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Agronegócio

Paolinelli está oficialmente na disputa pelo prêmio Nobel da Paz 2021

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Alysson Paolinelli | Crédito: Abramilho
Alysson Paolinelli | Crédito: Abramilho

O ex-ministro da Agricultura, o mineiro Alysson Paolinelli, também reconhecido como o “pai” da agricultura tropical sustentável que transformou o Brasil em uma potência agroalimentar global, foi oficialmente indicado para o Prêmio Nobel da Paz 2021 e teve o nome aceito pelo comitê do prêmio na última sexta-feira (22). A expectativa com a indicação, além de reconhecer a importância de Paolinelli para a agricultura brasileira, é de mostrar ao mundo que o Brasil tem um sistema de produção sustentável e que pode ser aplicado em regiões tropicais do mundo. 

Além disso, com a tecnologia desenvolvida e sem a necessidade de abrir novas áreas, o Brasil será capaz de atender à demanda mundial crescente por alimentos, contribuindo para a redução da fome, da miséria e promovendo a paz. 

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A nomeação de Paolinelli ao Prêmio Nobel da Paz 2021 foi protocolada no Conselho Norueguês do Nobel pelo diretor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), Durval Dourado Neto, que enviou um dossiê com a história do ex-ministro da Agricultura. Ao todo, instituições científicas ligadas ao agronegócio de 24 países manifestaram apoio ao pleito através de 119 cartas. As cartas representam instituições do Brasil, Estados Unidos, Argentina, Costa Rica, Canadá, China, Alemanha, Índia, entre outros.   

Até 31 de janeiro, o comitê receberá indicações ao Prêmio Nobel da Paz deste ano. Entre fevereiro e março, o comitê norueguês, composto por cinco membros, fará uma pré-seleção dos indicados. A partir dessa seleção, será feita uma análise aprofundada das indicações que vai até setembro, quando o comitê se reúne e delibera os ganhadores ou ganhador. A divulgação do resultado será em dezembro. 

Campanha – De acordo com o ex-ministro da Agricultura, coordenador do Centro de Agronegócio na Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas e embaixador especial da FAO para as Cooperativas, Roberto Rodrigues, ao longo de 2021, será desenvolvido um grande trabalho para divulgar a história e a importância de Alysson Paolinelli para o desenvolvimento agrícola e promoção da paz mundial. 

Serão realizados seminários e reuniões com lideranças norueguesas. Também foi lançado um site (http://paolinelli-nobelpeaceprize2021.com) reunindo a história e o legado de Paolinelli. Está previsto ainda o lançamento de um livro com toda a obra do mineiro. 

“O agronegócio do Brasil representa, hoje, uma mudança fundamental no agro mundial. Até a década de 70, éramos importadores de alimentos e, com o trabalho de Paolinelli, de lá pra cá, essa situação mudou e passamos a exportar. O Alysson Paolinelli é o ‘pai’ da agricultura brasileira. Na minha visão, ele é o maior brasileiro vivo”, diz Rodrigues.   

O diretor da Esalq/USP, Durval Dourado Neto, responsável pelo envio do dossiê ao comitê do prêmio, ressalta a importância do legado de Paolinelli para a autossuficiência brasileira em relação à alimentação interna e às exportações. 

Projeto Biomas – Além disso, os trabalhos continuam com o objetivo futuro de atender a uma população crescente. A tecnologia estimulada pelos projetos desenvolvidos por Paolinelli e as ações que ainda estão sendo pensadas por ele serão fundamentais para combater a fome e garantir a paz. Paolinelli lidera, hoje, o Projeto Biomas, da USP, que procura estruturar um planejamento estratégico para prover a produção de alimentos para mais 1,12 bilhões de pessoas em 2050, de um total estimado de 9,8 bilhões no mundo, atendendo ao objetivo da FAO, no qual o Brasil deve suprir a necessidade de alimentos a 40% do aumento da população. 

“Com a produção nacional, o Brasil alimentou cerca de 1,2 bilhão de pessoas em um total de 7 bilhões de pessoas em 2016 no mundo todo e tem o papel de atender mais  1,12 bilhão de pessoas até 2050. Por isso, Alysson Paolinelli é um líder brasileiro provedor da paz em nível mundial, tanto no passado, com o desenvolvimento da agricultura sustentável no Cerrado, como no presente e futuro, liderando o Projeto Biomas”, destaca Dourado Neto.

