem mais estável, pois dado o seu caráter de expansão constante, o comportamento dos consumidores em relação a preferência por liquidez, será definido pelas variações do crescimento da produção e disponibilidade de bens e serviços. Tendo em vista que um aumento da oferta de bens e serviços, supondo uma oferta monetária constante, nós então teríamos um ganho contínuo no poder de compra da moeda, o que por sua vez atenuaria bastante, qualquer tendência macro de demandar um maior volume de moeda, visto que neste cenário é possível se adquirir mais bens com a mesma quantidade de moeda.

    Com a moeda de curso forçado, a coisa muda de figura, os agentes econômicos passam a demandar um produto, cuja utilidade é artificialmente manipulada pelo órgão emissor. Você adquire um bem por um valor e este será alterado sem que você perceba, um verdadeiro estelionato contínuo, destruindo uma das características utilitaristas da moeda, que é o fato dela em teoria também ser reserva de valor.

    Outra coisa, a sociedade demanda mais moeda, quando o poder de compra desta é reduzido e sabemos que isso ocorre quando o Estado inflaciona, por tanto, a tese em que o BC expande a oferta de moeda visando atender a demandas por moeda é um engodo. Na verdade ocorre o inverso, a demanda por moeda aumenta porque o Estado inflaciona e não o contrário.
  • Sidney  10/05/2012 06:55
    qq bem tem valor devido a sua "utilidade" (não só moeda)... e não tem absolutamente nada q diga q saciar uma demamnda maior por um bem (inclusive moeda) é melhor (do pto de vista economico, de eficiencia) via preço, via quantidade ou um misto das duas coisas (que é o q ocorre na maioria dos casos). Isso vai depender dos custos das duas alternativas, logo, todo o seu blablabla sobre a deflação contribuir p/ mabter a demanda por moeda relativamente estavel é completamente irrelevante p/ questão (aliás, estaria ocorrendo deflação, pq a quantidade demandada por moeda aumentou por algum motivo - q não vem ao caso - e a quantidade ofertada de moeda não aumentou)




  • Tiago Moraes  13/05/2012 11:27
    Cara, o que você escreveu é mixordia completamente sem sentido.
    Irrelevante foi sua tentativa frustrada de refutação. Serei mais claro; se a oferta monetária for constante, um aumento da produtividade fará com que o nível geral de preços caia, afinal não houve um aumento correspondente na quantidade de moeda, logo não há motivo algum para se haver um aumento da demanda por moeda, pois em uma ambiente deflacionário, a mesma quantidade de moeda, passa a poder comprar cada vez mais bens e serviços. A economia japonesa é um exemplo prático disso, os jornalistas do Bloomberg ficaram estupefatos com a enorme popularidade que a deflação tem no país. Agora, imaginando o cenário oposto, quando o Estado expande a oferta monetária a um volume superior ao da produtividade da economia, nós temos um cenário de aumento do nível geral de preços. Neste caso sim haverá um aumento da demanda por moeda, porque a mesma quantidade de moeda, quando há inflação, passa a continuamente comprar cada vez menos bens, por conta do aumento do nível geral de preços.

    Conclusão: A tua afirmação, de que o Estado inflaciona visando atender a um provável aumento de demanda por moeda, é um engodo, uma mentira deslavada. Porque o Estado não inflaciona visando atender essa tal preferência por liquidez, até porque nenhum economista é capaz de quantificar a demanda por moeda de toda uma economia nacional, a não ser que ele seja um Deus. Na verdade é a inflação que faz a demanda por moeda aumentar, por conta da perda do seu poder de compra.
  • Thyago  09/05/2012 09:01
    O texto é esclarecedor...

    A frase final do Mises é ótima também! Bom artigo.
  • Diego  09/05/2012 10:03
    Leandro qual é o problema com o IPCA? Como você apontou no artigo "Observações sobre a economia brasileira" o M1 diminuiu até dez/11 e voltou a aumentar em 2012, enquanto o IPCA subiu a partir de de jul/11 se manteve relativamente estável até fev/12, quando caiu novamente e agora voltou a acelerar?

    g1.globo.com/economia/noticia/2012/05/inflacao-oficial-acelera-para-064-em-abril-aponta-ibge.html
  • Leandro  09/05/2012 10:26
    Está tudo explicado lá na seção de comentários deste mesmo artigo.

