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Morte de idosos por covid-19 melhora contas da Previdência, teria dito chefe da Susep

Fala teria sido dita em reunião fechada em março da qual participou o epidemiologista Julio Croda, que integrava equipe do Ministério da Saúde. Ele relatou a frase ao Estadão; outras três fontes confirmaram

Julia Lindner e Mateus Vargas, O Estado de S.Paulo

28 de maio de 2020 | 16h54

BRASÍLIA - No dia 17 de março, quando o País sentia os primeiros impactos do novo coronavírus, a superintendente da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Solange Vieira, teria dito e a integrantes do Ministério da Saúde, segundo relatos, que a concentração da doença principalmente em idosos poderia ser positiva para melhorar o desempenho econômico do Brasil ao reduzir o rombo nas contas da Previdência

Novas regras da Susep devem aumentar necessidade de capital entre seguradoras, diz Moody
A informação foi dada pelo epidemiologista Julio Croda ao Estadão e confirmada por outras três fontes Foto: Fabio Motta/Estadão

A fala foi dita em reunião fechada da qual participou o epidemiologista Julio Croda, então chefe do departamento de imunização e doenças transmissíveis do ministério, e outros integrantes da pasta. Ele confirmou ao Estadão o teor da fala. 

A informação foi confirmada por outros dois integrantes do Ministério da Saúde, sob condição de anonimato, que participaram do encontro, e por outra fonte que afirmou ter tido conhecimento da fala por colegas. A economista nega e diz que defende o direito à vida e à saúde para todos.

Aliada do , a superintendente foi convidada pelo então ministro da Saúde, , para uma reunião com a equipe técnica da pasta.

Segundo Croda, Solange afirmou: "É bom que as mortes se concentrem entre os idosos. Isso vai melhorar nosso desempenho econômico, pois reduzirá nosso déficit previdenciário". A fala foi inicialmente divulgada em reportagem da agência Reuters.

Outra fonte que presenciou a declaração contou que Solange falou a frase "em alto e bom som", o que foi ouvido por "muita gente na sala". Ainda de acordo com o relato de um integrante do Ministério da Saúde, a superintendente da Susep passou a "visão econômica" sobre o tema e deixou "todos estarrecidos". Uma terceira pessoa que estava no encontro disse que o relato de Croda foi preciso. "Foi exatamente assim", confirmou.

Em nota, a assessoria de imprensa da Susep, que é subordinada ao Ministério da Economia, disse que as declarações de Julio Croda atribuídas a Solange Vieira são "improcedentes". Segundo o texto, Solange foi ao Ministério da Saúde para "contribuir com os modelos de projeção decorrente da pandemia de covid-19 utilizados por aquela pasta".

Ainda de acordo com a nota da Susep, "na ocasião, foram observados os cenários apresentados e seus impactos, com foco sempre na preservação de vidas". "A economista declara seu repúdio a toda e qualquer ilação que impute a alguma análise proferida juízo de valor em sentido contrário ao direito à vida e à saúde para todos, de qualquer idade, a qualquer tempo.  Medidas legais cabíveis sobre o assunto estão sendo analisadas."

Desde o início da pandemia, o rechaçou a estratégia desenhada pelo Ministério da Saúde com foco no(OMS). 

No fim de março, Bolsonaro afirmou que , ao falar sobre o tema. Desde então, dois ministros da Saúde, Mandetta e o oncologista Nelson Teich, deixaram o cargo.

Esta semana, após deixar a função de secretário de Vigilância em Saúde, o enfermeiro e epidemiologista despediu-se com recados à interferência do Palácio do Planalto sobre a estratégia da pasta de enfrentamento da covid-19. 

e ampliava a capacidade de atendimentos e diagnóstico. No entanto, "no meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho", escreveu, reproduzindo trecho de poema de Carlos Drummond de Andrade.

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Mercados internacionais fecham mistos após decisão do banco central americano

Apesar da notícia positiva, que veio somente quando os mercados de Ásia e Europa já estavam fechados, alguns índices realizaram lucros nesta quinta

Redação, O Estado de S.Paulo

29 de abril de 2021 | 17h30

Os principais índices do exterior fecharam mistos nesta quinta-feira, 29, realizando lucros, após o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sinalizar que não tem pressa de começar a apertar sua política monetária e também com o anúncio de um novo plano de estímulos trilionário pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

Ontem, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que ainda não é hora de começar a falar sobre a retirada dos agressivos estímulos que o BC americano adotou desde o ano passado, em reação à pandemia de covid-19. Como se previa, o Fed deixou sua política monetária inalterada, com os juros da economia americana entre 0% e 0,25%. A notícia, muito esperada pelo mercado, veio apenas quando as Bolsas da Europa e Ásia já estavam fechadas.

Biden, por sua vez, anunciou um plano de US$ 1,8 trilhão voltado para as famílias dos EUA, em discurso feito no Congresso americano ontem à noite, após ter garantido a aprovação de um pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão no mês passado. Além disso, a primeira leitura do Produto Interno Bruto (PIB) americano mostrou uma taxa anualizada de 6,4% nos três primeiros meses do ano, número apenas 1% abaixo dos níveis pré-crise.

Na agenda de indicadores, o índice de sentimento econômico da zona do euro avançou para 110,3 pontos em abril, retomando o nível anterior à pandemia de covid-19. Entre discursos de autoridades, o vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, afirmou que a situação econômica da zona do euro no primeiro trimestre pode ter sido pior do que o esperado pela entidade, ainda sob efeitos da pandemia e a lenta vacinação no continente.

Bolsas de Nova York

Apesar de caírem pontualmente ao longo do dia, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq fecharam com ganhos de 0,72%, 0,68% e 0,22% cada em Nova York, com o S&P 500 batendo novo recorde histórico de fechamento.

A alta no rendimento dos títulos do Tesouro americano também afetaram os negócios em determinado momento do dia. Hoje, o rendimento do papel com vencimento para dez anos subiu 1,614%, enquanto o de trinta anos avançou 2,300%.

Bolsas da Ásia

Os índices chineses de Xangai e Shenzhen subiram 0,52% e 0,20% cada, enquanto a Bolsa de Hong Kong se valorizou 0,80% e a de Taiwan ficou estável. A Bolsa de Tóquio não operou devido a um feriado local e a de Seul foi na contramão, fechando em queda de 0,23%.

A Bolsa australiana também ficou no azul na Oceania, com alta de 0,25%.

Bolsas da Europa

O clima foi de queda no continente europeu, após os índices de Nova York virarem para o negativo em determinado momento do pregão. O índice Stoxx 600, que concentra as principais empresas da região, fechou em queda de 0,26%, enquanto a Bolsa de Londres cedeu 0,03%, a de Frankfurt teve baixa de 0,90% e a de Paris recuou 0,07%.

A Bolsa de Milão cedeu 0,74%, mas os índices de Madri e Lisboa foram na contramão, com altas de 0,27% e 1,31% cada.

Petróleo

Os contratos futuros de petróleo fecharam em alta hoje, com o otimismo do mercado pela retomada global, embasado em indicadores, se sobrepondo à cautela por conta do avanço da covid-19, com destaque para a Índia. O barril do WTI para junho avançou 1,80%, a US$ 65,01. O Brent para julho, por sua vez, subiu 1,90%, a US$ 68,05. /MAIARA SANTIAGO, GABRIEL CALDEIRA E SERGIO CALDAS

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