Crédito: Divulgação
Crédito: Divulgação

Para Paolinelli, o Brasil conseguiu desenvolver uma tecnologia inédita e que permitiu a produção em regiões tropicais. Coincidentemente, segundo ele, as áreas tropicais do mundo concentram a população mais faminta e com maiores desequilíbrios, fatores motivadores de guerras quase permanentes. 

“Analisando as origens dessas guerras, os principais fatores são a fome, a falta de alimentos e a miséria, o que é horrível para o mundo. O Brasil também sofria com esse fenômeno da falta de alimentos, mas, com tecnologias, inventamos um processo produtivo que gerou a autossuficiência. Usamos a pesquisa, valorizamos as entidades de pesquisa, capacitamos os técnicos que reestruturaram a Embrapa e outras instituições e levamos novas tecnologias aos produtores. Com isso, aumentamos nossa produção e passamos a exportar”. 

Ainda segundo Paolinelli, o agronegócio brasileiro tem grande potencial para ampliar a produção sem a necessidade de abrir novas áreas e atender à população mundial, contribuindo para o combate à fome. Isso será possível com o maior uso da irrigação, permitindo uma terceira safra de grãos, e do sistema de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF), que também promove a recuperação das áreas degradadas.

Prioridade a ciência marca trajetória de indicado

Crédito: Divulgação/Faemg
Crédito: Divulgação/Faemg

Mineiro de Bambuí, nascido em 1936, Alysson Paolinelli tornou-se agrônomo em 1959 pela Escola Superior de Agronomia de Lavras (Esal), que depois se tornou Universidade Federal de Lavras (Ufla). Em 1971, assumiu a Secretaria de Agricultura de Minas Gerais, a convite do governador Rondon Pacheco, e criou incentivos e inovações tecnológicas que tornaram o Estado o maior produtor de café do Brasil. 

Devido ao trabalho desenvolvido em Minas, em 1974, foi convidado pelo presidente Ernesto Geisel e assumiu o posto de ministro da Agricultura. À frente do ministério, desenvolveu um grande trabalho para modernizar a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e promover a ocupação econômica do Cerrado brasileiro. 

O trabalho realizado por Paolinelli priorizou a ciência. Ofereceu mais de 2.000 bolsas de estudo para mestrado e doutorado nas melhores universidades de ciências agrárias do mundo, com a missão de trazer para o Brasil o que havia de mais moderno em pesquisa e tecnologia agrícola no planeta. O objetivo era expandir a agricultura de modo acelerado, para reduzir importações de alimentos e atingir a autossuficiência. A formação dos técnicos permitiu o avanço nas universidades, institutos e demais entidades ligadas às pesquisas agropecuárias no País. 

Após deixar o Ministério da Agricultura, ainda exerceu cargos de destaque na vida pública brasileira. Foi presidente do Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge), deputado constituinte, presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA). 

Revolução dos grãos – Com o trabalho iniciado por Paolinelli, entre 1975 e 2020, a produção de grãos no País cresceu 6,4 vezes, passando de 39,4 milhões de toneladas para 251,9 milhões de toneladas, e a área plantada apenas dobrou de 32,8 para 65,2 milhões de hectares. Foi a maior revolução agrícola sustentável da história. 

Nas últimas duas décadas, Paolinelli continuou ativo na cena político-econômica da agricultura brasileira. É importante destacar que, em 2006, recebeu o World Food Prize, prêmio internacional e conceituado como um “Nobel da Alimentação”. 

Em 2010, foi escolhido presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), em momento preparatório à transformação do Brasil em grande exportador do grão. 

Hoje é presidente do Fórum do Futuro, iniciativa voltada ao debate sobre desenvolvimento sustentável – com foco em ciência, pesquisa, inovação e tecnologia. 

Em 2019, foi nomeado Embaixador da Boa Vontade do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e ainda se tornou titular da Cátedra Luiz de Queiroz (Esalq-USP), cadeira voltada a personalidades de notório saber. (MV com informações da Esalq-USP e http://paolinelli-nobelpeaceprize2021.com)

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