    A inflação de preços arrefeceu bastante nos setores de bens de capital, como explicado no artigo. Em março, no acumulado de 12 meses, o IGP-M ficou em 3,23% (estava em 11,5% no início de 2011). O IPA para produtos industriais, também no acumulado de 12 meses, ficou em 2,53% em março (foi de 9,16% em março do ano passado).

    Ou seja, nos setores sensíveis a variações na oferta monetária, os preços variaram de acordo. A questão é que, para o IPCA, além dos bens de consumo, há também a questão do setor de serviços, que não sofre de concorrência externa. Some-se a isso a recente disparada do dólar (de R$1,65 para R$1,90, com o BACEN atuando diariamente no mercado, às vezes fazendo até dois leilões de compra por dia), e realmente não há por que o IPCA arrefecer muito.

    Se a taxa de inflação de preços se mantiver neste patamar, e a oferta monetária continuar restringida (como vem acontecendo), alguém terá de ceder. Inevitavelmente.

    Agora, vale ressaltar que, dos 0,64% do IPCA de abril, 0,24pp foram de cigarro, remédio e empregadas domésticas. Sem estes itens, seria de 0,40%, o menor valor para o mês de abril desde há muito. Ademais, com a forte desvalorização cambial vista recentemente, é bem possível que os próximos IPCAs venham bem aditivados.
  • Gustavo Sauer.  09/05/2012 10:03
    Logo no inicio do debate entre Ron Paul e Paul Krugman há uma discussão sobre política monetária que toca em alguns assuntos relacionados ao artigo em questão (infelizmente, sem legendas):



    Ouvir o Krugman defendendo a existência do banco central é patético. Uma contradição após a outra. Um trecho logo no início:

    "You can't leave the government out of the monetary policy [...] the government is actually always... the FED, the central bank, is always going to be in the business of managing monetary policy. If you think that you can avoid that, you are living in some... you living in a world as it was a 150 years ago. We have an economy in which money is not just green pieces of paper with faces of dead presidents on them [...] Look, history tells us that, in fact, a complete unmanaged economy is subject to extreme volatility, subject to extreme downturns. I know that there is this legend that people, like, probably you congressman, have, that the great depression was somehow caused by government, caused by the FED, but is not true. The reality is that was a market economy running amok. Which happens. Happened repeatedly over the past couple of centuries. [...] I'm actually a believer in the market economy. I'm a believer in capitalism. I want the market economy to be left as free as it can be, but there are limits. We do need the government to step in to stabilize. Depressions are a bad thing for capitalism and is the role of the government to make sure that they don't happen, or if they do happen, they don't last too long"

    Ou seja, segundo Krugman, devemos aceitar o FED porque ele existe. Querer questionar a sua existência é querer voltar no tempo, querer viver num mundo da fantasia. Eu acho engraçado essa mentalidade. É uma visão progressivista que acredita que tudo que acontece no presente é uma evolução em relação ao passado. Como se o tempo por si só fosse conduzir a humanidade para um progresso invevitável.

    O próprio Krugman consegue atirar no próprio pé tantas vezes nesse debate. Ron Paul poderia apenas ter demonstrado como tudo que o Krugman falou era mentira e contraditório.

    Eu espero que o debate do Krugman com o Bob Murphy realmente aconteça. Se Krugman usar esses argumentos, vai ser humilhado em rede internacional.
  • Lucio  09/05/2012 10:32
    Olá Leandro,

    Quais os principais indicadores que você costuma observar para tentar identificar os momentos de alta e de baixa do mercado financeiro? onde posso encontra-los?

    Amplexos!

