Yeda critica estudo sobre resquícios de ocupação indígena em área industrial
GRACILIANO ROCHA
da Agência Folha, em Porto Alegre
Estudo antropológico da Funai (Fundação Nacional do Índio) sobre indícios de ocupação indígena em uma área industrial de 970 hectares reacendeu uma das mais renhidas brigas políticas do Rio Grande do Sul.
A "área da Ford", como é popularmente chamado o terreno, evoca a instalação da montadora na cidade de Guaíba (região metropolitana de Porto Alegre), frustrada em 2000 quando o Estado era governado por Olívio Dutra (PT).
A desistência da Ford, que prometia mais de 2.000 empregos, se tornou um passivo político pelo qual os petistas são fustigados nas disputas estaduais. A fábrica foi para a Bahia.
Autorizado por portaria de agosto de 2009, o estudo da Funai ressuscitou a polêmica porque a governadora Yeda Crusius (PSDB) anunciou, em março, a criação de distrito industrial e a previsão de investimentos de R$ 650 milhões para erguer fábricas no terreno.
A confirmação da existência de vestígios de ocupação guarani no local é o primeiro passo para a criação de reserva.
Em seu blog, a tucana, pré-candidata à reeleição, atacou o PT, por "expulsar" investimentos, e a Funai, por criar "insegurança jurídica".
"Os mesmos de sempre, que conhecemos quando governaram", escreveu a governadora sobre os petistas, "voltam a assombrar as perspectivas que o Rio Grande tem [...]".
O prefeito de Guaíba, Henrique Tavares (PTB), se diz revoltado por ter recebido um pedido de informações da Funai um dia depois do anúncio dos investimentos. "Parece brincadeira. Em Belo Monte tem índio, aqui nunca tivemos."
O coordenador da Funai em Porto Alegre, João Maurício Farias, culpa o período de pré-campanha pela polêmica. Segundo ele, a área de Guaíba não é a única analisada.
"Essa tensão só existe por causa do momento eleitoral. O estudo ainda nem foi finalizado. Tem gente dizendo inverdades", declarou.
O pré-candidato ao governo Tarso Genro (PT) não comentou declarações de Yeda.
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