  • Leandro  09/05/2012 11:13
    Lúcio, esta não é minha área de interesse, mas mantenho. que o melhor indicador disponível para o IBOV continua sendo a oferta monetária -- embora a correlação possua uma defasagem bem variável -- em conjunto com a entrada de capitais externos.  Veja neste site um gráfico mostrando a variação do IBOV e do investimento estrangeiro na bolsa.  Quando a bolsa cai é porque ou o M1 caiu ou o investimento estrangeiro. caiu.  E quando ela sobe, ou o M1 subiu ou o IE subiu. Recentemente, o IBOV subiu com o M1 plano e com o IE subindo.  A correlação foi visualmente bem próxima.

    www.bolsafinanceira.com/fluxo-de-capital

    Abraços!
  • empreendedores  05/11/2012 06:53
    lEANDRO,
    Primeiro meus parabens, como sempre. Em segundo, uma dúvida em relação ao gráfico: a coluna da esquerda demonstra O numero de pontos do ibovespa?, e o que demonstra a da direita (participação em volume financeiro?).
    P.s.: POR MOTIVOS OBVIOS, PERGUNTO NOVAMENTE COMO POSSO CONTRIBUIR P/ O MISES INSTITUTE SEM SER VIA INTERNET???
    AB e SUCESSO
    VOCÊS (APESAR DA VERDADE SER DURA) AINDA ME DEIXAM COM ESPERANÇA...
  • Leandro  05/11/2012 10:00
    Correto. Representa, mais especificamente, o fluxo de capital.

    Quanto às doações, já lhe mandamos um email a respeito (ainda naquela data). Por gentileza, tenha a bondade de entrar em contato com fernando@mises.org.br . Ele pode lhe explicar melhor.

    Grande abraço!
  • Carlos Costa Cruz   09/05/2012 13:24
    Quero lembrar que o que foi dito sobre a diluição das moedas, num Brasil bem recente
    tivemos algo parecido, até uma certa data em que não se falava de inflação as nossas notas tinham impressos logo abaixo da figura de face ¨VALOR RECEBIDO¨OU SEJA O VALOR CORRESPONDIA EM OURO O QUE VALIA A NOTA, TEMPOS DEPOIS AS NOTAS TINHAM ¨VALOR LEGAL¨FOI QUANDO COMEÇAMOS A OUVIR FALAR DE INFLAÇÃO.
    ABRAÇO
  • Diego  09/05/2012 15:59
    Economistas comentam pacote de austeridade:
    exame.abril.com.br/economia/noticias/6-economistas-e-um-diagnostico-austeridade-nao-salvara-a-grecia?p=1#link

    Destaque para o Maílson:
    "O ideal é gastar mais agora, sinalizando que lá na frente a dívida cai como proporção do PIB e o déficit público também. Como fazer isso, tem que ter muita arte. Eu, sinceramente, não sei como faz".
    O cara me dá uma sugestão que nem ele sabe como implementar.

    Até quando será que a Alemanha consegue segurar o rojão?
  • Miguel  09/05/2012 17:57
    6 economistas, 15 parágrafos, não sei quantas linhas...e a palavra empreendedor não aparece uma só vez.


    E esse Belluzo não é o ex-presidente do Palmeiras que explodiu a dívida do clube?
  • Diego  09/05/2012 19:27
    Esse mesmo. Aplicou a cartilha keynesiano no clube e o resultado foram dívidas enormes e nenhum título. E agora a nova diretoria que se vire para pagar a dívida e montar um time.
  • Carlos Araujo  09/05/2012 19:35
    Esse Maílson não é aquele que estava presente no "Era pra ta funcionando! Não to entendendo o que se passa..."?!

    E Diego, naquele sua questão sobre emprestar 100,00 reais em uma economia deflacionária, você esqueceu de levar em consideração a preferência temporal de que tomou dinheiro emprestado.

    Por exemplo, no setor de eletrônicos, é notável a deflação ao longo do tempo. Quando você compra um notebook por exemplo, sabendo que daqui 6 meses ele estará 10% mais barato, você está exercendo sua preferência temporal de ter o produto agora, ao invés de esperar ele baratear.
  • Tiago Moraes  09/05/2012 21:48
    O PIB não mede crescimento econômico, mensura apenas o consumo agregado da economia, como esses keynesianos associam crescimento ao consumo, eles concluem equivocadamente que PIB = Crescimento. Como a equação parte da soma do consumo, do investimento, do gasto público e do saldo em balança comercial, supondo todas as variáveis constantes, um aumento da variável "gasto público" irá implicar em resultado positivo na fórmula, é por isso que essa gente recomenda o aumento do gasto público como solução.
  • Carlos Araujo  09/05/2012 16:30
    UHAHUAUHA Porra que coincidência, estava voltando agora do trabalho e pensando comigo mesmo que inflação não é aumento de preços, e sim aumento ta oferta monetária. O artigo veio bem a calhar.
  • Sergio  10/05/2012 06:30
    Parabéns pela publicação deste artigo. Ele é muito esclarecedor. A tradução e os comentários de Leandro Roque são igualmente excelentes. Descobri o Mises há pouco mais de 3 meses e desde então tenho frequentado o site pelo menos 3 vezes por semana. Um abraço.
  • Leandro  10/05/2012 06:50
    A frequência ainda está muita baixa, Sergio. Tem de ser todos os dias, pois você tem 4 anos de atraso para tirar...

    Obrigado pelas palavras e grande abraço!
  • BSJ  10/05/2012 10:16
    Lendro Roque & cia.

    Vendo esta série animada sobre como os bancos criam dinheiro através de dívidas:
    www.youtube.com/watch?v=71_uFpZ7n6o
    Eu tenho uma pergunta: qual é exatamente (ou aproximadamente) o percentual entre dinheiro "fictício" e dinheiro real (contas-corrente, poupança) de pessoas e empresas no nosso país?
  • Leandro  10/05/2012 11:23
    Prezado BSJ, dados de abril:

    Dinheiro físico total (cédulas e moedas metálicas totais): R$147,5 bilhões

    Deste total, R$121,6 bilhões estão em posse de pessoas e empresas, e R$26 bilhões estão nos cofres dos bancos.

    Depósitos em conta-corrente: R$141,5 bilhões. (Este valor é lastreado pelos R$26 bilhões em cédulas e moedas metálicas nos cofres dos bancos mais R$42 bilhões em reservas bancárias (dinheiro eletrônico) que os bancos mantêm compulsoriamente depositados no BACEN)

    Depósitos em poupança (valores de final de março): R$ 425,1 bilhões.
  • Roberto Maia  10/05/2012 11:34
    E a onda de alavancagem continua:


    www1.folha.uol.com.br/mercado/1088333-caixa-reduz-juros-para-carro-novo-material-de-construcao-e-empresas.shtml
  • José Ricardo das Chagas Monteiro  10/05/2012 13:05
    Saudações,o citado truque-semântico acontece quando se define inflação curtamente,ou seja, faltando completar a difinição com:provenientes do excesso de poder de compra da massa dos consumidores em relação à quantidade de bens e serviços postos à sua disposição.Acontece que o estado(sic)- maior perdulário,monopolista do meio-fiduciário - é um ditador benfeitor, preferiria um outro tipo de ditador.
  • Sergio Andrade  11/05/2012 05:50
    Um erro comum é o de dar uma importância excessiva ao preço em uma analise econômica. Na minha opinião, o motivo disso é a mentalidade dominante de que o dinheiro é a medida para todas as coisas e que por isso o preço em dinheiro dos bens em geral é o fator que determina o quão boa está uma economia. Em uma economia onde a moeda usada é um bem de valor, isso seria visto mais claramente, pois seria bem mais fácil entender que o dinheiro é apenas mais um bem que foi escolhido para ser usado como dinheiro.
    Se imaginarmos uma economia A onde exista 10 vezes mais comida e também 10 vezes mais ouro que em outra economia B e similar em todos os outros aspectos, observaremos que os preços da comida em ouro serão o mesmo em ambas as situações, e dos outros bens em ouro será maior na economia A, porém é obvio que a economia A é muito mais rica que a B.
    Toda essa confusão surge ao superestimar a importância do dinheiro, como se toneladas de papeis nas mãos das pessoas fosse por mágica fazer com que surgisse riqueza em abundancia para elas.
  • Marcela A.  15/05/2012 22:22
    Leandro, deixe-me ver se eu entendi bem. Sou leiga...

    Inflação, então, seria o aumento da oferta monetária através de fraudes(diluição do ouro nos tempos antigos ou impressão de papel moeda nos tempos atuais), uma vez que esse 'dinheiro' surgiu do 'nada'(falcatruas dos reis, bancos centrais etc), mas será usado para consumir bens escassos e privar outras pessoas que realmente produzem de consumí-los? Ou seja, esses caras consomem, mas não produzem nada em troca, em outras palavras, são parasitas da sociedade...

    Sendo assim, um aumento da produtividade do ouro no caso do João não pode ser considerado inflação, pois o ouro tem alguma serventia afinal(hj em dia, então...), além de ser moeda de troca. Ou seja, o ouro tem alguma outra finalidade e seu aumento agrega algo a sociedade, mas a moeda papel não, por isso um aumento desta é considerado inflação.

    Mas então qualquer aumento na oferta de dinheiro no sistema atual é algo maléfico? Pq eu não consigo ver qualquer utilidade nessas cédulas coloridas além de utilizá-las como moeda de troca. Se amanhã todos acordarem decidindo usar pedrinhas de aquário como moeda, eu não tenho a menor idéia do que pode ser feito com essas notas. Por outro lado, manter uma quantia fixa de dinheiro na economia não seria prejudicial também? Pois veja, o tempo todo novos bens e serviços são criados, nascem mais pessoas, mais pessoas entram na econômia, outras se aposentam, mas continuam recebendo dinheiro etc... não iria 'faltar' dinheiro?


    E esse outro parágrafo me deixou em dúvida. Vc disse:

    'A renda real dos indivíduos geradores de riqueza irá cair não por causa do aumento generalizado dos preços, mas sim por causa do aumento na oferta monetária. Quando a quantidade de dinheiro é expandida — isto é, o dinheiro é criado "do nada" —, os portadores deste dinheiro recém-criado adquirem a capacidade de desviar para si próprios bens e serviços sem no entanto terem feito qualquer contribuição para a produção de bens.

    Como resultado, aqueles geradores de riqueza — indivíduos que contribuíram para a produção de bens e serviços — descobrem que o poder de compra do seu dinheiro caiu, pois restaram agora menos bens disponíveis na economia — eles não mais podem demandar a mesma quantidade de bens de antes, pois estes bens não mais estão lá; já foram adquiridos pelos portadores do dinheiro recém-criado.'


    Mas o fato de haver mais moeda em circulação também não diminui seu 'valor', afinal se há aumento da oferta o 'valor' tende a cair, certo?

    Se puder responder essas questões, fico agradecida!

    Até!
  • Leandro  16/05/2012 05:12
    Marcela, seus primeiros parágrafos estão impecáveis.

    Quanto à "falta de dinheiro", isso não existe. Se a quantidade de dinheiro é fixa, mas bens e serviços aumentam, então a lógica econômica determina que os preços devem cair, de modo a ajustar a oferta de dinheiro com a demanda por produtos.

    Isso, aliás, é algo que ocorre hoje na indústria de tecnologia, por exemplo. A oferta de laptops, câmeras fotográficas, celulares, iPads etc. aumenta mais rapidamente que a inflação monetária, de modo que seus preços caem anualmente.

    Quanto à sua última pergunta, não entendi bem a sua dúvida, pois o que você perguntou é exatamente aquilo que foi explicado no trecho que você selecionou. Você entendeu corretamente o que o trecho quis dizer, mas aparentemente não percebeu isso.

    Abraços!
  • Diego  20/05/2012 18:59
    Hahahahaha. Fantástico, Ducktales ensinando como a inflação funciona (em inglês):
    www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=t_LWQQrpSc4
  • Augusto  21/05/2012 02:43
    Eu tenho uma edicao de 1972 do Manual do Tio Patinhas, de antes da "morte do padrao-ouro", onde ele ensina que todo o dinheiro em circulacao eh latreado por ouro mantido pelo banco central (eu acho que naquela epoca ainda era pelo banco do brasil, mas nao lembro agora), e que inflacao era quando a quantidade de dinheiro crescia em relacao ao ouro guardado.\r
    \r
    Acredito que muita gente ainda pense que funciona assim.
  • anônimo  21/05/2012 07:37
    Pq q os políticos ñ querem uma hiperinflação? E qual é a forma q os políticos aumentam os gastos señ pela inflação simples?
  • Fernanda  21/05/2012 16:56
    Lendo o artigo fiquei com uma dúvida. Você menciona que a inflação, é apenas causada por um aumento de moeda não lastreada a ouro, e o aumento insustentável da moeda, aumenta a oferta a um produto, fazendo com que o seu preço aumente. Agora, se o valor lastreado a ouro se preservar, porém, aumentar a quantidade de ouro no mercado, gerando um aumento de preços, isso não é inflação também?

    Em ambos os casos, há aumento de preço final ao consumidor, porém, no primeiro, aumentou-se apenas a moeda, e no segundo, o valor em ouro. Porém, em ambos os casos, não geram uma oferta maior de compra, ocasionando assim, um aumento do preço do produto?
  • Leandro  21/05/2012 17:00
    Prezada Fernanda, confesso enorme dificuldade em entender a sua pergunta. Teria como reformulá-la, por gentileza?
  • Fernanda  22/05/2012 06:39
    Oi Leandro, vou tentar ser mais objetiva.

    É possível ter inflação devido ao aumento de ouro em uma economia?

    Lendo o seu artigo, me parece que você atesta que a inflação acontece apenas quando há aumento de emissão de mais papéis não lastreado em ouro.

    Pergunto, pois me parece óbvio, mais dinheiro no mercado, não importando se há ou não reservas de ouro para sustentar esse aumento, há maior poder aquisitivo para as pessoas adquirirem mais bens. Aumentando a procura por bens, desencadeia aumento dos preços.

    Obrigada,
  • Leandro  22/05/2012 07:27
    Prezada Fernanda, apenas para não deixar dúvidas, o artigo não é meu.

    Quanto à questão específica da inflação, há controvérsias. Dado que o ouro precisa ser escavado, minerado e cunhado em moeda, e isto exige trabalho e capital, uma corrente austríaca que esta produção não seria inerentemente inflacionária, pois não pode ser inflacionária algo que exige investimento e capital para ser produzido.

    Logo, inflação seria todo o aumento da oferta monetária acima da produção de ouro -- por exemplo, emitindo-se certificados de ouro não lastreados por ouro.

    Já outra corrente afirma que qualquer aumento na quantidade de ouro seria inflacionária.

    Eu tendo a ficar com a primeira corrente.

    Abraços!
  • Tiago RC  22/05/2012 07:44
    "pois não pode ser inflacionária algo que exige investimento e capital para ser produzido"

    Mas tudo requer alguma quantia de capital e investimento pra ser produzido, até mesmo notas de papel... por essa definição, nada é inflacionário...

    Eu sempre entendi que a escavação de mais ouro eleva a oferta monetária (caso o ouro seja a moeda), e isso é inflação. As principais diferenças com relação ao sistema atual são:
    * O ritmo de aumento da base monetária é limitado por fatores fora do controle dos produtores de dinheiro.
    * Não há um monopólio da produção da moeda. Logo a moeda recém-criada não pode ser direcionada a um setor específico, como crédito, a não ser que todos os produtores de dinheiro entrem em conluio para tal, o que é extremamente improvável. A inflação é portanto "simples" (distribuída de maneira mais heterogênea e imprevisível).
  • Leandro  22/05/2012 07:53
    Certo, mas os gastos para se acrescentar dígitos eletrônicos em contas bancárias por meio de um computador -- exatamente a maneira como a base monetária é alterada hoje -- é nulo. Nem se compara aos volumosos investimentos necessários para a produção de ouro.

    Quanto a tudo mais que você disse, corretíssimo.
  • Eduardo  24/08/2012 14:38
    Nao sei se respondem artios mais antigos mas vale a pena tentar. Esses dias meu pofessor disse que inflaçao pode ser sim um aumento nos preços, ele deu um exemplo de um aumeo no petroleo, falando que quase todos os produtos sao derivados do petroleo e com isso um aumento no petroleo ira gerar um aumeno em quase todos os produtos e assim uma queda na renda real das pessoas. E deu outro exemplo de desastres naturais em plantaçoes e mostrou como isso afeta diversos setores. Fiquei pensando cmg e isso, mesmo no caso do petroleo, afeta apenas alguns setores espeificos, os preços desses produtos irao subir provavelmente a venda desses produtos ira cair mas havera muitos setores em que o preço se mantera estavel, aumentando a demanda por esses produtos mais baratos. No fim ninguem sai perdendo em relaçao à quantidade de produtos comprados, só havera a troca de um produto mais caro por outro mais barato. Alem disso mesmo que tenha um aumento em TODOS os setores todos irao ser prejuicados e nao apenas oa ultimos a terem esse dinheiro criado do nada nas maos. É mais ou menos por ai que funciona?
  • Leandro  24/08/2012 14:49
    Seu diagnóstico foi correto, Eduardo, mas faltou apenas um detalhe adicional. Sim, é verdade que uma crise do petróleo irá elevar os preços do produto. E é verdade também que aqueles produtos diretamente dependentes de petróleo tentarão subir seus preços. Porém -- e isso é essencial -- será impossível haver um aumento generalizado de preços caso a quantidade de dinheiro na economia permaneça constante.

    Para que haja aumento generalizado de preços, a quantidade de dinheiro na economia tem de aumentar continuamente. Caso não houvesse aumento na quantidade de dinheiro, e caso um determinado setor aumentasse seus preços, outros setores teriam inevitavelmente de diminuir os seus. Caso contrário, simplesmente não haveria demanda monetária para seus produtos.

    Ou seja, choque de preços de commodities pode gerar aumento de preços das commodities. Só. E, mesmo assim, algo temporário.

    Agora, para que este "choque" se propague para toda a economia, elevando os preços de tudo e de maneira permanente, é necessário que haja um contínuo aumento da quantidade de dinheiro na economia. Exatamente como ocorreu durante o "choque do petróleo" na década de 1970, quando o Fed americano inflacionou desvairadamente. Sem esta expansão monetária, é absolutamente impossível haver uma contínua e constante inflação de preços gerada unicamente por um "choque de commodities".

    Sugiro o artigo abaixo, bem sucinto, claro e direto:

    www.mises.org.br/Article.aspx?id=1296

    Abraços!
  • Henrique Joner  10/06/2015 05:20
    Caros, para ilustrar trago o trecho do clássico De Monetae Mutatione de Juan de Mariana:

    Se um rei entrar num celeiro e apreender metade dos grãos do verdadeiro proprietário e para compensá-lo, autoriza-o a vender esta outra metade pelo valor referente a totalidade dos grãos antes da sua apreensão, ninguém perdoaria tal ato, mas esse era exatamente o caso da velha moeda de cobre. [...] Seria correto o rei triplicar, através de lei, o valor das roupas de lã e de seda do montante atual, e enquanto o proprietário fica com um terço para si, dá o restante para o rei? Quem aprovaria isso? Bom, isso é exatamente a mesma coisa que está ocorrendo com o cobre agora. As últimas moedas cunhadas recentemente têm menos de 1 terço do valor. A população usa 1 terço e o rei usa o resto. Estas ações, claro, não tem espaço em outros bens comercializados. Elas acontecem de fato quanto ao dinheiro, porque o rei tem mais poder sobre o dinheiro do que sobre todas as outras coisas.

    Abraço.
  • Blackthorne  09/04/2017 02:11
    Estamos em 2017 e acho que a realidade responde sua pergunta sem mais margens para dúvidas!
  • david ferreira diniz  10/04/2021 17:04
    Li no livro do Blanchard que apesar da "neutralidade da moeda", " uma política monetária expansionista pode,por exemplo, ajudar a economia a sair da recessão e retornar mais rápido a seu nível natural." Confesso que esse assunto é um tanto complexo!
  • Vladimir  10/04/2021 23:23
    Não. Expansão monetária, além de aumentar artificialmente a desigualdade econômica (veja aqui), ainda causa uma falsificação do cálculo econômico. E é essa falsificação do cálculo econômico que esses economistas convencionais confundem com crescimento econômico.

    Há vários artigos sobre isso no site, mas um que faz uma explicação bastante sucinta e ainda assim completa é este (na parte final dele):

    www.mises.org.br/article/3326/a-existencia-do-dinheiro-e-o-que-permite-o-desenvolvimento-e-o-progresso-da-civilizacao-


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